Projeto Saúde e Alegria dá início às atividades da Escola de Redes Comunitárias da Amazônia 

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Promovida pelas organizações APC e Rhizomatica, a escola é parte da iniciativa global “Conectando os Desconectados”, que acontece até março de 2023

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O Projeto Saúde e Alegria deu início, no dia 03/12, às atividades da Escola de Redes Comunitárias da Amazônia. Após sete meses de pesquisa, estudo do território e seleção de especialistas e organizações, foi realizado o primeiro encontro para a elaboração do conteúdo programático da escola.

O objetivo do projeto “Conectando os Desconectados”, do qual escola é o pilar de formação e treinamento, é buscar conectar comunidades desconectadas por meio do desenvolvimento de modelos, capacidades e formas de sustentabilidade para populações com foco em assistência técnica, capacitação, assessoria para advocacy, e mobilização comunitária.

Por meio de uma metodologia de criação coletiva, o conteúdo a ser abordado com os 21 alunos de organizações em três estados da Amazônia Legal (Acre, Amazonas e Pará), começou a ser criado a partir desse primeiro encontro entre lideranças dessas comunidades e especialistas. A expectativa é que se faça um mapeamento coletivo dos temas importantes para fortalecer as redes comunitárias envolvidas e que as atividades com os alunos dessa primeira turma aconteçam de junho a dezembro de 2022.

O conselho de especialistas é formado por Beatriz Tibiriçá (Coordenadora Geral, Coletivo Digital), Georgia Nicolau (Diretora de Projetos e Parcerias Pró Comum), Jader Gama (Pesquisador – UFPA), Doriedson Almeida (Professor – UFOPA), Karina Yamamoto (Pesquisadora – USP e Jeduca), Guilherme Gitahy de Figueiredo (Profº UEA – Tefé – AM) e Carlos Afonso (Diretor Executivo – Instituto NUPEF).

As comunidades selecionadas para, num primeiro momento cocriar o programa e, depois, ter integrantes participando da formação são: no Pará, os projetos Ciência Cidadã na Aldeia Solimões e Guardiöes do Bem Viver no PAE Lago Grande – ambos no município de Santarém – e a Rede Águas do Cuidar/ Casa Preta na Ilha de Caratateua, grande Belém. No estado do Amazonas, a Aldeia Marajaí, município de Alvarães – Médio Solimões; o Grupo Formigueiro de Vila de Lindóia em Itacoatiara; e a Rede Wayuri em São Gabriel da Cachoeira. No Acre, a Aldeia Puyanawa em Mâncio Lima.

Aldeia Solimões, uma das microorganizações selecionadas, integra o Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia, utilizando o aplicativo Ictio para o monitoramento de espécies de peixes através da parceria com a Sapopema, Mopebam e PSA. Foto: Sapopema.

“O Projeto Saúde e Alegria tem uma longa trajetória na inclusão digital desde a criação da Rede Mocoronga de Comunicação Popular em 1986. Em 2008 fomos Pontão de Cultura Digital”, diz Paulo Lima, coordenador do Saúde e Alegria à frente deste projeto. “É uma alegria imensa podermos voltar com mais força a essa agenda e num momento de atualização de conceito em que ampliamos o olhar da inclusão digital para as redes comunitárias, que hoje faz muito mais sentido”.

O que são Redes Comunitárias?

As redes comunitárias são grupos organizados para realizar sonhos coletivos para o território, onde partilham conhecimentos e expressam o desejo de conquistar o direito ao uso da internet, ao acesso de tecnologias para participação social, participação em rádios comunitárias e processos formativos de comunicação.

Um dos pilares de uma Rede comunitária é o processo de gestão compartilhada em que um grupo de pessoas se organiza para debater e articular ações em torno de suas necessidades, qualidade de vida e bem estar. Nesse processo de empoderamento social e autonomia, as organizações e associações comunitárias buscam formas de integrar os membros da rede, buscando levar o acesso à informação e/ou a tecnologia para dentro da comunidade.

Criadas com o viés de um espaço democrático, as Redes comunitárias partem do princípio de respeito à liberdade e neutralidade da rede. Com uma dinâmica de participação ativa de seus membros, operam com ou sem apoio de entidades do terceiro setor, objetivando uma propriedade coletiva.

Apesar da rede possibilitar o fortalecimento de experiências locais, promover espaços de sociabilidade, engajamento ambiental e acesso à informação em processos participativos, ainda existem muitos desafios na implementação de redes comunitárias. Dentre eles:

QUESTÃO LEGAL: necessidade de instituição de lei e novos incentivos que legalizem as redes comunitárias.

ENERGIA: comunidades ribeirinhas sofrem com a dificuldade de acesso à energia, o que prejudica o uso da internet e de rádios comunitárias. Há necessidade de instalação de sistemas de energia solar.

EXCLUSÃO DIGITAL: muitas redes estão localizadas em áreas de difícil acesso, em que a conexão à internet é precária.

Guardiões do Bem Viver do PAE Lago Grande é uma das sete microorganizações confirmadas na Escola de Redes Comunitárias da Amazônia. Foto: Tapajós de Fato.

Saúde e Alegria em Desconectando os Desconectados

Em 2021 o Projeto Saúde e Alegria passou a integrar a Rede do Projeto Redes Comunitárias que busca conectar comunidades desconectadas por meio do desenvolvimento de modelos, capacidades e formas de sustentabilidade para populações da Amazônia.

O projeto visa apoiar estratégias lideradas pela comunidade para endereçar a dificuldade digital é uma iniciativa da Associação para o Progresso das Comunicações (APC) em parceria com a Rhizomatica. No Brasil, o PSA é a organização parceira no nível meso, credenciada para o desenvolvimento de redes comunitárias na região Amazônica.

Com o apoio financeiro do Programa de Acesso Digital do Governo do Reino Unido, o projeto busca desencadear soluções de conectividade mais acessíveis e inclusivas para comunidades excluídas em áreas rurais e urbanas. O projeto está em execução entre 2020/2023 e fornece assistência técnica, capacitação, assessoria para advocacy, e mobilização comunitária, focando em em cinco países prioritários: Brasil, Indonésia, Quênia, Nigéria e África do Sul.

Instalação de telecentro na comunidade São Pedro em 2010. Arquivo PSA.

O fundador da Rhizomatica, representante do conselho de Redes Locais (LocNet) Peter Bloom, explicou que com a execução do projeto, são esperados os seguintes resultados: “Aumento da capacidade e dos recursos para indivíduos, principalmente mulheres, e organizações que promovem modelos de inclusão digital capazes de proporcionar acesso a populações não conectadas ou com baixa conectividade (nível micro); fortalecimento de organizações que apóiam redes comunitárias para articular maneiras viáveis de lidar com barreiras comuns por meio de conhecimento compartilhado, plataformas compartilhadas, ação coletiva e mobilização das partes interessadas (nível meso) e criação de um ambiente político, legal e regulatório melhor para as redes comunitárias, enquanto um modelo complementar de conectividade inclusiva, na esfera macro, endereçando barreiras enfrentadas pelas organizações locais de nível micro e meso”.

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