Evento realizado pela The Nature Conservancy no período de 28 a 30 de maio em Alter do Chão destacou o monitoramento necessário para manter a saúde do Rio Tapajós. Durante os dias do evento, os participantes visitaram a aldeia indígena Solimões que desenvolve o monitoramento da qualidade da água e processo migratório de peixes com tecnologia;
Estratégica a vila balneária de Alter do Chão foi palco para discussões diretamente ligadas ao futuro do aquífero. Entender como protocolos de monitoramento da qualidade da água, dos recursos pesqueiros e da biodiversidade de água doce foram questionamentos feitos durante o encontro para o planejamento territorial e desenvolvimento local do Tapajós.
As boas práticas para engajar a comunidade no monitoramento da biodiversidade de água doce pautadas em experiências nacionais e internacionais foram referenciadas para que possam ser replicadas. Uma dessas iniciativas foi conhecida de perto pelos participantes que viajaram até a aldeia indígena Solimões, localizada na margem do Rio Tapajós. Os estudantes selecionados pelo Projeto Ciência Cidadã da Wildlife Conservation Society, gerido em Santarém pela Sapopema com apoio do Projeto Saúde e Alegria contaram como desenvolveram o uso das tecnologias durante oito meses. Apesar da experiência piloto ter sido encerrada, os estudantes afirmaram que vão continuar usando as ferramentas para o monitoramento das espécies aquáticas e qualidade através do ICTIO e Foldescope, respectivamente.
A diretora de gestão socioeconômica da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) – Haydee Marinho disse que ficou feliz com a iniciativa: “foi maravilhoso saber de experiências de monitoramento de qualidade da água e peixes pela própria comunidade. Isso é o que a gente mais quer, que ações como essa sejam desenvolvidas e que o monitoramento socioeconômico seja sempre comunitário”.
Além da visita à aldeia, o segundo dia também possibilitou aos participantes conhecerem a comunidade Carão, localizada na Resex Tapajós Arapiuns e as diferentes iniciativas desenvolvidas pelo projetos Saúde e Alegria, com foco à saúde, a geração de renda, sustentabilidade e conservação do meio ambiente.
Os desafios do monitoramento são grandes e perpassam pela governança, segurança hídrica e direitos das comunidades ribeirinhas. Representantes do Governo do Pará, Mato Grosso e do amazonas – estados que compõem a bacia do Tapajós, professores de diferentes disciplinas da UFOPA e das ONGs Saúde e Alegria, WCS e Sapopema discutiram sobre as possibilidades para proteger a bacia, contou a Gerente de infraestrutura da TNC – Karem Oliveira: “O processo de desenvolvimento sustentável é necessário, mas um dos grandes desafios é que esse desenvolvimento econômico seja transportado em desenvolvimento local, social”
Desafios da Bacia do Tapajós
Rica em biodiversidade, a Bacia do Tapajós, localizada nos estados do Mato Grosso, Pará e Amazonas, que liga o Cerrado à Amazônia, é uma das mais ameaçadas na Bacia Amazônica por projetos de empreendimentos hidrelétricos construídos e em planejamento, ao não ser considerado o efeito cumulativo de impactos destas barragens.
Para pesquisadores é preciso a união de esforços para que o desenvolvimento seja sustentável e não implique em danos irreversíveis, contou a professora da Ufopa – Socorro Pena: “implementação de políticas públicas, algumas emergenciais. Estamos no processo que exige algumas ações, como a construção de cenários, de diagnósticos, alguns instrumentos de planejamento, articulando os três níveis de governo”.
Para tanto é fundamental a participação coletiva da sociedade, reforçou o coordenador de empreendedorismo do Projeto Saúde e Alegria – Paulo Lima: “tentar criar um início de um plano de trabalho para que a gente possa fortalecer a nossas ações. Estamos fragmentados, afastados uns dos outros, e a pressão sobre a bacia do Tapajós será muito forte se não tivermos bons estudos, boas argumentações e importantes alternativas, temos um futuro de grande risco de não deixarmos para os nossos descendentes”
Os pesquisadores avaliam que se medidas urgentes não forem tomadas, há impactos diretos que afetarão as populações da região e a médio/longo prazo, a sociedade externa, explica o coordenador da Sapopema – Antônio José Bentes: “pensar nesse contexto, nas ações no sentido do que o vai ser implementado na região possa trazer benefícios para os povos da própria região. Essa coalização de esforços traz o debate de fazer o monitoramento com ênfase nos recursos hídricos articulados com todos os outros.”