Nos últimos quatro anos, o Projeto Saúde e Alegria implementou 789 banheiros em territórios do PAE Lago Grande, Várzea, Flona do Tapajós, Resex Tapajós Arapiuns, PAE Montanha Mangabal e aldeias Mundurukus nas regiões do baixo e médio Tapajós, abrangendo municípios de Belterra, Itaituba, Jacareacanga e Santarém
Um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) idealizados na “Agenda 30” criada pela ONU, propõe alcançar o acesso universal e equitativo de água potável e saneamento para todos. Distantes do que prevê a meta nº 6, populações ribeirinhas, indígenas, quilombolas e tradicionais da Amazônia sofrem com a dificuldade de acesso à ambos. Sem banheiros, muitas improvisam: cavam buracos para utilizar como sanitário e constroem espaços com palha, para tomar banho.
Essa falta de banheiros continua sendo um tema delicado em grande parte do país. Segundo o Instituto Trata Brasil, o Estado do Pará possuía 328.276 casas sem banheiros em 2019. Neste mesmo ano, o município de Santarém registrou 5.096 casas sem esse cômodo. Um dado preocupante que escancara lacunas sociais para populações em extrema vulnerabilidade.
O saneamento básico segue sendo prioridade para o Projeto Saúde e Alegria que, ainda na década de 80, identificou através de seu médico fundador, Eugênio Scannavino, uma série de doenças ligadas à veiculação hídrica e falta de condições básicas de higiene em comunidades da Amazônia.
Desde lá, o PSA tem implementado sistemas de água e saneamento. Entre os anos de 2018 a 2021 foram implementadas 1.239 tecnologias sociais de acesso à água por meio do Programa Cisternas, dessas, 775 previam também a instalação de banheiros. Beneficiando comunidades dos municípios de Santarém, Belterra e Itaituba, impactando diretamente 3100 pessoas com acesso à banheiros e esgotamento domiciliar e sanitário.
Em 2022, por meio do Projeto “Reforço da resposta COVID-19 na Região do Tapajós/PA através de reabilitação das infraestruturas de WASH nas instalações de saúde” em parceria com o UNICEF/ECHO, foram reabilitadas instalações em WASH de 7 Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) dos municípios de Itaituba e Jacareacanga, que incluiu a reforma e melhorias em banheiros, instalações hidráulicas, substituição de cisternas, esgotamento, adequações da fossas sépticas, sumidouro e pontos de higienização de mãos. Essas unidades prestam um atendimento para uma população de 3323 indígenas da etnia Munduruku.
Em 2023, por meio do projeto Proteção de Povos Indígenas e Tradicionais do Brasil, financiado pelo Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, por intermédio da rede WWF, e em parceria com o DSEI Rio Tapajós e Associação Pariri, o PSA está construindo 7 banheiros na aldeia Sawré Apompo, região do médio rio Tapajós, município de Itaituba. Os banheiros serão entregues em dezembro de 2023, beneficiando diretamente 52 pessoas.
A coordenadora do Programa de Infraestrutura do PSA, Jussara Batista, contou que recentemente, o PSA iniciou o processo de execução de 744 tecnologias sociais novamente pelo Programa Cisternas, onde todas prevêm a instalação de banheiros. “O projeto beneficiará famílias da Resex Tapajós Arapiuns, estima-se que cerca de 3 mil pessoas serão impactadas diretamente até janeiro de 2026”, ressalta.
Os banheiros auxiliam na melhora do saneamento básico na região. Com uma estrutura fixa, mudam consideravelmente a rotina das famílias que antes usavam banheiros improvisados no quintal. “Banheiros completos, com placa de concreto, piso com lajota, sanitário, descarga, pia, chuveiro e a fossa em baixo do sanitário” – explica um dos coordenadores do PSA, Davide Pompermaier.
Para o Cacique Domingos da aldeia Bragança, a construção das unidades proporcionou um alívio para a população indígena: “Traz mais esperança de mais saúde, mais higiene pra nós. Por isso a gente está muito feliz por esse projeto ter trazido esse trabalho pra nossa aldeia”.
O Tuxáua Léo da aldeia Takuara, lembra da contaminação a que eram expostos os moradores: “Antes a gente fazia uns banheirozinhos de madeira, fazia xixi e isso ficava em cima da terra. Aí criava aquele micróbio e isso pode estar até contaminando o ser humano. E com esses banheiros, poxa, vai ser muito legal”.
A estrutura usada até então, deu lugar a um banheiro seguro, sem necessidade de se deslocar no escuro, narram os moradores:
“A gente sempre teve um banheiro lá fora. Hoje em dia a gente tem dentro de casa. Não é mais preciso a gente ir pra fora” – Rosilene Santos, várzea de Santarém.
“Eu sinceramente, nunca pensei em ter um banheiro assim. Sempre que eu ia a cidade dizia a Isaias que é meu esposo, bora comprar uma pia, mas o dinheiro nunca dava” – Maria Alves, Marai.
“Era de palha né. Dentro tinha só um chuveiro” – Elciene Santos, Aldeia Bragança.
https://soundcloud.com/projeto-saudede-e-alegria/alo-comunidade-banheiros-garantem-dignidade-a-povos-da-floresta?si=56e8ab2f0c33443ab938e151822073db&utm_source=clipboard&utm_medium=text&utm_campaign=social_sharing
Programação do dia mundial dos banheiros
O Instituto Água e Saneamento (IAS) e a Rede Saneamento promoverão um ciclo de debates entre os dias 22 e 23 de novembro, alusiva à programação do dia Mundial dos Banheiros 2023. O evento terá 5 mesas técnicas que abordarão temas pertinentes ao setor. O PSA participará da mesa “Saneamento Rural: Panoramas e Desafios nos Distintos Brasis” apresentando suas ações para o bem viver de povos tradicionais da Amazônia. A mesa será realizada entre 9h30 e 11h do dia 23/11. O evento é online e gratuito.
Acesse para mais informações: https://diamundialdobanheiro.org.br/