Barco Hospital Abaré realiza atendimentos em comunidades do rio Tapajós

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A primeira rodada da unidade fluvial pelas águas do rio Tapajós contou com os atendimentos hospitalares, oficinas de comunicação e educação em saúde e presença do circo mocorongo

Médicos, enfermeiros, auxiliares, agentes de saúde, vacinadores, laboratoristas, farmacêuticos, dentista e estudantes embarcaram para uma importante missão: levar saúde pra moradores de regiões ribeirinhas de difícil acesso.

Os atendimentos feitos através da parceria entre Prefeitura de Santarém, SESAI e UFOPA propiciaram a participação de residentes da USP e médicos voluntários do Médicos sem Fronteiras que realizaram ultrassom portátil para as gestantes.

O Projeto Saúde e Alegria realizou oficinas de Comunicação e Educação em Saúde com jovens e escolas nas comunidades, produzindo materiais com os conteúdos do tema da rodada destacou o nosso médico e coordenador do PSA Eugenio Scannavino que aproveitou para agradecer: “Obrigado a todos que tanto se empenham para levar a Saúde de qualidade as populações mais remotas, com sol, chuva onde e como for… Parabéns equipe e instituições participantes. Esperamos que agora tenhamos rodadas regulares durante o ano todo” – comenta.

Barcos Hospitais

O primeiro barco hospital completa em 2019 Treze anos de existência. O modelo de saúde básica itinerante virou política pública na Amazônia e no Pantanal em 2010, quando o governo federal lançou a estratégia de Saúde da Família Fluvial, e tornou o modelo navio-hospital uma política com abrangência para as duas regiões.

Com estrutura adaptada a realidade amazônica, o navio-hospital Abaré começou a navegar nas águas do Rio Tapajós em 2006 através do Projeto Saúde e Alegria (PSA), em parceria com as prefeituras locais e com apoio  da ONG holandesa Terre Dês Hommes (TDH), então sua proprietária. Nesse primeiro contato, foram aproximadamente 15 mil ribeirinhos de 72 comunidades das áreas rurais dos municípios de Santarém, Belterra e Aveiro que passaram a ter acesso regular aos serviços básicos de saúde, com visitas a cada 40 dias, percorrendo longas distâncias e chegando em locais praticamente excluídos da rede pública.

Com 93% de resolutividade – apenas 7 a cada 100 pacientes sendo encaminhados para os centros urbanos- a exitosa experiência tornou-se objeto de estudo do Ministério da Saúde, para então lançar em 2010 a política de Saúde da Família Fluvial para levar, através de barcos de atendimento, serviços regulares de saúde e prevenção para brasileiros que vivem em locais isolados.

A partir dela, o ministério faz repasses federais diretos aos municípios da área de abrangência, que giram em torno de um milhão e cem mil reais anuais por embarcação. São destinados para uso exclusivo das unidades de atendimento no apoio às despesas com combustíveis, medicamentos, tripulação, equipe médica, entre outras necessidades.

“Desde que a iniciativa do Abaré inspirou o governo e virou política pública, os municípios passaram a ter melhores condições para implementar e replicar essa experiência que a gente começou no Tapajós. Com esse apoio garantido, entendemos que nossa missão foi de certa forma cumprida. Repassamos então a gestão do Abaré para as Prefeituras, focando nosso trabalho no apoio às ações complementares, no controle social, e na disseminação do modelo, a começar pela aquisição de uma segunda embarcação, o Abaré II, também repassada para a Prefeitura atender ribeirinhos das outras regiões do município“ – explicou o coordenador do Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino.

“A frequência é obrigatória. O barco precisa estar 21 dias por mês em campo, retornando para o mesmo local a cada 60 dias e mantendo um acompanhamento regular dos pacientes. As comunidades devem ter o calendário com antecedência pra saber o dia que o barco estará, assim os agentes locais de saúde organizam a triagem. Essas regras que foram coisas que a gente começou a desenvolver em termos de operacionalidade do Abaré acabaram virando condicionantes para que os municípios continuem recebendo mensalmente essa verba. Apesar dos avanços, há ainda muitos desafios.” – complementou.

Em agosto de 2017, foi oficializada a doação da embarcação pela TDH a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Hoje o Abaré é mantido através de um termo de acordo de cooperação mútua, entre a Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) e a Ufopa. A universidade é responsável pela manutenção e guarda da embarcação e a Semsa pelas ações assistenciais de saúde para as comunidades.

Somado ao projeto da política pública “saúde da família fluvial”, o Ministério lançou um edital para financiar a construção de novas embarcações. “Com o envolvimento da universidade, a ideia é que o Abaré opere também como um barco-escola, de pesquisa, extensão, apoio a interiorização da medicina, enfim, um laboratório de boas práticas que possam ser disseminadas também para aprimorar a operação destas novas embarcações que estão entrando na água. Ainda existem muitos desafios a serem vencidos, desde o aperfeiçoamento do modelo adequando os programas para as diferentes realidades até a operação de todas as unidades previstas, muitas ainda precisando da regularização pra que recebam as verbas federais. Nossa expectativa é otimista, entendemos que ainda temos muito a melhorar, mas significa sem dúvida um grande avanço para as comunidades ribeirinhas e para o sistema único de saude”, afirmou o Dr. Fábio Tozzi, da Universidade Federal do Oeste do Pará.

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