Tecnologias adaptadas para extração do mel fortalecem meliponicultura no PA

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Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria tem realizado capacitações e fornecido infraestrutura de suporte às atividades da meliponicultura para cento e trinta e cinco famílias de dezenove comunidades em territórios do Oeste do Pará 

Produtores de mel de abelha sem ferrão na região de Santarém, no Pará, estão animados com a possibilidade de fortalecer a renda comunitária com a manutenção da floresta em pé. Uma das estratégias do Programa Floresta Ativa é apostar na cadeia da meliponicultura como atividade sustentável em duas frentes de trabalho: capacitação dos produtores, melhoria na qualidade do manejo e coleta do mel e implementação da casa do mel – onde o produtor possa entregar o produto a preço justo, explicou o coordenador de assistência técnica do PSA, Márcio Santos.

O desafio é organizar um sistema de produção que viabilize a comercialização do mel de abelha nativa no mercado formal, de maneira compatível com as características culturais, ambientais e logísticas da região. A proposta é construir coletivamente tecnologias e técnicas para a extração do mel, promovendo a segurança alimentar, conforme os padrões da vigilância.

“Temos observado os métodos tradicionais de produção e desenvolvido tecnologias sociais que sejam compatíveis com a realidade daqui. A extração é feita na comunidade e o mel será transportado em baldes para Santarém para o processamento. Estamos desenvolvendo um sistema simples e acessível de extração do mel que garanta sua qualidade, compatível com a realidade das populações tradicionais da Amazônia” – ressaltou o consultor do PSA, Jerônimo Villas Boas.

Cento e trinta e cinco famílias de dezenove comunidades em territórios do Oeste do Pará recebem assistência técnica do Projeto Floresta Ativa.

O esforço dos comunitários visa atender aos requisitos da portaria N°7554/2021 publicada no Diário Oficial do Estado em novembro de 2021, que estabeleceu critérios para qualidade para o mel de abelhas sem ferrão. A política pública estadual articulada pelo Saúde e Alegria pretende ser um reconhecimento para a atividade dos extrativistas.

O Saúde e Alegria tem apoiado os meliponicultores na formalização que permite a comercialização no mercado formal. Para isso, está sendo construída uma agroindústria onde o produto será processado, envasado e comercializado. Produtores da Resex Tapajós-Arapiuns, PAE Tapará, PAE Lago Grande e Quilombo Maria Valentina associados à Acosper, estão aprimorando as técnicas para fortalecer a atividade: “Pra nós o mel representa fonte de renda. O Projeto Floresta Ativa tem incentivado não só criar abelhas, mas criar árvores para que as abelhas possam coletar o néctar para produzir o próprio mel. Meu sonho é avançar com isso para vender em outros lugares do Brasil e exterior” – compartilhou José Dirlei da comunidade Anã, Resex.

Colmeias fabricadas por carpinteiros da Coomflona foram entregues aos meliponicultores de Santarém

A meliponicultura (manejo racional de abelhas nativas sem ferrão) é uma das atividades com grande potencial para aliar proteção à floresta e geração de oportunidades econômicas para os moradores de áreas isoladas da Amazônia. Atualmente, 135 famílias distribuídas em 19 comunidades, pertencentes aos quatro territórios, recebem a assistência técnica do projeto, manejando 1.825 colmeias de abelhas sem ferrão. A meliponicultura proporciona renda complementar significativa, demandando dedicação reduzida, ao mesmo tempo que oferece serviços ambientais relevantes na polinização de espécies vegetais nativas e de interesse agrícola. “A gente compra o mel de abelha em Santarém, enquanto a gente tem abelhas na nossa floresta” – admitiu Elcilene Sousa da Vila Gorete Rio Arapiuns, que está iniciando no manejo com muito entusiasmo.

No período de 14 a 16, técnicos do PSA visitaram as comunidades Anã e São Francisco do Arapiuns para identificar a situação de cada produção familiar e propor técnicas e tecnologias que melhor se adaptam à realidade de cada meliponicultor. “Eles são pioneiros nessa atividade. A Acosper com o Projeto Saúde e Alegria tem investido para que essa atividade seja promissora e que os comunitários permaneçam nesta região” – contou Manoel Edvaldo, presidente da Acosper.

Agroindústria para o processamento do mel

As obras para implantação do Ecocentro serão iniciadas em breve, com a Licença Prévia para instalação concedida recentemente à ACOSPER pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santarém (SEMMA). Será um espaço apropriado para o processamento e a comercialização de itens das cadeias da sociobiodiversidade, dentre eles, mel de abelha.

O Ecocentro será fundamental como polo para o processamento, beneficiamento, armazenamento, escoamento, controle de qualidade e comercialização desses produtos. Estará situado no antigo galpão da Acosper a ser revitalizado, vizinho a sede do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém na rodovia BR 163 (Santarém-Cuiabá).

Associados à Acosper, meliponicultores desejam ampliar comercialização do mel de abelha sem ferrão para novos Estados e países.

As instalações serão construídas de forma modular, com previsão de início das operações já em meados deste ano, a partir da parceria da cooperativa com o STTR, o Projeto Saúde e Alegria (PSA), o Imaflora e outras organizações.

O apoio ao Ecocentro é parte do Programa Floresta Ativa, implementado pelo PSA em parceria com as organizações da região. “Nós fazemos um trabalho de apoio à produção e incentivo ao envolvimento na estratégia coletiva dos produtores. Procuramos garantir os investimentos necessários para implantar a unidade de processamento e beneficiamento da produção, assim como a assessoria técnica para gestão da cooperativa no desenho e modelagem dos negócios” – esclareceu Davide Pompermaier, coordenador do Programa.

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