Curso capacita extrativistas para coleta de sementes na Floresta Nacional do Tapajós

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Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria e o Laboratório de Sementes Florestais-LASF da UFOPA capacitaram comunitários da Flona  Tapajós e do Território Indígena Munduruku para a coleta de sementes, visando o fortalecimento e a geração de renda de forma sustentável. A atividade foi realizada com apoio da Good Energies Foundation e Fundo Amazônia/BNDS

Um acordo de cooperação técnica firmado entre o Laboratório de Sementes Florestais-LASF da UFOPA e o Projeto Saúde e Alegria com o objetivo de melhorar a cadeia produtiva e a restauração florestal na região. Através do convênio, as instituições têm realizado ações para beneficiar populações tradicionais da Floresta Nacional do Tapajós e territórios indígenas, buscando gerar renda e manter a floresta em pé.

Populações tradicionais da Floresta Nacional do Tapajós e territórios indígenas participaram do curso de capacitação. Fotos: Soliane Maria/PSA.

No período de 27 a 29 de junho, um curso para coleta de sementes abordou a importância ecológica, econômica e social das sementes florestais. Além de teoria, a capacitação implementou ações práticas com a marcação de matrizes, coleta de sementes, utilização de equipamentos de coleta em incursões na floresta.

As atividades foram realizadas para comunitários da Flona e Território Indígena Munduruku e se concentraram na base do quilômetro 83. O professor Dr. da Ufopa, engenheiro florestal, e coordenador do LASF, Everton Almeida e sua equipe, atualizaram ainda os extrativistas sobre a legislação atual da coleta de sementes, qual procedimento para o cadastramento dos coletores, do laboratório, de áreas de coleta de sementes, e ressaltou o conceito da legislação junto ao Ministério da Agricultura e da Instrução Normativa do Icmbio que trata sobre coleta de sementes em unidades de conservação.

Os participantes do curso são extrativistas que praticam o manejo de espécies florestais na região há mais de vinte anos, observam as flores e frutos, e a partir do mapeamento, estimam a média de coleta e o período. Devido a experiência, conseguem identificar as árvores e conseguem ter uma noção se a safra vai ser produtiva, por exemplo, a coleta de frutos como a andiroba.

Para Maieski Fernandez da comunidade de  Pedreira, na Floresta Nacional do Tapajós, o curso de coleta de sementes florestais amplia a possibilidade de geração de renda, demonstrando outras alternativas de coletas: “Pra mim é uma grande satisfação estar fazendo parte desse trabalho que está se desenvolvendo. É bem produtivo porque temos aprendido como esse trabalho funciona para que os nossos conhecimentos possam se expandir e possamos ensinar outras pessoas” – ressalta.

A geração de renda para moradores da floresta por meio de atividades sustentáveis como a cadeia de sementes é uma das apostas do projeto que tem investido na estruturação da cadeia produtiva, desde a infraestrutura adequada para a análise das sementes. O Floresta Ativa doou com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, câmara germinadora, autoclave vertical analógica, balança centesimal, balança determinadora/medidor de umidade, balança suspensa digital, centrífuga digital, controlador digital, controlador digital de temperatura, destilador de água, estufa de esterilização e secagem, litros CS80/336, paquímetro analógico, paquímetro digital e moinho de facas.

Em 2021, o Floresta Ativa doou ao Laboratório, equipamentos para fortalecer as ações nele desenvolvidas.

Os equipamentos modernos contribuem para as atividades realizadas no laboratório que recebeu investimentos de mais de R$ 126.000,00. “Com a câmara vai ter mais pesquisa e isso é de grande valia para o território. Ganha a pesquisa, a extensão, a população que trabalha diretamente com a floresta em pé e vamos fortalecendo e estruturando dessa rede” – contou o engenheiro florestal do PSA, Steve Mcqueen.

Equipado, o Laboratório está em processo de credenciamento junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para que as sementes tenham comprovação de origem e estejam aptas à comercialização pelas populações tradicionais.

Com a demarcação das Áreas de Coleta de Sementes (ACS), será possível realizar cadastro junto ao Órgão responsável, o que permite a emissão de laudos de origem das sementes e/ou mudas, assegurando geração de renda para comunidades tradicionais. O Laboratório realiza coletas de sementes seguindo um cronograma para espécies do verão e inverno e promove capacitações para os coletores (moradores de áreas da coleta) para que saibam como realizar as coletas.

Com o apoio do Laboratório de Sementes Florestais-LASF/UFOPA que exerce a função de sustentar a rede de sementes florestais e mudas, para criar um movimento de trabalho e fortalecimento do manejo florestal não madeireiro, o Everson Sousa da comunidade Pedreira de Belterra, sonha em beneficiar outros moradores da região: “Pra mim está sendo muito bom ter mais experiência com esse curso que está sendo muito produtivo. Daqui pra frente as comunidades que dependem das coletas do não madeireiro, vão conseguir com essas coletas um recurso a mais para o seu sustento”.

A atividade também conta com a participação de mulheres extrativistas que dependem da coleta das sementes para sustentar a família. Juliana Munduruku, da aldeia de Bragança, comentou que os conhecimentos adquiridos durante a formação vão apoiar na rotina das atividades: “Para mim foi muito gratificante porque eu pude aprender coisas novas. Eu ainda não tinha adquirido e pude adquirir esse conhecimento”.

Segundo a Engenheira Florestal Soliane Sousa, a atividade faz parte do processo de fortalecimento dos povos tradicionais: “O curso de coleta de sementes florestais foi pensado dentro da estratégia de fortalecimento das cadeias produtivas não madeireiras. Repassar novas técnicas de coleta e beneficiamento de sementes, bem como para a produção de mudas, pode contribuir para o aperfeiçoamento dos processos que já são realizados pelos povos tradicionais. E com o melhoramento das técnicas eles podem alcançar outros mercados e consequentemente aumentar a renda extraída da floresta sem precisar desmatar, e ainda contribuir para o reflorestamento de outras áreas, já degradadas”.

Durante a capacitação, extrativistas são treinados para realizar incursões na floresta, utilizando EPIS.
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