A espera durou mais de três décadas para os moradores da aldeia Takuara, na Flona. Nesta quarta (20), as quarenta e quatro famílias indígenas puderam comemorar a conclusão das obras de construção do sistema de abastecimento. Agora, os moradores indígenas tem acesso à rede com água potável.
“Perdemos 12 índios em trinta dias” lamentou o presidente da Confederação dos Moradores da Floresta Nacional do Tapajós sobre a morte de indígenas devido a contaminação da água usada na aldeia, localizada na floresta amazônica. Por muitos anos, os povos tradicionais dessa região usavam o líquido retirado de uma cacimba (buraco aberto manualmente pelos moradores). Com alto índice de contaminação, alguns indígenas acabaram morrendo devido a ingestão do líquido.
Os episódios serviram de incentivo para que eles buscassem novas formas de captação de água e apoio. Apesar da luta, não desistiram e acreditaram na possibilidade de um dia ter água encanada de qualidade. A esperança deu certo: “Ao longo de trinta anos, lutamos por uma água de qualidade pra essas populações, pra essas crianças que viviam pegando água na cacinba, carregando na cabeça, as mulheres lavando roupa na cacinba, as criança bebendo água nela. Hoje graças a Deus temos água com abundância, sem nenhum problema” – comemorou o cacique da aldeia Leonardo Pereira.
Através de parceria de várias entidades o sistema vai beneficiar as quarenta e quatro famílias indígenas. O Projeto Saúde e Alegria executor das obras contou com o financiamento da fundação Avina para implantar o sistema de alta tecnologia e de uma grande logística, explicou o responsável técnico do PSA, Carlos Dombroski:
“O sistema é composto por um poço de 80 metros de profundidade todo revestido com tubo geomecanico, construção de concreto armado de sete metros de altura, instalação de uma caixa de vinte mil litros, uma bomba de três cv movida a energia solar e implemento de energia solar que aciona a bomba de forma automática, cerca em volta do sistema”.
Cerimônia de inauguração
O dia foi de muita festa na aldeia. Os indígenas fizeram questão de preparar o espaço, as comidas típicas e a recepção com direito a dança tradicional e rituais.
Na composição da mesa, os envolvidos no projeto destacaram a felicidade em contribuir com a qualidade de vida através da água: “Eu fico muito feliz de ver que isso é reforçado como uma conquista de vocês. Isso é muito importante porque serve de exemplo pra outras comunidades que ainda não alcançaram isso” – disse a coordenadora da Avina, Telma Rocha.
O coordenador do PSA, Caetano Scanavinno também reforçou o sentimento compartilhado: “Eu fico feliz de voltar aqui e ver que aquelas doenças relativas à água melhorou e isso aí é resultado de vocês que não desistiram do sonho. A gente assessora, mas vocês dão uma aula de que a gente tem que sempre persistir e buscar o nosso sonho”.
Além de saúde o dia foi de alegria. O circo Mocorongo levou muita animação através dos palhaços que reuniram a participação de crianças, jovens e adultos na brincadeira.