Moradores de vinte e nove comunidades da região da Resex Tapajós Arapiuns estão sendo atendidos em dois polos de telemedicina: Parauá e São Pedro. Outros três estão em fase de implantação e há previsão de instalação de mais cinco núcleos para atender os municípios de Aveiro, Belterra e Santarém
Pacientes das Unidades Básicas de Saúde de áreas distantes da área urbana de Santarém, no Oeste do Pará, estão celebrando o início do projeto que aproxima médicos das comunidades por meio da internet. Executado por meio da parceria entre o Saúde e Alegria, Semsa de Santarém com apoio da Fundação Core e Fundação Mott, a iniciativa está implementando atendimentos por videoconferência.
O projeto tem por objetivo levar acesso à saúde para a população das comunidades ribeirinhas, com capacitação dos profissionais e estruturação com equipamentos tecnológicos, facilitando o acesso à consulta médica.
Atualmente estão operando dois polos de telemedicina: Parauá e São Pedro que juntas atendem moradores das comunidades vizinhas: São Pedro, Braço Grande, Piquiá, Curi, Engenho, Câmara, Pascoal, São José II, Novo Horizonte, Cutilé, São João, Atrocal, Mucureru, São Francisco, Bom Futuro, São José I, Nova Vista, Parauá, Brinco das moças, Jwipixuna, Limãotuba, Pajurá, Enseada do Amorim, São Caetano, Boa Sorte, Paricatuba, Maratuba, Suruacá e Vila de Amorim.
Estão em fase de implantação novos três polos: Piraquara, Boim e Prainha do Maró que estão recebendo instalação de sistemas de energia solar. E estão previstos mais cinco novos polos nos municípios de Aveiro, Belterra e Santarém.
“Recentemente nós tivemos um caso de ferimento exposto com infecção. Até essa criança chegar na cidade para fazer o tratamento por um médico ia demorar e a infecção se espalhar. E o agente comunitário de saúde conseguiu encaixar ela para consulta nesse dia e ela começou o tratamento” – avaliou a enfermeira Andressa Araújo, responsável pela UBS de Parauá.
O médico que realiza o teleatendimento é o mesmo que visita as comunidades durante a expedição do barco Hospital Abaré, possibilitando uma melhor assistência ao paciente. O médico José Grisales, contou que consegue acompanhar a recuperação dos doentes através das consultas por videoconferência: “A telemedicina é um cuidado muito importante, principalmente no atendimento a essas comunidades ribeirinhas que têm pouco acesso à saúde. Com a chegada da telemedicina ajuda muito, a gente consegue chegar a um diagnóstico, dar uma orientação adequada. Ajuda muito a salvar vidas que precisam de atendimento médico”.
Cerca de oitenta teleconsultas são realizadas por mês (quatro vezes na semana, atendendo cinco pacientes por dia). Segundo a assessora de rios da Secretaria Municipal de Saúde de Santarém, Tângara Santos, ajudam a desafogar o sistema de saúde. “Quando a gente desafoga as unidades que fazem a cobertura, a gente consegue enxergar uma melhoria nesse processo de atendimento aos pacientes que tanto necessitam” – ressalta.
Jessineide Corrêa, professora e moradora, foi uma das pacientes consultadas via telemedicina. Realizou exames e recebeu encaminhamentos médicos online: “Hoje eu fui privilegiada de ser a primeira. Fui muito bem atendida. Eu nunca imaginava fazer um exame de mamografia aqui na nossa comunidade. Os médicos de lá e eu fazendo a mamografia” – comemora.
Para viabilizar os atendimentos, o Projeto Saúde e Alegria com seus apoiadores têm equipado as UBS com sistemas de internet satelital e de energia solar para operar os recursos. Um investimento necessário para qualificar os serviços nas unidades, comentou o médico fundador da ONG, Eugênio Scannavino: “A telemedicina é uma grande solução para a Amazônia toda. As comunidades são isoladas e as pessoas ficam doentes aqui. É mais difícil ir pra cidade”.
Para Scannavino, o projeto supre a carência de pacientes com restrições econômicas para se deslocar, conseguir hospedagem na cidade e aguardar a realização das consultas. “Com a telemedicina isso tudo se resolve na própria comunidade, junto com a enfermeira e o médico do outro lado. Isso tem uma resolutividade. De cada dez pacientes, 9 conseguem o atendimento ali mesmo. E como é um sistema conectado com os barcos hospitais, quando ele passa, os pacientes fazem os exames nos laboratórios e a pessoa pega a medicação. É um sistema completo que ajuda muitíssimo. É também um modelo que deve ser replicado para outros lugares”.
A professora da comunidade Parauá, Ana Maria Vasconcelos, reforçou como os teleatendimentos tem contribuído para a saúde comunitária na região: “pra mim foi muito importante porque os exames que eu ia em Santarém, eu fiz daqui da comunidade. Eu agradeço muito pela implantação da telemedicina”.