Nova intervenção do Programa de Infraestrutura do Projeto Saúde e Alegria contemplou diretamente mais de cinquenta pessoas de sete famílias indígenas mundurukus
A região do médio Tapajós ainda vivencia a escassez de recursos sanitários. Grande parte das populações indígenas que moram nas aldeias não possui o mínimo de acesso à saneamento básico, bem distante do que preconiza a meta nº 6 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): ‘alcançar o acesso universal e equitativo de água potável e saneamento para todos’. Sem banheiros, muitos improvisam e cavam buracos para utilizar sanitários e constroem espaços com palha para o banho.
A boa notícia é que uma nova ação do Projeto de Infraestrutura do PSA, concluiu a construção de sete módulos sanitários domiciliares, após uma série de desafios logísticos e operacionais. Por meio do esforço coletivo de lideranças, organizações como a Associação Indígena Pariri – Munduruku, o DSEI Rio Tapajós, FUNAI e Projeto Saúde e Alegria (PSA) com apoio do Projeto Proteção de Povos Indígenas e Tradicionais do Brasil, financiado pelo Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, por intermédio da rede WWF, 59 pessoas de sete famílias foram beneficiadas na aldeia Sawre Apompo.
“É um momento importante de celebração na aldeia e principalmente momento pra gente evidenciar que as nossas obras são feitas em parceria. São somas de esforços com diversas organizações atuando em prol do acesso à água, saneamento e energia para os indígenas Munduruku”, lembra a coordenadora do Programa de Infraestrutura Comunitária, Jussara Salgado.
Desde 2019 o PSA vem dedicando esforços para contribuir com a qualidade de vida das populações indígenas da região do médio Tapajós em Itaituba. “A entrega de hoje representa não só acesso a banheiros, mas a uma melhora na qualidade de vida, a saúde, evitando acidentes porque a aldeia tem muitas pessoas idosas que precisavam sair das suas residências para utilizar infraestruturas improvisadas como sanitários com fossas negras que não são adequadas para o uso”, destaca Salgado.
O coordenador do DSEI Rio Tapajós, Haroldo Sá Munduruku, parceiro na jornada de construção dos banheiros, ressaltou a necessidade de projetos para fortalecer mecanismos de proteção à saúde nessas áreas. “Saúde e Alegria é um grande parceiro do DSEI Rio Tapajós atualmente. Foram concluídos os trabalhos nesses banheiros na aldeia Sawre Apompo que é uma aldeia antiga, que foi beneficiada com esse projeto que o PSA vem trazendo para população indígena. Agradeço muito essa parceria”.
Para a liderança Alessandra Korap Munduruku, ter banheiros acessíveis, conectados ao sistema de água e fossa séptica era uma demanda antiga. Os moradores se articularam para pedir apoio e conquistar as tecnologias sociais. “Parece tão pouco, mas é tão importante nesse momento ter o saneamento básico para os idosos, crianças, mulheres. A Associação Indígena Pariri junto com o PSA, SESAI. Deu certo essa construção do sonho das comunidades. Tudo é possível quando se tem sonhos, quando existe luta”.
Claudete Saw, professora na aldeia e uma das beneficiárias da iniciativa, destaca que receber os banheiros representa um avanço nas condições de higiene e que a Aldeia já se organiza para conseguir novas unidades: “Agradecer a todas as pessoas que contribuíram para a construção dos nossos banheiros. Estamos muito felizes. Não vamos parar por aqui, pois estamos sempre fazendo parcerias com entidades”.
Indicadores de saúde
O saneamento básico segue sendo prioridade para o Projeto Saúde e Alegria que, ainda na década de 80, identificou através de seu médico fundador, Eugênio Scannavino, uma série de doenças ligadas à veiculação hídrica e falta de condições básicas de higiene em comunidades da Amazônia.
Desde lá, o PSA tem implementado sistemas de água e saneamento. Entre os anos de 2018 a 2021 foram implementadas 1.239 tecnologias sociais de acesso à água por meio do Programa Cisternas, dessas, 775 previam também a instalação de banheiros. Beneficiando comunidades dos municípios de Santarém, Belterra e Itaituba, impactam diretamente 3.100 pessoas com acesso a banheiros e esgotamento domiciliar e sanitário.
Em 2022, por meio do Projeto “Reforço da resposta COVID-19 na Região do Tapajós/PA através de reabilitação das infraestruturas de WASH nas instalações de saúde” em parceria com o UNICEF/ECHO, foram reabilitadas instalações em WASH de 7 Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) dos municípios de Itaituba e Jacareacanga, que incluiu a reforma e melhorias em banheiros, instalações hidráulicas, substituição de cisternas, esgotamento, adequações da fossas sépticas, sumidouro e pontos de higienização de mãos. Essas unidades prestam um atendimento para uma população de 3.323 indígenas da etnia Munduruku.
Fotos: Rilcélia Munduruku.