O Projeto Saúde e Alegria está ampliando as suas ações em acesso à água, saneamento e energia solar em aldeias indígenas Mundurukus, nos municípios de Itaituba e Jacareacanga-PA. Iniciativa beneficia diretamente mais de 3.500 indígenas
Por meio do Projeto “Reforço da resposta COVID-19 na Região do Tapajós/PA através de reabilitação das infraestruturas de WASH nas instalações de saúde” em parceria com o UNICEF, foram reabilitadas instalações em WASH de sete Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI), que incluiu a reforma de salas, instalações hidráulicas, substituição de cisternas, esgotamento, adequações da fossas sépticas, sumidouro, pontos de higienização de mãos, troca de telhas, dedetização do forro das salas de atendimento e procedimento, instalação de filtro para tratamento de água, dentre outras. Além disso, o projeto está apoiando a implementação de sistemas de abastecimento de água em seis aldeias.
No total, considerando todas as intervenções são 3.489 pessoas beneficiadas, sendo 784 crianças de 0-10 anos, com a reabilitação de Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) e tecnologias de acesso à água/saneamento que estão sendo implementadas nas aldeias Mundurukus impactadas pelos garimpos ilegais. A ação é uma soma de esforços entre Projeto Saúde e Alegria, UNICEF, FEEPIPA, DSEI-Tapajós, WWF/Bengo, Avina, Gisela Moerau e Associação Wakoborun.
Foram indicadas por lideranças indígenas para a implementação e melhorias de sistemas de abastecimento de água as aldeias Sawré Apompo, Fazenda Tapajós, Ariramba do Kadiriri, Waró Baxé Watpu, Ariramba do Teles Pires e Kabarewun. As intervenções iniciaram em novembro de 2022 e devem se estender até março de 2023.
Pensando no fortalecimento do atendimento em saúde, sete aldeias e polos de UBSI que necessitavam de reparos urgentes foram contemplados: Praia do Índio, Sawré Muybu, CASAI Itaituba, Praia do Mangue, CASAI Jacareacanga, Restinga e Sai Cinza.
O levantamento orientou um plano de demandas para cada unidade, com a reforma de salas, instalações hidráulicas, substituição de cisternas, esgotamento, adequações da fossa séptica, sumidouro, pontos de higienização de mãos, troca de telhas, dedetização do forro das salas de atendimento e procedimento, instalação de filtro para tratamento de água, entre outras.
Foram investidos inicialmente, cerca de R$ 500.000,00 para custear os serviços de recuperação e adequação das instalações nas aldeias, incluindo a aquisição de materiais para as UBSI, explicou a coordenadora do Programa de Acesso à Água e Energias Renováveis, Jussara Batista. “O PSA foi o responsável direto pelas implementações, bem como a compra de todo o material/equipamento hidráulico e elétrico para a implementação dos sistemas de abastecimento de água e contratação de pessoa jurídica especializada em perfuração e limpeza de poços. Com a soma de esforços entre PSA, UNICEF, WWF/Bengo Avina mais recursos puderam ser captados, possibilitando que as aldeias relacionadas inicialmente pudessem ser atendidas em sua totalidade”.
A primeira obra concluída foi na Aldeia Ariramba do Kadiriri, região do Alto Tapajós. Uma alegria para os indígenas que relatam a grande incidência até então de doenças de veiculação hídrica. “Cinco anos lutando para a saúde melhorar, com um poço. A gente tinha muita dificuldade porque a água era muito suja, pegava malária, diarreia. Todo tempo pegando doença. A gente agradece muito ao PSA”, contou Edilson Krixi Munduruku, liderança comunitária.
Ter água de qualidade e Unidades Básicas de Saúde estruturadas, renovadas e revitalizadas, são investimentos essenciais para melhorar as condições sanitárias e o enfrentamento da Covid-19 e outras doenças infecciosas nas aldeias do Tapajós. Caetano Scannavino, coordenador da ONG, lembra que essas regiões são palco de conflitos e degradação: “Se a situação do saneamento já é complicada na Amazônia, nessas aldeias há o agravante dos garimpos ilegais, que contaminam as águas dos rios e afetam a saúde dos indígenas. Em pleno terceiro milênio, não podemos mais aceitar a perda de crianças por diarréias e desidratação. Que essa soma de esforços entre organizações sociais, poder público e associações indígenas desperte um movimento pela vida nessa região, pelo direito à água de qualidade pras tantas outras aldeias que precisam.”
A iniciativa integra o projeto desenvolvido pelo UNICEF em quatro estados da Amazônia Legal Brasileira: Pará, Amazonas, Roraima e Maranhão, cujo objetivo foi mitigar os impactos primários e secundários deixados pela pandemia da covid-19 em comunidades indígenas. O especialista em saúde do Unicef na Amazônia Brasileira, Antônio Carlos Cabral, ressaltou que para atingir o maior número de populações tradicionais, a instituição contou com o apoio da União Europeia e parceria de organizações públicas e Organizações da Sociedade Civil. “Foi um grande trabalho coletivo para melhorar a qualidade de vida dos povos indígenas e aliviar o sofrimento em cinco eixos: nutrição, produzir saúde mental, melhorar acesso e qualidade da água, saneamento e higiene, fortalecimento da medicina tradicional e formação de jovens comunicadores indígenas para atuação comunitária”, conta.