Oito aldeias do território Munduruku e o assentamento PAE Montanha-Mongabal serão beneficiados com água encanada e banheiros, investimentos essenciais para melhorar as condições sanitárias e o enfrentamento da Covid-19;
Em caráter emergencial, numa complexa logística com caminhões e balsas, estão sendo transportados materiais de construção para implantação de tecnologias sociais de sistemas de água e banheiros junto às aldeias ribeirinhas das zonas rurais do médio Tapajós, como parte das metas do Programa Cisternas que vem sendo implementado na região pelo Projeto Saúde e Alegria (PSA).
Segundo o gestor do programa de água do PSA, Carlos Dombroski, serão implantadas 116 tecnologias em nove localidades: Sawré Jaybu, Datie Watpu, Boa Fé, Sawré Muybu, Sawré Aboy, Dajé Kapap, Karo Muybu e Poxo Muybu e Vilinha do PAE Montanha Mangabal. A construção dos sistemas já foi iniciada com aquisição dos materiais e preparo prévio de placas de cimento, com previsão de conclusão entre março e abril.
O projeto de implantação dos sistemas supre a falta de água potável, tendo em vista que as aldeias são impactadas diretamente pela existência de garimpos que contaminam os rios que abastecem os ribeirinhos. A crise hídrica tem gerado problemas graves à saúde, com episódios frequentes de infecção e mortes.
“São obras sanitárias emergenciais para que os Mundurukus tenham melhores condições de higiene e saneamento, não só para enfrentar essa segunda onda do vírus, como também para contribuir com a saúde e bem-estar geral. A gente sabe que boa parte das doenças vem da água contaminada, principalmente a mortalidade infantil decorrente das diarréias, desidratação. E no caso dos mundurukus ainda tem o agravante de estarem em uma área de garimpos no entorno, o que aumenta ainda mais as ocorrências de veiculação hídrica. É um povo guerreiro, que precisa de todo apoio” – afirma o coordenador do Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino.
No último dia 15, foram feitas reuniões nas sedes do DSEI-Tapajos e FUNAI em Itaituba para encaminhamento das documentações necessárias, definição das contrapartidas e atualização dos protocolos de COVID-19. E no dia seguinte, houve uma reunião na aldeia Datie Watpu com os caciques para aprovar o processo de implantação. Com número restrito de participantes, o encontro contou também com representantes da Asproc (executora das obras) e da Associação Pariri do Povo Munduruku, parceiros no projeto.
Com a pactuação dos últimos detalhes e do calendário das obras, foram definidas as estratégias e atividades preparatórias para que 100% das famílias das aldeias ribeirinhas das zonas rurais do médio Tapajós sejam contempladas nos próximos 90 dias com água encanada e banheiros em suas casas.
A mão de obra para as construções segue prioritariamente a valorização local, com contratação dos moradores da própria comunidade que recebem capacitação técnica e recebem pelos serviços executados, ressaltou o coordenador de obras da Asproc, Sidomar dos Santos. “É uma logística complexa, grande pra gente transportar da sede do município e depois pegar outro transporte. A gente fica muito feliz em poder atender essa demanda muito importante para os Mundurukus que precisam muito dessa água tratada porque como a gente sabe é uma água contaminada”.
“A parceria entre a ONG Saúde e Alegria e a SESAI/DSEI-RT está sendo de suma importância para a etnia Munduruku que habita no Médio Tapajós, onde as obras que serão realizadas nas Aldeias terá um melhoramento significativo na população elencada, diminuindo uma série de doenças que a falta da água potável ocasiona na vida do ser humano” – ressaltou o Engenheiro Civil DSEI/RT, Mathew Castro.
As obras de infraestruturas adaptadas para o saneamento básico como banheiros e sistemas de abastecimento de água suprem uma carência antiga das populações indígenas do Médio Tapajós. “O projeto que está sendo instalado no médio Tapajós vai trazer saúde para os indígenas, para que deixem de consumir água suja, só lama. Vai beneficiar bastante as comunidades” – ressaltou Alessandra Munduruku, liderança indígena.