EDUCAÇÃO, CULTURA E COMUNICAÇÃO
Rede Mocoronga de Comunicação
Instituída em 1987 pelo Projeto Saúde e Alegria (PSA), a Rede Mocoronga capacita e apóia mais de 400 jovens, em mais de 30 comunidades do oeste do Pará, para atuarem como “repórteres da floresta”.
As produções de comunicação popular incluem programas de rádio, jornais e vídeos comunitários, fotonovelas, histórias em quadrinhos, blogs e mídia digital. Com estrutura horizontal, a Rede Mocoronga é composta por uma central, abrigada no escritório do PSA em Santarém, e Sucursais Rurais, compostas pelos grupos de jovens de cada localidade. Cada Sucursal tem nome, identidade e gestão próprios, e autonomia para definir pautas, produzir notícias e organizar seu trabalho.
O PSA dá o suporte necessário à implantação das Sucursais, tanto com infraestrutura e equipamentos como com cursos e oficinas para aprimorar o material a ser produzido. Como as escolas também dão um importante apoio ao trabalho dos jovens repórteres, o PSA também oferece cursos de educomunicação para professores, em parceria com as Secretarias Municipais de Educação.
A fim de enriquecer ainda mais a experiência dos jovens participantes e fazer com que seu trabalho seja reconhecido dentro e fora das comunidades, parcerias e conexões com outras redes e com veículos comerciais de comunicação são estabelecidas constantemente.
Pilares da Rede Mocoronga
Mídia-ativismo e conteúdos locais
Embora cada grupo que constitui a Rede Mocoronga tenha uma identidade própria, todos estão ligados por um interesse comum: dar voz à população local, conectando-a com o mundo e, ao mesmo tempo, valorizando sua cultura e sua realidade. Assim, os conteúdos produzidos pelos jovens repórteres voltam-se às questões comunitárias, incluindo costumes, manifestações culturais e tradicionais, problemas e soluções. Trata-se de uma comunicação feita pela Amazônia para a Amazônia.
A rede tem sido um dos principais instrumentos de educação e mobilização comunitária, amplificando a difusão dos conteúdos educativos criados coletivamente nos diversos projetos do PSA na região, bem como de campanhas de saúde, higiene, direitos da criança e do adolescente, valorização da juventude, lixo, meio ambiente, prevenção a queimadas, entre outros temas.
Rádios e TV Mocoronga
As Sucursais Rurais da Rede Mocoronga de Comunicação funcionam nos moldes de rádios locais (rádio-poste e, em algumas ocasiões, com unidades móveis de som, como rádio-canoa, rádio-bicicleta e rádio-carro de boi). Três Sucursais já contam com rádio comunitária FM. Além disso, a Rádio Rural de Santarém (AM 710) veicula um programa semanal produzido pela Rede Mocoronga, que traz vinhetas educativas, notícias das comunidades, divulgação de eventos e projetos e músicas de artistas locais.
Já a produção televisiva inclui vídeos, novelas, documentários, telejornais e vinhetas educativas. O programa de variedades Mexe com Tudo é roteirizado, gravado e editado pelos jovens. Toda a produção é exibida em telões, em mostras e circuitos intercomunitários de exibição, ou em canais parceiros. Os programas também podem ser vistos no canal do PSA no YouTube.
Além do foco nas produções locais, a Rede Mocoronga também faz cobertura de eventos, manifestações e acontecimentos relacionados com a Amazônia e seus povos. A primeira cobertura foi da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, em junho de 1992 no Rio de Janeiro.
A Rede Mocoronga foi vencedora do Concurso Nacional de Histórias de Mobilização Juvenil promovido pela ONG Aracati com apoio da Fundação Kellogg, em 2004; e do Prêmio Internacional Yeomans para Conteúdos Locais, concedido em 2005 pela Global Knowledge Partnership (GKP) e pela Open Knowledge Network (OKN) durante a II Cúpula Mundial sobre Sociedade da Informação, na Tunísia.
Inclusão digital
O acesso às tecnologias da informação e comunicação (TICs) é fundamental não só para o trabalho realizado no âmbito da Rede Mocoronga de Comunicação, como também para o desenvolvimento pleno das comunidades rurais amazônicas no oeste do Pará.
O Projeto Saúde e Alegria (PSA) começou a pensar na inclusão digital já no início dos anos 2000, quando inaugurou o Telecentro Cultural na comunidade do Suruacá, no baixo Tapajós.

Fruto de articulações e parcerias, essa primeira experiência fez do PSA uma organização-chave para a compreensão do que deveria ser uma política pública de inclusão digital para a Amazônia.
Na primeira década do milênio, os esforços públicos empenhados para promover a inclusão digital de comunidades amazônicas – como o Programa Telecentros.br e o Programa Navegapará, cuja formulação contou com o apoio do PSA – não tiveram os resultados esperados, deixando como legado uma infraestrutura ociosa.
A proposta atual do PSA é aproveitar essa infraestrutura (salas de aula e espaços comunitários), revitalizando 18 Telecentros com tecnologia de geração de energia solar e conexão sem fio à internet (disponibilizada 24 horas por dia), e implantação de novos polos de acesso. Além da conexão WiFi, os Telecentros também contam com equipamentos para produção audiovisual e oferecem cursos e oficinas de educomunicação, apoio à criação de coletivos autônomos de produção midiática comunitária e editais para apoiar produções criativas de youtubers da floresta, cineastas comunitários, fotógrafos e influenciadores digitais.
Os Telecentros propiciam as atividades das Sucursais Rurais da Rede Mocoronga de Comunicação e também são usados em praticamente todos os projetos do PSA nas comunidades onde estão instalados, incluindo as áreas de saúde, turismo de base comunitária, gestão participativa, empreendedorismo, entre outras.
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