Treinamento realizado na Universidade Federal do Oeste do Pará reuniu estudantes e professores da comunidade Aracampina no rio Amazonas e aldeia Solimões no rio Tapajós. Objetivo foi testar o Foldscope Instruments (microscópio de origami) para monitorar a qualidade da água em locais de pesca
A tecnologia está cada vez mais presente na vida das novas gerações da Amazônia. Sem deixar as tradições de lado, os jovens vão adotando novas ferramentas no auxilio da proteção ao meio ambiente. Eles recebem dos pais, avós e bisavós a missão de cuidar do ecossistema e vão incorporando novas alternativas para manter a floresta de pé, combater a pesca predatória e evitar a contaminação de lagos e rios.
Um grupo de estudantes de Aracampina e da aldeia Solimões está unido para monitorar a qualidade da água nas duas regiões. Além de um grupo que já monitora o processo migratório das espécies, outro fará a coleta da água nos locais de pesca para identificar a situação do liquido nesses pontos, conforme explica colaborador voluntário, Arivan Vinente: “com a coleta das amostragens montamos as laminas para visualizar nos microscópios de origami os organismos presentes. Fizemos coleta em água de esgoto, água acumulada, do ralo do banheiro e do bebedouro… É uma novidade, uma inovação e como eles são pioneiros nisso, o empoderamento deles é muito forte” – comentou sobre a oficina que participaram na Ufopa.
Neste encontro realizado na quinta (21), os jovens testaram a experiência piloto que faz parte do programa Ciência Cidadã que propõe o uso de tecnologia como ferramenta de educação e instrumento de conservação ambiental. Para a professora da Ufopa Socorro Pena, responsável pelo projeto em Santarém, a oficina foi fundamental para a prática dos jovens: “O resultado foi super positivo. Essa experiência de trazer os jovens para a universidade para fazer analise foi muito interessante porque eles pegaram a água, fizeram análise e tiveram a experiência”.
A estratégia de promover a ciência é também um recurso importante para o desenvolvimento social e educativo dos estudantes, ressaltou o biólogo da Sapopema – Fábio Sarmento: “um marco na educação do interior porque a tecnologia ensina como utilizar para pesquisa”.
A tecnologia
A direção das escolas recebeu um Kit que Inclui ferramentas para coleta de amostras, preparação de slides e técnicas avançadas de microscopia ideal para educadores e projetos que procuram atender a grupos de exploradores.
Portátil, durável e com qualidade ótica semelhante aos microscópios convencionais (ampliação de resolução de 140X e 2mícrons), o Foldscope possibilita aos estudantes o acesso à ciência, e incentiva a exploração científica, nesse caso à populações tradicionais da Amazônia.
Além dos instrumentos, os jovens receberão um documento para auxiliar no uso do microscópio de origami: “A Sapopema está elaborando um material didático em forma de e-book para disponibilizar no nosso site e também imprimir para eles disseminarem com os colegas das escolas” – explicou Pena.
Projeto Ciência Cidadã Para Amazônia
O projeto é gerido pelo Wildlife Conservation Society (WCS) com recursos da Fundação MOOR que se propõe a apresentar solução para construir uma rede de organizações e pessoas que gerem informações sobre peixes e águas na escala da bacia, utilizando abordagem participativa e tecnologias inovadoras de baixo custo.
No Pará, as únicas comunidades integrantes da pesquisa são Aracampina e Solimões através da parceria entre Sapopema, Saúde e Alegria e WCS.
Além do microscópio, outra tecnologia utilizada para o levantamento das informações é o aplicativo Ictio que permite monitorar a captura de peixes e ajudar a compreender os padrões de migração das espécies.