Iniciativa do Programa de Economia da Floresta do Projeto Saúde e Alegria fomenta a culinária regional e a elaboração de cardápios a partir de um resgate da alimentação ancestral
O Projeto Saúde e Alegria em parceria com a Casa Igá, levou por meio do Projeto Escola Floresta Ativa, orientações para gestão do turismo de base comunitária em territórios da Floresta Nacional do Tapajós (Flona) e da Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, a Resex. A oficina tem o objetivo de resgatar e valorizar a culinária tradicional e ancestral e orientar sobre a construção dos cardápios das pousadas Uka Surí, no território Kumaruara, na Resex e da Pousada de Jaguarary, na Flona. A iniciativa é financiada pela Fundação Toyota.
“Na oficina tem primeiro um resgate da alimentação antiga, ancestral. Baseada nesse resgate, então elas estão fazendo pratos que eram feitos antigamente mas com um toque também aprimorado, no sentido de que essa alimentação vai ser servida para uma pousada para turistas e esse será um dos diferenciais da pousada” disse Olivia Beatriz, Coordenadora do Projeto Mulheres Empreendedoras da Floresta do PSA.
Entre os dias 12 e 16 de agosto, a oficina foi realizada na Pousada de Jaguarary, na Flona. Quinze pessoas participaram e entenderam sobre construção de cardápios, precificação de produtos e resgate e aprimoramento dos pratos tradicionais da região. As oficinas foram ministradas pela cozinheira Oriana Bitar, da Casa Igá, em Belém. Foram elaborados pratos tradicionais como peixe na poqueca, farofa de saubataia, mingau de banana e carimã.
“Não sou só eu que estou ensinando, elas também me ensinam, mostram e me alimentam com coisas novas. A cultura delas é o mais importante, todos os pratos, as coisas que elas tem aqui, isso deve ser apresentado aos turistas que vem nas pousadas. Estou mostrando as possibilidades e o grande valor que tem a cultura dessas pessoas” disse Oriana Bitar, ministrante das oficinas.
Para quem foi beneficiada com essas oficinas, as informações colaboram para o desenvolvimento no setor turístico e colaboram para os empreendimentos, não deixando de lado as tradições dos povos de cada território. “Essa oficina veio para abrir a mente de nosso povo, das nossas meninas e de todos. Veio para nos ensinar a erguer a cabeça e nos ensinar a olhar com atenção para tudo aquilo que nossos pais, nossos avós sempre nos ensinaram” afirmou Juliana Castro, participante das oficinas na Comunidade Jaguarary.
A segunda etapa de oficinas foi no território Kumaruara, na Pousada Uka Surí, na aldeia Vista Alegre do Capixauã, entre os dias 19 a 23 de agosto. 20 pessoas participaram das orientações, para aprender sobre a gestão dos produtos culinários ofertados para turistas na região. “É muito interessante para todos nós, essa oficina. A partir dela, temos mais conhecimento para trazer mais turistas para o território “, pontuou Ione Gomes, Pajé da Aldeia Visa Alegre do Capixauã.
Ao longo dos dias de trocas de experiências e receitas, o principal objetivo foi contribuir na gestão dos restaurantes, valorizando os produtos, alimentos e o conhecimento das pessoas e de seus territórios. Fortalecendo o turismo de base comunitária na região garantindo maior qualidade, coerência e elaboração dos cardápios, com uma precificação adequada do serviço.
“Para nós que trabalhamos com o turismo, está sendo muito importante. Eu aprendi muita coisa que não sabia, aproveitando as coisas que temos aqui na nossa região, na nossa cultura. Aprendemos sobre transformar essas coisas em alimento, para os remédios e alimentação” ressaltou Sandra Mara, participante da oficina na Pousada Uka Surí.