Cerimônia de entrega realizada nesta sexta-feira (17), contou com a presença de lideranças, parceiros, apoiadores e Ministério da Cidadania;
O maior sistema de abastecimento de água construído pelo Projeto Saúde e Alegria com parceiros e apoiadores foi entregue nesta sexta-feira na Comunidade Parauá na Resex Tapajós Arapiuns para 156 famílias, das quais 126 têm módulo domiciliar de captação de chuva. São 4.029 metros de extensão de rede com sistema de bombeamento híbrido (solar-diesel) de 5CV, reservatório de 15 mil litros, 24 painéis de 330Wp, inversor de frequência 5,5KW, bomba submersa de 5CV e grupo gerador de 12,5KVA.
O sistema compreende abastecimento e captação de água da chuva na comunidade polo e adjacentes, beneficiando mais de mil moradores de Mangal [entrega realizada em maio/2021], Retiro [entrega em dezembro/2020] e Parauá. “Estamos inaugurando o maior conglomerado de empreendimentos na área de água e saneamento. Beneficiando mais de mil pessoas dessas comunidades. São investimentos, porque melhorar o acesso da água, das condições sanitárias acaba reduzindo as doenças de veiculação hídrica, principalmente a mortalidade infantil, onde a maior causa é justamente o consumo da água suja do Tapajós. É um dia histórico, até pela dificuldade que foi viabilizar esses investimentos num polo com número de famílias acima da média” – ressaltou um dos coordenadores do PSA, Caetano Scannavino.
O momento é de dupla alegria para o médico-fundador do PSA, Eugênio Scannavino que na década de 80, presenciou inúmeras mortes devido a alta incidência de contaminação pela ingestão de água contaminada. “Eu comecei como médico aqui em 1984. Vim atender e o maior problema que tinha aqui era diarreia, verme, anemia por causa da água que vinha da cacimba e do rio. É um orgulho a gente poder hoje trazer sistema de água, uma das coisas melhores pra nós médicos é entregar sistemas de água”.
A cerimônia de entrega que contou com a presença de representantes do Projeto Saúde e Alegria, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), Organização Tapajoara, Conselho Indígena Tupinambá – CITUPY, Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca (Semap) e Ministério da Cidadania, foi importante para os moradores que puderam exibir seus sistemas concluídos e comemorar a vitória pelo acesso à água.
“Realizados é a palavra que define o sentimento coletivo vivido por toda a comunidade nesse momento. Uma obra como essa marca a história da nossa comunidade e provoca uma mudança pra melhor em muitos aspectos do dia a dia de nossas vidas. Deixo registrado a nossa gratidão a todos que nos ajudaram a realizar esse sonho” – disse o Coordenador do sistema de água de Parauá, Alessandro Vasconcelos.
Para o diretor do departamento de águas do Ministério da Cidadania, Antônio Lins, que participou da entrega, a celebração marca o avanço do Programa Cisternas na região Norte do país. “A gente geralmente acha que o Norte tem abundância de água, mas não tem água potável. Esse projeto traz isso, a saúde, a dignidade para os usuários desses sistemas. Hoje a gente está fazendo a entrega de um projeto que tem contemplado mais de mil e cem famílias em áreas de difícil acesso, e que enfrentamos algumas dificuldades, principalmente no período da pandemia, mas que hoje a gente teve o sucesso, pode ver o sorriso, a esperança, o brilho no olho de cada uma dessas famílias que fazem uso dessa água”.
As comunidades foram beneficiadas com o Programa Cisterna do Ministério da Cidadania, coordenado na região pelo Projeto Saúde e Alegria e executado pela Somechdh. “Essa conquista é uma conquista comunitária. Enfrentamos uma pandemia. Mas aconteceu e a gente fica muito feliz porque foram atendidas três comunidades” – comentou a coordenadora social da Somecdh, Michele Monteiro.
Para os parceiros, a conclusão dos sistemas é uma conquista de todos os esforços, em meio a pandemia da covid-19 que acentuou as dificuldades logísticas e sanitárias.
“É importante enfatizar que tudo isso só é possível de ser construído se estiver todo mundo junto e unido no mesmo objetivo” – analista ambiental ICMBio, Jaqueline Nóbrega.
“A gente tem grande gratidão ao PSA que por onde passa, deixa um legado. Faz o que o governo deveria fazer. Isso aqui é uma política pública” – coordenadora do CETUPy, Raquel Tupinanbá.
“Se o povo tem água de qualidade, ele tem saúde. Eu quero aqui tirar o cocá para o PSA, como indígena, para mostrar que isso é parceria” – presidente da Organização TAPAJOARA, Dinael Arapiuns.
As obras são fruto do apoio do Governo Federal/Ministério da Cidadania, Fundação Avina/Instituto Coca cola, BNDES/Fundo Amazônia e MOTT Foundation.
Gestão comunitária
Um dos requisitos para implantação das tecnologias sociais é a participação comunitária, considerada base para construção de sistemas de acesso à água. As tecnologias são construídas de forma participativa por quem será beneficiado pelo projeto de instalação hidráulica. A estratégia é garantir o pertencimento e empoderamento das comunidades. Para tanto são realizadas reuniões, mutirões onde os moradores escavaram o caminho para levar a rede hidráulica subterrânea para todas as casas. E assim, aprenderam juntos como funciona uma rede de abastecimento enquanto outras equipes trabalham com técnicos na perfuração do poço e construção do elevado para instalar a caixa d’água central. Essa metodologia é adotada em todos os projetos de instalações hidráulicas para que os próprios comunitários possam cuidar e realizar manutenção nos sistemas.
Em maio deste ano, os moradores de Mangal, Retiro e Parauá na Resex participaram de capacitações para gestão e uso racional de água.
No mês de agosto de 2021, amostras de água do sistema comunitário foram coletadas para análise de potabilidade do líquido.