Ação reforçou as informações sobre saúde da mulher e efeitos das mudanças climáticas que já impacta os territórios
Uma expedição com médicos, enfermeiros e arte-educadores levou atendimentos de saúde e informações às comunidades do Rio Arapiuns, são elas: Anã, Curi, São Miguel e Vila Gorete. Além disso, os territórios aproveitaram as oficinas de Educomunicação, entre os dias 16 e 25 de setembro. A ação é a soma de uma união de esforços entre o Projeto Saúde e Alegria (PSA), Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e Universidade Estadual do Pará (UEPA).
O objetivo foi fortalecer as orientações sobre saúde da mulher, além de levar exames e atendimentos ginecológicos, e também orientar sobre os efeitos das mudanças climáticas que atingem a região. O período de seca e queimadas afeta populações tradicionais que tem dificuldade no acesso à saúde. Por conta das mudanças climáticas, mais casos de síndromes respiratórias são registrados nesta região.
“Atividades de arte-educação, educação em saúde, e de assistência em saúde. É uma articulação para garantir o direito de todas as mulheres terem acesso à saúde. Viemos trazer consultas e exames até as mulheres, e as comunidades e aldeias abraçaram, correram atrás para receber esses atendimentos” disse a Assistente Social do PSA, Efraina Barbosa.
“Hoje tá muito difícil pra nós, esse acesso em questão de saúde. Como está seco, os pacientes enfrentam dificuldades pra sair daqui. Na comunidade, temos muitas pessoas idosas, e na Unidade vão em busca de alguma solução pra melhorar a saúde” pontuou o Presidente da comunidade Vila Gorete, José Rodineles.
“A crise climática nos afeta, prejudica nossa saúde, as temperaturas estão muito diferentes e ainda tem o mês de outubro pra secar. A nossa comunidade está sofrendo também para conduzir os alimentos que compramos em Santarém, o barco fica muito longe, muito fora e as dificuldades são imensas” destacou a Liderança da Comunidade Anã, Maria Odila.
Além dos atendimentos em saúde, a ação contou com apresentação do Gran-Circo Mocorongo, que promoveu importantes mensagens sobre os direitos das mulheres e proteção das crianças. Uma ação que contou também com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, e de comunitários que se mobilizaram para receber as equipes.
“Esse é um trabalho de arte-educação circense, que utiliza a arte para falar sobre diversos conteúdos. Falamos sobre direitos das crianças, alimentação e meio ambiente, além de resgatar essa grande problemática que é a violência contra crianças e adolescentes. A gente integra esses conteúdos, e fala também dos direitos dessas crianças” explicou o Educomunicador do PSA, Luiz Evandro.
Além dos atendimentos em saúde e das orientações do Gran Circo Mocorongo, as crianças e jovens também receberam oficinas de comunicação para a produção de vídeos, TikTok, PodCast, fotonovelas e histórias em quadrinhos, como isso colabora para a propagação de informações sobre a saúde e cuidado com o meio ambiente.
“Eu sinto que os jovens já tem essa linguagem do audiovisual, com os celulares, a internet. Eles tem essa ideia, mas incentivamos o olhar crítico, por meio da educomunicação, a gente leva uma reflexão sobre o que vai ser exibido, prevenções sobre os perigos e também benefícios” enfatizou o Educomunicador do PSA, Israel Campos.
A expedição, em comunidades do Rio Arapiuns, levou estudantes do curso de Medicina da UEPA, para compreender o conceito de saúde, e realizar atendimentos em ribeirinhos e indígenas. O objetivo é promover aos estudantes uma extensão com aulas que apresentem novas realidades e necessidades enfrentadas na região Amazônica.
“Eu acredito muito na extensão popular, como uma das formas de você aplicar os conhecimentos da universidade. Isso é pensar saúde de uma forma mais ampla, um internato de saúde coletiva, de saúde pública. É fazer eles entenderem que a saúde é muito além da medicina, e que saúde é um conceito muito amplo” ressaltou Ana Carolina Porto, médica infectologista do PSA.
Saúde na Amazônia
Realizar atendimentos nesses territórios sempre foi um desafio. Por conta das mudanças climáticas, seca, queimadas e as fumaças, as populações estão adoecendo mais rápido e chegar até essas comunidades está ainda mais difícil. A logística de transporte, chegada de alimentos e os lagos secos preocupam quem mora nesses territórios, pelo medo de ficarem isoladas.
“Nós estamos aqui dando uma força, a gente quer fortalecer o poder público, fortalecer o serviço de saúde. Nós não estamos aqui para substituir o SUS, nós estamos aqui para fortalecer o SUS. Cabe o nosso apoio técnico, como também cabe a mobilização, o controle social das lideranças. Neste momento, o Abaré II, ele atende o médio e alto Arapiuns. Então, nós estamos num grande esforço para fazer com que ele vá lá regularmente, atenda com todos os serviços. Nesta área do médio e baixo Arapiuns, e tem estratégia de saúde ribeirinha. É uma estratégia um pouco diferente, onde o médico mora na comunidade ou as equipes volantes vêm de Santarém apoiadas por barcos, usando pontos de apoio.” enfatizou Eugênio Scanavinno, médico e fundador do PSA.
O PSA trabalha com parceiro que somam esforços às políticas públicas para garantir o direito à saúde e reduzir os níveis de exclusão das comunidades amazônicas, tornando serviços assistenciais e do campo da atenção básica mais acessíveis. Atua em duas frentes: atenção básica em saúde e saneamento básico, ambas envolvendo educação e prevenção. Com as mudanças climáticas, ações como essa garantem o acesso a saúde de qualidade e evita as viagens de longas distâncias para realizar exames e consultas.
“O nosso sonho é que o Abaré I também possa vir aqui, as unidades fluviais também cubram aqui, porque elas têm especialidades, elas têm laboratório, a gente pode fazer jornadas odontológicas, é uma demanda enorme aqui de dentista, de saúde oral. Jornadas de laboratório, porque tem muita demanda de laboratório, até o paciente ir lá pra Santarém fazer o exame, pegar o resultado. Isso tudo aqui a gente resolve com a Unidade Fluvial.” finalizou Eugênio.