Saúde e Alegria desembarca em três comunidades do Alto Arapiuns com caravana de educação, comunicação e mobilização em saúde

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Ao todo foram 7 dias de viagem, onde as comunidades Prainha do Maró, Cachoeira do Aruã e São Pedro receberam as atividades, somando um total de duzentos comunitários participantes.

Durante sete dias navegando pelas águas dos rios da Amazônia, entre eles Tapajós e Arapiuns, o Projeto Saúde e Alegria desembarcou nas comunidades Prainha do Maró, Cachoeira do Aruã e São Pedro, para levar informações para comunitários e indígenas sobre saúde da mulher, da criança e do meio ambiente.

Comunitários participando da ação em saúde da mulher, da criança e do meio ambiente

A ação ocorreu entre os dias 16 a 22 de junho, e teve como principal objetivo mobilizar os participantes das comunidades e aldeias através da educação e comunicação em saúde, com dinâmicas e metodologias aplicadas durante os encontros que permitissem uma troca a partir das realidades dos territórios.

Com uma equipe formada por 14 profissionais, dentre eles médicos, jornalistas, comunicadores, palhaças, cozinheiras, o PSA promoveu nas três comunidades momentos de conversa sobre temas relacionados a saúde, oficinas de educomunicação e retomou os trabalhos com o Circo Mocorongo.

A primeira comunidade onde a ação desembarcou foi em Prainha do Maró, que fica localizada na Resex Tapajós-Arapiuns, e em seguida nas comunidades Cachoeira do Aruã (PAE Lago Grande) e São Pedro (Resex).

Momento de apresentação entre equipe e comunidade.

A programação iniciava pela parte da manhã com um momento de apresentações entre equipe e comunitários, em seguida grupos eram divididos a partir das temáticas sobre saúde da mulher, da criança e do meio ambiente, onde cada participante decidia qual conversa iria participar. Já no período da tarde iniciavam as oficinas de educomunicação, trabalhando mídias como vídeos para tik tok, fotonovelas e áudios (vinhetas e podcast), onde os comunitários planejaram os conteúdos dos produtos a partir dos temas de saúde que envolviam a comunidade. E para encerrar as atividades, no dia posterior acontecia pela manhã a realização do Circo Mocorongo, que envolvia todos que participaram das atividades e pessoas que foram prestigiar.

Saúde da mulher, da criança e do meio ambiente

A viagem teve três eixos temáticos trabalhados de acordo com a realidade dos territórios: saúde da mulher, da criança e do meio ambiente. Eugênio Scannavino, médico e fundador do PSA, explica que “essa foi uma campanha que realizamos com apoio de parceiros, no sentido de valorizar a saúde da mulher, do ambiente e da criança, que são três pontos que estão bastante críticos na região, especialmente em relação ao PCCU que tem baixos índices de adesão, onde há um esforço dos enfermeiros em fazer com que as pessoas procurem esse exame, assim como a vacina do HPV para os jovens, entre outros”.

Momento de conversa coletiva sobre saúde na comunidade.

Se tratando de Amazônia as dificuldades de se acessar os serviços de saúde são inúmeras, principalmente para as comunidades e aldeias às margens’ dos rios, por isso a importância de iniciativas que levem até as comunidades ações envolvendo profissionais da saúde, mas também outro ponto importante de se levar é a informação, pois em muitos casos as pessoas não procuram a unidade básica da comunidade por desconhecerem a importância de alguns serviços e exames, gerando assim preconceitos que impactam em sua saúde. Como é o caso do PCCU, onde muitas mulheres não aderem por alguns mitos criados em torno do exame, ou até mesmo a proibição de alguns maridos da realização por o enfermeiro local ser um homem.

Roda de conversa sobre saúde da mulher.

Paulo Peniche, enfermeiro assistencialista da região do Maró, relata que quando começou a trabalhar na região percebeu que as mulheres apresentavam um certo preconceito por ele ser homem, mas aponta também que “tem também a questão cultural, além da vergonha que a maioria tem”.

A enfermeira gerente Edimara Costa, do polo São Pedro, comenta que durante a dinâmica de grupos sobre os temas, no de saúde da mulher percebeu que a maioria não procura fazer seus exames por vergonha. “Algumas têm receio, alguns traumas referentes a tabus de saúde da mulher, e vimos que por isso o índice está baixo, nós temos muito material de coleta, e o que falta pra essas mulheres procurarem? Conscientização para essa prevenção do câncer uterino”.

Comunitárias em momento de roda de conversa falando sobre PCCU.

As rodas de conversa sobre os três temas serviram exatamente para informar e conscientizar a população sobre as questões que envolvem a saúde desde a infância até a fase adulta, e também como cuidar do meio ambiente é importante para que a saúde de todos esteja protegida.

Nesses momentos de conversa, a equipe médica da ação foi quem mediou os debates dentro dos grupos, promovendo também um momento de escuta para entender quais eram os principais problemas de cada localidade.

Educomunicação como ferramenta de empoderamento dos comunitários

Após os momentos de conversa entre os participantes e médicos, jornalistas e comunicadores fizeram a facilitação de oficinas de fotonovela, tik tok e vinhetas de rádio, com os comunitários para transformar seus conhecimentos sobre os temas em conteúdos que possam ser utilizados para informar outras comunidades e aldeias através do rádio e redes sociais.

Crianças se preparando para gravação de tik tok.

Durante as oficinas foram repassadas algumas técnicas de como utilizar as mídias, e em seguida os próprios participantes colocaram no papel os temas que queriam abordar. Com a facilitação dos comunicadores foi possível roteirizar e gravar toda a ideia de cada território, e os resultados foram vídeos, áudios e imagens informativas ilustrando e contando a realidade de cada lugar, além de conscientizar as pessoas sobre a importância da saúde da mulher, da criança e do meio ambiente.

Oficina de vinhetas: momento onde os participantes produziam suas vinhetas.

O objetivo do Saúde e Alegria com esses materiais é promover informação em saúde para outros territórios, utilizando essas produções feitas pelas comunidades que participaram da ação. A estratégia será a veiculação em rádios comunitárias e comerciais, além dos perfis de redes sociais que aderirem às campanhas.

Culinária nutritiva: novas possibilidades a partir da comida local

Durante a programação, também foi disponibilizado a oficina de culinária nutritiva para quem tivesse interesse em fazer uma troca de saberes a partir dos ingredientes da Amazônia, e como eles podem ser utilizados de diversas formas.

Oficina de culinária nutritiva com ingredientes que os comunitários trouxeram de suas casas.

O objetivo principal da oficina foi motivar os participantes a usarem os produtos que possuem em seus quintais de outras formas para além daquelas que utilizam no dia a dia, em novas receitas que foram repassadas pela facilitadora e chefe de cozinha Ana.

A oficina ocorreu durante o primeiro dia de cada comunidade, e a noite era promovido um momento de degustação para toda comunidade, onde as receitas eram apresentadas pelos comunitários que as fizeram e em seguida toda comunidade podia provar um pouco da culinária nutritiva.

Momento de degustação aberto para a comunidade

A volta do Circo Mocorongo

Ao longo da história de atuação do PSA, além de levar saúde para as comunidades da Amazônia, também se leva alegria, que acontece através do Circo Mocorongo, que estava com suas atividades pausadas, mas nessa viagem retornou com toda força para levar informação e diversão para Prainha do Maró, Cachoeira do Aruã e São Pedro.

Após as rodas de conversas e oficinas de educomunicação, todos e todas eram envolvidos pela magia do Circo Mocorongo, que promoveu a interação entre os participantes fazendo com que eles fossem os protagonistas de cada espetáculo.

Momento de despedida do Circo Mocorongo.

Com a possibilidade de utilizarem adereços, cada criança e adulto que se envolveu no circo pode ter um dia de palhaço, e fazer um circo que leva informação e conscientização sobre saúde.

Comunidade se produzindo para participar do Circo Mocorongo.

Elis Lucien, arte educadora e palhaça do Circo Mocorongo, comenta sobre o objetivo do Circo na atuação do PSA, “a arte, a educação e a ludicidade elas se encontram nesse grande dia do Circo Mocorongo, é quando a gente, os colaboradores da saúde e alegria, transformam a informação das oficinas sejam elas quais foram, para dentro do circo com a magia da educação transformadora. Dentro da ludicidade a gente leva a informação e põe uma pitada de alegria e diversão”.

Elis Lucien, arte educadora e palhaça do Circo Mocorongo.

O momento do circo é quando os olhos, ouvidos e sorrisos ficam atentos para receber informações, através dos números feitos pelos colaboradores do PSA e comunitários, que juntos fazem a magia acontecer. Magia essa que já acontece há muitos anos e ainda é lembrada por quem já vivenciou o Circo Mocorongo, como relata Elis.

“Nessa grande retomada do circo, ele foi recebido da mesma forma como 30 anos atrás, eu fiquei assim maravilhada com a alegria, as pessoas não perderam o ânimo não e aí quando nós fizemos nas comunidades pessoas tinham lembranças do circo. Então a metodologia do Circo Mocorongo, da arte educação e da ludicidade é a nossa marca. É o Saúde e Alegria levando informação e comunicação da maneira que a gente mais sabe fazer, e como diz o nosso querido Magnólio: a alegria não tira a nossa seriedade”.

Final do circo com toda comunidade.

Ao todo foram 7 dias de viagem, onde três comunidades receberam as atividades, somando um total de 200 comunitários participantes. Essa ação contou com o apoio Rotary Internacional e da empresa Briston, parceiros do Projeto Saúde e Alegria.

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