EDUCAÇÃO, CULTURA E COMUNICAÇÃO
Territórios de Aprendizagem
O projeto desenvolve atividades que contribuem para melhorar a qualidade da educação nas comunidades, reduzindo o espaço entre o ensino formal e a realidade sociocultural/ambiental dos alunos, possibilitando uma aprendizagem significativa e contextualizada, por meio de formação e disseminação de abordagens pedagógicas inovadoras para a educação do campo, rios e florestas.
O acesso à educação de qualidade ainda é um desafio na região amazônica. Enquanto em outras regiões se discute a qualidade, nas comunidades o grande desafio ainda é o acesso. Apenas 10,63% das crianças até 5 anos frequentam pré-escolas ou creches. Embora o ensino fundamental esteja quase universalizado, o acesso ao ensino médio para adolescentes e jovens ainda é precarizado. O currículo das escolas e as formas de ensinar seguem padrões nacionais pouco apropriados à realidade e à cultura das comunidades, resultando em baixo rendimento escolar.
Diante desse contexto, o projeto busca contribuir para a garantia do que prevê os parâmetros da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para as escolas do campo – “conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário” – e as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (Resolução CNB/CEB n. 1/2002).
O projeto entende o território como um espaço marcado também pelas relações humanas. O entorno social, a comunidade são também territórios de aprendizagem. Nela os conhecimentos locais são valorizados e equiparados em importância aos do currículo escolar, em uma relação associativa e não competitiva, o que aproxima do conceito de Aprendizagem Significativa, caracterizado pela interação cognitiva entre o novo conhecimento e o conhecimento prévio.
As atividades são feitas colaborativamente com gestores, professores, alunos e famílias. Entre as atividades desenvolvidas, estão capacitação de professores, estudos para adequação curricular, campanhas de promoção dos direitos das crianças e adolescentes, produção de materiais didáticos regionalizados e mapeamento geográfico e cultural das regiões onde as escolas estão inseridas para que sejam conteúdos das ações educativas.
PILARES DO PROJETO TERRITÓRIOS DE APRENDIZAGEM
Educação Comunitária e Ambiental
Na Amazônia, educação ambiental e identidade cultural são estratégicas pois os conhecimentos tradicionais das comunidades refletem a forma como manejam os recursos naturais e explicam muitos aspectos e sentidos da vida, de onde vem compreensão acerca de si e da importância da Amazônia no mundo. Apesar disso, as comunidades cada vez mais são pressionadas por modelos predatórios, faltando apoio para se protegerem e se consolidarem territórios sustentáveis.
Assim sendo, o trabalho do programa aborda a educação comunitária e ambiental como matriz que integram outras diversas temáticas. As ações desenvolvidas complementam a educação formal nas escolas, utilizando a infraestrutura do PSA. Por exemplo, o navio-hospital Abaré I leva ações educativas e lúdicas às comunidades que atende, e o Centro Experimental Floresta Ativa (CEFA) é usado para qualificação de professores e atividades extraclasse.
Escolas da Floresta
O trabalho está voltando para a construção de referências sobre modelos de educação mais apropriados para as comunidades amazônicas. São realizadas experiências que apontam caminhos para uma educação contextualizada e uma aprendizagem que faça sentido para os alunos e suas comunidades.
São realizadas oficinas de capacitação dos professores sobre educação do campo e/ou educação ambiental, territorialidade e metodologias de ensino. Os próprios alunos, com o apoio de seus professores e de pedagogos do PSA, percorreram suas comunidades para fazer o mapeamento de suas comunidades, a fim de construir a memória local e sistematizar os conhecimentos comunitários para fins pedagógicos.
Temas geradores são desenvolvidos: qual o retrato socioambiental da minha comunidade?; o que a comunidade sabe que a escola não ensina?, como o saber comunitários dá sabor à escola? Resultam em mapas, desenhados com o uso de tecnologias cartográficas, fotos, vídeos e pesquisas, e incluem os mais diversos aspectos da vida comunitária: perfil social, econômico e ambiental; conhecimentos tradicionais e saberes populares (brincadeiras infantis, mitos e lendas, história e culinária); cultura e arte (música, poesia e artesanato); características geográficas; biodiversidade; e atividades econômicas.
Em seguida esses conhecimentos são utilizados em metodologias e materiais didáticos regionalizados para darem “sabor à escola” para que o ensino seja gostoso.
Centro Experimental Floresta Ativa – Uma escola na floresta
Além de atuar diretamente nas escolas, o projeto vem desenvolvendo um pólo inovador de educação do campo, que é o Centro Experimental Floresta Ativa. Localizado na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, vem sendo espaço para a realização de diversos eventos de formação das comunidades, e busca focar na juventude das comunidades de seu entorno.
O CEFA – Escola da Floresta desenvolve:
- Assessoria às escolas do seu entorno com novas abordagens pedagógicas e ações práticas de educação ambiental. Alunos fazem visitas às trilhas pedagógicas no espaço composto por floresta, igarapés e construções de bioarquitetura, num ambiente educativo para sensibilizar pela preservação do meio ambiente, através de vivências ambientais significativas para a formação de valores pessoais e coletivos. Contempla temas geradores como: Resíduos; Trilha dos sentidos; Água; Solos; Ciclo da vida; Florestas e Biodiversidade; Bioconstrução; Alimentação saudável; Agroecologia; Energias renováveis; Conhecimentos Tradicionais – Mitos e Lendas da floresta
- Cursos técnicos para adolescentes e jovens do ensino médio visando a capacitação profissional em comunidades tradicionais de unidades de conservação da Amazônia com foco na geração de renda a partir de potenciais regionais, articulado à projetos de fomento e incubação de cadeias produtivas da sociobiodiversidade. (Links para incubação floresta ativa). Com currículo apropriado ao contexto sociocultural, nas áreas: agroecologia (sintropia, modelos de agricultura sustentável); reposição florestal e sementes da floresta (coleta e beneficiamento para plantios); óleos e essências (extração e beneficiamento de óleos naturais); meliponicultura de abelhas nativas; ecoturismo (roteiros, receptivos, culinária, artesanatos); tecnologias apropriadas e serviços locais
Direitos da Criança e do Adolescente
Todas as ações realizadas no âmbito do Territórios de Aprendizagem visam à realização plena dos direitos humanos fundamentais da criança e do adolescente, estabelecidos na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/1990).
Além disso o projeto desenvolve campanhas específicas para advogar, popularizar e defender esses direitos fundamentais. Escolas e comunidades são mobilizadas e sensibilizadas sobre esses direitos e formam grupos de trabalho locais para apoiarem o projeto na realização de campanhas educativas sobre temas prioritários identificados nas comunidades: convivência familiar e comunitária, cidadania, saúde, gênero, prevenção de abusos e exploração, entre outros. Por meio de ações de trabalho em rede e de comunicação popular como a Rede Mocoronga os conteúdos são difundidos para toda a região.
O trabalho é articulado também à rede de proteção, junto aos Conselhos Municipais de Direitos da Crianças e do Adolescente – COMDCA, do qual a instituição é conselheira, e Conselhos Tutelares, a fim de encaminhar junto à rede pública situações de negação de direitos, denúncias de abusos e exploração e contribuir para melhorar as políticas públicas dessa área ao contexto das comunidades ribeirinhas da floresta.
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