Componente faz parte das estratégias de gestão comunitária em programa de desenvolvimento territorial do Saúde e Alegria;
Com a conclusão de obras de captação de água e saneamento, moradores conquistam o direito de gerenciar os próprios sistemas nas comunidades. É deles a responsabilidade de cuidar das tecnologias, realizar manutenções e gerir a distribuição do líquido. Para isso, participam desde a implantação dos sistemas de reuniões comunitárias e capacitações. Nesta semana, o Saúde e Alegria e a Somecdh (executora das obras na Resex), realizaram capacitações em Mangal, Retiro e Parauá.
Nos encontros, foram discutidos aspectos técnicos e sociais para gestão do sistema, com ênfase no uso racional da água, explicou a técnica Jussara Salgado: “As obras em Mangal e Retiro já foram finalizadas e em Parauá estão em fase de conclusão”.
Durante o encontro, foram realizados estudos para análise de potabilidade de água e feitas orientações para a captação de água da chuva. É preciso adotar procedimentos para um tratamento inicial dessa água. Um deles é o descarte do líquido nos primeiros minutos de chuva para ser feita a limpeza do telhado, ressaltou Salgado. “A gente sabe que o nosso telhado está exposto a poeira, folhas, dejetos de animais e nos primeiros minutos essa água é descartada para fazer essa limpeza inicial”. Os moradores coletam o líquido e o armazenam em um reservatório. “Na saída, existe um filtro que serve para eliminar as partículas menores que ficam presentes na água que é usada para fins domésticos de lavagens de roupa, louça e área. Para fins de consumo, a água precisa passar por outro tipo de tratamento: fervura ou cloração” – esclarece.
Para os moradores, a instalação dos sistemas supre uma demanda antiga para diminuir os casos envolvendo doenças de veiculação hídrica. Manoel Olavo comemorou a entrega das tecnologias: “Sem dúvida esse é um dos melhores e maiores projetos que a comunidade já recebeu. Não só em termos de grandiosidade, mas principalmente quanto à qualidade porque vai melhorar a qualidade de vida dos moradores e diminuir a incidência de pessoas com essas doenças nas unidades de saúde”.
Um dos requisitos para implementação das tecnologias sociais é a participação comunitária, considerada base para construção de sistemas de acesso à água. As obras são construídas de forma participativa por quem será beneficiado pelo projeto de instalação hidráulica. A estratégia é garantir o pertencimento e empoderamento das comunidades. “É uma obra feita com a comunidade. O projeto é gerido pela comunidade que foi capacitada para isso” – explicou a coordenadora social da Somecdh, Michele Monteiro.
As comunidades foram beneficiadas com o Programa Cisterna do Ministério da Cidadania, coordenado na região pelo Projeto Saúde e Alegria e executado em Mangal pela Somechdh. O programa se alinha à estratégia de desenvolvimento territorial do PSA que busca ampliar o acesso à água, saneamento, saúde e energia, ressaltou o coordenador de programas econômicos e sociais do PSA, Davide Pompermaier: “A gente entende que o desenvolvimento do território se faz com um conjunto de ações conectadas. Todas voltadas a melhorar a qualidade de vida das populações locais. Não dá pra pensar que as famílias vivam nas florestas só com a mensagem de amor pela natureza. Tem que ter desenvolvimento econômico, qualidade de vida, infraestrutura e serviço para de fato melhorar e criar condições de vida e desenvolvimento feliz para as populações locais. Nós tentamos estruturar sistemas adequados ao contexto local, sistemas autônomos que possam ser geridos pela própria comunidade”.