Projeto de eletrificação rural do Saúde e Alegria na Resex é objeto de estudos

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Apoiado pelo Projeto Energias Renováveis do PSA, um dos trabalhos desenvolvidos pela pesquisadora Tatiane Silva, destaca a “Implantação de SIGFI20 para eletrificação rural da comunidade Carão na RESEX Tapajós-Arapiuns”;

A santarena, estudante Tatiane Silva Costa do curso de Engenharia Física da Universidade Federal do Oeste do Pará defendeu nesta semana o Trabalho de Conclusão de Curso que analisou o dimensionamento, simulação e implantação de um sistema de eletrificação rural off-grid com sistema fotovoltaico, de acordo os padrões mínimos de atendimento estabelecidos pela ANEEL – Sistemas Individuais de Geração de Energia Elétrica com Fontes Intermitentes – SIGFI20.

Instalação de painéis fotovoltaicos em Carão na Resex Tapajós Arapiuns. Foto: arquivo pessoal.

Tatiane é graduada em Ciência e Tecnologia e Engenharia Física pela Ufopa, Mestre em engenharia elétrica na área de sistemas de energia pela UNICAMP e está cursando doutorado em engenharia elétrica pela UNICAMP na área de microrredes e sistemas de armazenamento eletroquímico. A jovem doutoranda se aproximou dos temas durante a iniciação científica em atuação de campo com o Saúde e Alegria:

“Durante a graduação tive meus primeiros contatos com a parte de energia solar e energias renováveis, isso me fez procurar em Santarém instituições que trabalhassem nessa área, com viés social. Como eu já conhecia o Saúde e Alegria desde criança, resolvi procurar o Davide Pompermaier e surgiu a oportunidade do trabalho de voluntariado”. Durante o acompanhamento das instalações surgiu o tema do seu primeiro trabalho, com ênfase nas instalações da comunidade de Carão. “Eu pude ajudar no projeto, na instalação, aquisição de equipamentos, fazer os estudos. Esse projeto originou o meu TCC pela engenharia física na Ufopa” – conta.

No mestrado, Tatiane estudou o sistema híbrido que reúne sistema fotovoltaico e o sistema de armazenamento a baterias no Centro Experimental Floresta Ativa – CEFA, que possibilita diminuição do uso de geradores a diesel, que são considerados extremamente poluentes e barulhentos.

Agora no Doutorado na Unicamp, a pesquisadora trabalha com Microredes (sistemas maiores para serem aplicados em áreas remotas). “É uma área que estudo bastante porque eu tenho um carinho muito grande porque foi onde eu aprendi um pouco, tanto sobre energia solar, quanto às unidades de conservação, as populações que vivem, me remete muito a minha origem, minha terra. Agora no doutorado, fazendo uma aplicação de uma micro-rede quem sabe junto ao PSA, de eletrificar alguma comunidade, considerando esses estudos que eu faço desde a graduação” – relata.

TCC: Implantação de SIGFI20 para eletrificação rural da comunidade Carão na RESEX Tapajós-Arapiuns”

O trabalho se propôs a dimensionar um sistema fotovoltaico para atender o SIGFI20 – sistemas individuais tem como finalidade disponibilizar mensalmente 20 kWh/mês a cada unidade consumidora para atendimento de cargas básicas como iluminação e comunicação, desenhar o projeto elétrico de instalação dos sistemas FV nas residências, simular a partir do software PVSyst a previsão do comportamento do SIGFI e apresentar a implantação dos sistemas na comunidade.

O estudo se concentrou na comunidade Carão, uma das comunidades atendidas pelo projeto de energias renováveis do PSA, que implanta projetos de sistemas fotovoltaicos para eletrificação rural, acesso à comunicação/internet, bombeamento de água, fornecimento de energia elétrica para os estabelecimentos de atendimento coletivos, como escolas e postos de saúde. Carão é composta por aproximadamente 64 pessoas que moram em 21 residências. No trabalho a autora sugere o perfil de carga utilizado nas simulações, conforme imagem abaixo.

Segundo a autora, a Amazônia abrange a maior população em áreas remotas que não são atendidas por meio do sistema interligado nacional ou por sistemas isolados e que isso se justifica por condições naturais e topográficas do local para a inserção de linhas de transmissão e distribuição e o alto custo de implantação.

A experiência demonstrativa se baseou nos problemas socioambientais ocorridos a nível mundial, com a ausência de acesso a tecnologias de energia modernas e a preço acessível para todos. Embora a meta seja expandir a infraestrutura e atualizar as tecnologias utilizadas para o fornecimento de serviços de energia até 2030, o alcance desse objetivo é lento em muitos países, como é o caso da universalização da energia elétrica no Brasil, que ainda apresenta grandes entraves para alcançar o ODS-7.

Em 2019, a estimativa era que o número de pessoas fora do sistema interligado nacional (SIN) na Amazônia Legal fosse de 990 mil habitantes. Neste mesmo ano, o Ministério de Minas e Energia anunciou que seria necessário de 7 a 10 anos para o atendimento de 72 mil famílias nesta região. Em 2020 foi lançado o programa Mais Luz para a Amazônia para promover a universalização do acesso à energia elétrica, antes disso o programa Luz para Todos era responsável por esse alcance. Esses programas são regidos pela resolução normativa no 493/2012 da ANEEL que regulamenta a instalação de Sistema Individual de Geração de Energia Elétrica com Fonte Intermitente – SIGFI e Microssistema Isolado de Geração e Distribuição de Energia Elétrica – MIGDI.

Nesse sentido, o trabalho apresentou o projeto de eletrificação rural com base no SIGFI20 na Comunidade de Carão na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns com realização do dimensionamento do sistema fotovoltaico (FV) com uso do PVSyst e a implantação do sistema em 2017,que até hoje está em operação nas unidades consumidoras.

“Eu tenho dedicado os últimos anos da minha vida, em pesquisas focadas para aplicação em áreas remotas. Que na minha visão podem ser replicadas no Brasil, região amazônica como um todo” – acrescenta.

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