Oficina realizada na Vila de Lindoia, município de Itacoatiara no Estado do Amazonas, Am-010, Km 182, banhada pelo Rio Urubu, reuniu doze participantes associados do Grupo Formigueiro de Vila de Lindóia, de Sâo José, Colônia Nova Vida, de São Geraldo, do Rio Urubu e da Azafan. Região é a quinta de sete a receber equipe do programa internacional de formação que, no Brasil, é liderado pelo Projeto Saúde e Alegria
Sediado no interior da Amazônia, em Itacoatiara, próximo de Manaus, o Grupo Formigueiro representa associações de populações tradicionais: ribeirinhas e indígenas. Está inserido em uma área de difícil acesso à internet e telefonia celular, e se destaca por ter a festa da maior fogueira do Estado. A economia da região gira em torno do turismo, da pesca do tucunaré e da agricultura familiar.
As comunidades estão organizadas em 38 associações de bases que compõem o Grupo Formigueiro. A estrutura de organização política fortalece a luta em defesa dos direitos, dos territórios e do controle social da implementação das políticas públicas, especialmente as dos produtores rurais. A dificuldade de comunicação é um dos grandes desafios do grupo que almeja fortalecer a Rede de Comunicação local para defesa dos territórios e de propagar as suas influentes atividades colaborativas.
Formigueiro é uma das sete organizações integrantes da Escola de Redes Comunitárias da Amazônia, que no período de 16 a 17 de abril, recebeu as ações de campo do projeto. Entre veteranos e jovens lideranças, bem como os três alunos da Escola se deslocaram corajosamente de seus territórios por rios e estradas de terra para participar da oficina com o objetivo de refletir e dialogar sobre o território, mapear fortalezas, desafios e sonhos, assim como desenhar estratégias de comunicação comunitária da região.
O processo foi conduzido pelas professoras da Escola de Redes Adriane Gama e Elis Lucien, acompanhadas dos articuladores locais do Grupo Formigueiro, dois ativistas da cultura digital que se encontraram em Lindóia: Tarcísio Ferreira, parceiro do Coletivo Puraqué que atualmente trabalha como professor na Vila; e Romário Elton, ativista do Ponto de Cultura A Bruxa tá solta, Rorainópolis – RR, que retornou à sua terra para visitar a sua mãe e ao conhecer a força do Formigueiro, decidiu contribuir com o Grupo. “Nosso muito obrigado pelo aprendizado e pela generosidade. O grupo Formigueiro Polo V e as demais comunidades parceiras só tem a agradecer” – ressaltou o ativista amazônico.
Tarcísio agradeceu a equipe do PSA junto ao Grupo Formigueiro: “imensamente as pessoas que participaram das atividades porque elas vieram de lugares muito distantes. A maioria dos participantes não são da Vila, são de ramais distantes que passaram em atoleiros, da beira do rio, viajando mais de uma hora para chegar em Lindóia, em pleno feriado para participar desta oficina. Isso se deve a credibilidade que o Grupo Formigueiro tem com mais de 30 comunidades e a credibilidade do PSA em trazer para cá, no interior do Estado do Amazonas, oficinas e ainda dá continuidade a esse processo colaborativo de conhecimentos”, avalia o professor.
A oficina realizada em Vila de Lindóia, reuniu representação de comunidades do Formigueiro que refletiram sobre seus desafios e potencialidades do território, contou Adriane Gama: “Uma grande rede de comunicação comunitária a ser fortalecida e reverberada em seus espaços de trabalho na região e para outras redes. Ficamos impressionadas com tantas ações coletivas feitas por esse grupo e pela representação de atores sociais que estavam participando deste especial encontro de escuta e de muitos diálogos e reflexões de uma desafiante realidade amazônica”.
Para Daiane Marques de Sousa da comunidade São José, Colônia Nova Vida, uma das alunas do projeto, participar da formação, ampliará a participação dos povos, na rede comunitária: “É um projeto que traz muitos benefícios e conhecimento para gente levar para as nossas comunidades e é um prazer ter o projeto aqui”.
Através da metodologia usada no encontro, os participantes foram estimulados a refletir sobre suas maiores necessidades, comentou Gilson Castro: “Eu gostei muito. Foi um grande incentivo pra mim. As dinâmicas foram ótimas. É um conhecimento pra minha vida e pra nossa comunidade”.
A partir dos encontros presenciais que vão acontecer até o fim de abril nas sete comunidades participantes, o conselho da Escola de Redes Comunitárias da Amazônia irá compor a grade curricular da formação que acontece de julho a dezembro – fazem parte do Conselho sete especialistas e sete lideranças de cada organização envolvida.
Samira, Miquéias e Daiane, são os três jovens estudantes indicados pelo Grupo Formigueiro, os quais se integrarão aos 21 alunos de três estados da Amazônia Legal (Acre, Amazonas e Pará) na primeira turma da Escola de Redes Comunitárias da Amazônia. As aulas iniciam no mês de julho de 2022 a partir de conteúdos temáticos pensados coletivamente para fortalecer as redes envolvidas.