Iniciativa do Projeto Saúde e Alegria integra estratégia da Educação Permanente em Saúde. Formação capacitou profissionais de áreas que foram equipadas com sistema de internet, energia solar e computadores para telemedicina
Com a instalação de dez polos de telemedicina nas regiões ribeirinhas de Santarém, Aveiro e Belterra, o Projeto Saúde e Alegria com apoio da USAID e Fundação Core, iniciou as capacitações para os profissionais que usarão os sistemas para os teleatendimentos. A primeira oficina para médicos e enfermeiros foi realizada nesta sexta-feira (07) na sede do PSA e contou com a participação dos três municípios.
As Secretarias de Saúde foram equipadas com computadores, câmeras, caixas de som, impressoras, internet via satélite e sistema. As Unidades desprovidas de energia, também receberam energia solar (placa solar, inversor, bateria e controlador) para o funcionamento dos pontos. As regiões beneficiadas, juntos com as secretarias de saúde de cada município, foram escolhidas por estarem logisticamente em áreas de difícil acesso à saúde e por terem sido as mais castigadas pela Covid-19.
A médica do PSA, Mônica Carvalho explicou que muito além da doação dos itens, o projeto se preocupa com a habilitação dos profissionais para potencializar os esforços durante a assistência básica. “A ideia é capacitar os profissionais médicos e enfermeiros, incentivando o uso das ferramentas doadas para as unidades de saúde da família das regiões ribeirinhas”, destaca.
Durante o diálogo, os participantes aprofundaram conhecimento sobre o uso dos novos recursos, das tecnologias e dos sistemas ligados ao SUS. Para o médico Hendry Yasary Jane, que atua no Barco Hospital Abaré I e atende a região do rio Arapiuns, consultar via internet, possibilitou antecipar os diagnósticos enquanto o barco não está em campo. Além disso, agiliza a consulta a especialistas – quando necessário. “Para nós que atuamos na atenção básica enfrentamos casos clínicos que precisamos às vezes de opiniões de especialistas. E antes demoravam os encaminhamentos. Agora com a implementação desse sistema, na hora, a gente ouve um especialista, sem precisar deslocar o paciente da sua comunidade”, esclarece.
Em Santarém, a experiência piloto da telemedicina iniciou nas comunidades Parauá e São Pedro, através da implementação do PSA. A iniciativa foi exitosa e agora está sendo replicada, lembra a coordenadora da região de rios, Tângara Santos. “Considerando a dificuldade de manter um profissional médico na região, através do PSA a gente conseguiu fazer a implantação do sistema de telemedicina na região. O projeto piloto começou nas comunidades de Parauá e São Pedro. Nós tivemos um tempo de atuação de três meses e a ideia foi dando certo, conseguimos ampliar para outras novas comunidades: Boim, São Miguel, Piraquara, Prainha do Maró e Cachoeira do Aruã”. Os polos juntos atendem quase dez mil pessoas em áreas de logísticas complexas, e agora estão conectadas para os teleatendimentos.
“É uma iniciativa maravilhosa que vem dando certo, quebrando barreiras, onde o médico consegue fazer atendimento aos nossos usuários a longa distância, dentro de uma sala, em uma área que tem dificuldade de acesso aos pacientes e que são acolhidos pela nossa equipe local. Tão importante quanto o avanço, é capacitar a nossa equipe local. Assim a gente consegue fazer uma avaliação de satisfação de atendimento”, comenta Tângara.
Os atendimentos via telessaúde ampliam o público atendido e desafogam as unidades, promovendo assistência para quem mora em áreas desassistidas. A implementação tem auxiliado no atendimento de pacientes em comunidades isoladas, onde um polo base atenderá doze comunidades adjacentes duas vezes na semana em Fordlândia e Cametá do município de Aveiro.
“Nós estamos nos sentido privilegiados por dar um atendimento de qualidade e humanizado para o nosso paciente. Não é porque é telemedicina que não vai ser humanizado e não vai ser atendimento integralmente” – Erilane Cardoso, enfermeira de Aveiro.
No total, dez pólos de telemedicina estão sendo estruturados, se unindo a outras estratégias. Para viabilizar os atendimentos, o Projeto Saúde e Alegria com seus apoiadores têm equipado as UBS com sistemas de internet satelital e de energia solar para operar os recursos. Um investimento necessário para qualificar os serviços nas unidades, comenta a enfermeira do PSA, Marcela Brasil. “Essas tecnologias serão utilizadas de forma resolutiva e vem facilitar a vida da população ribeirinha que vive distante e que precisa de muitos recursos, longos dias para realizar consultas, exames. É só o início e a gente vai avançar ainda mais”.
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