O objetivo é trocar experiências para replicar, nos territórios do Trombetas, soluções de abastecimento de água e o enfrentamento as mudanças climáticas que afetam a vida nesses territórios
O Projeto Saúde e Alegria (PSA), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social continuam os trabalhos para implantar sistemas de abastecimento de água em territórios quilombolas do Rio Trombetas. Em uma das etapas até a implantação, lideranças das associações quilombolas de Oriximiná e Óbidos participaram de visitas em comunidades do Rio Arapiuns para conhecerem as tecnologias sociais de acesso à água.
“A gente mora na Amazônia, mas cada território tem a sua realidade. Isso chama atenção e levamos experiências ao nosso território, que é um pouco diferente, mas que poderiam ser aplicadas também dentro do nosso território. Apesar das diversidades que nós temos, o sistema comunitário chama atenção, porque ele traz a segurança para que todos tenham acesso a água nas comunidades” afirmou Presidente da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO), Rogério Oliveira.
O Programa Cisternas deve impactar na qualidade de vida e no bem estar dessas populações que sofrem com a dificuldade de acesso à água potável, situação agravada por conta dos extremos climáticos que afetam a Amazônia. As visitas aos territórios aproximam ainda mais do objetivo de atender essa população com as tecnologias que melhoram a infraestrutura comunitária de acesso a água, banheiros e esgotamento domiciliar e sanitário. Comunidades onde já funcionam os sistemas compartilharam como essa ferramenta é importante e necessária para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas.
“As tecnologias sociais de acesso à água têm ajudado em meio a essa seca braba nas áreas mais vulneráveis. A ideia dessa visita é trocar experiências com a turma daqui para replicar no Trombetas as soluções que estão dando certo, auto-geridas pelas próprias comunidades e aldeias. Navegar é preciso, enquanto tem água. Sigamos!” enfatizou o Coordenador do PSA, Caetano Scannavino.
Na região do Trombetas são 37 comunidades remanescentes de quilombos, onde vivem cerca de 3.500 famílias. Com a construção dos sistemas nos territórios quilombolas do Rio Trombetas, o Programa deve beneficiar mais de 110 famílias, em comunidades que já sentem os impactos da estiagem e a dificuldade para captar água. Nessa região, as populações estão impactadas pela seca extrema que dificulta em questões básicas. Os sistemas de abastecimento de água garantem a redução de doenças, provocadas pela contaminação pela água, e mais qualidade de vida a essa população.
“Desde o ano passado, estamos enfrentando vários problemas ligados à saúde, transporte, falta de água potável, e acesso à escola. Estamos em diálogo com o PSA e com a coordenação das comunidades na esperança da implantação desse projeto” destacou o morador da Comunidade Abuí Grande, Carlos Printes, no município de Oriximiná.
“Durante a estiagem, a gente é afetado diretamente, ocorre isolamento, dificuldade nesse transporte. Analisando o projeto em si, ele pode contemplar diversas comunidades. Cada realidade tem que ser pensada, para que possamos buscar esses projetos que buscam ajudar a vida sem quem vive nessas comunidades” enfatizou o Coordenador de apoio da ARQMO, Everson Yan.
Programa Cisternas
O Programa Cisternas é uma iniciativa do PSA vinculado ao Ministério do Desenvolvimento. Entre os anos de 2018 a 2021 foram implementadas 1.239 tecnologias sociais de acesso à água por meio do Programa Cisternas, dessas, 775 previam também a instalação de banheiros. Beneficiando comunidades dos municípios de Santarém, Belterra e Itaituba, impactando diretamente 3.100 pessoas com acesso à banheiros e esgotamento domiciliar e sanitário. O Programa continua com as atividades e busca ampliar cada vez mais os atendimentos pelas tecnologias de acesso à água.
“As nossas tecnologias são soluções interessantes e inovadoras para o que a Amazônia Legal vem enfrentando em relação às mudanças climáticas” ressaltou Patrícia Mollo, do Programa Cisternas do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.