Mais de trezentas lideranças da Amazônia discutem soluções para levar energia para populações da floresta

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II Encontro Energias e Comunidades foi sediado em Belém no período de 9 a 11 de maio. Evento foi realizado pelas organizações representativas Coiab, Fepipa, Conaq, Malungo, CNS e pela Rede Energia e Comunidades, formada por um grupo de organizações, dentre elas o Projeto Saúde e Alegria

Uma grande mobilização propositiva reuniu mais de 300 lideranças da Amazônia, indígenas, quilombolas e extrativistas, para fazer chegar energia para aproximadamente um milhão de amazônidas ainda sem energia elétrica. O evento inovou ao adotar uma dinâmica inédita, iniciando com as comunidades, que se reuniram em grupos, levantaram suas demandas e propostas, e as apresentaram para autoridades dos Ministérios MME, MDA, MMA, MIR, MDS.

Abrimos a primeira mesa plenária apenas com as lideranças comunitárias apresentando os resultados dos grupos, e as autoridades na escuta. Depois, chegou a vez da mesa com os representantes dos governos para responderem as críticas, necessidades e reivindicações apresentadas”, explicou o coordenador do Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino.

Lideranças de populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas fazem debate de abertura no II Encontro Energias & Comunidades. Fotos: Caetano Scannavino.

Painéis com experiências demonstrativas no uso social e produtivo das energias renováveis, de casa de farinha e barcos solares com soluções para internet, conservação de vacinas, bombeamento de água, telemedicina foram parte do evento. Do encontro, saiu uma carta em defesa da inclusão e bem-viver das famílias ainda sem luz, pela construção de políticas e estratégias de universalização da energia, disseminação de soluções já encontradas e bem sucedidas e por tecnologias de ponta, na ponta a serviço dos povos da floresta. “Uma honra estarmos juntos nessa aliança entre Projeto Saúde e Alegria, CNS, COIAB, CONAQ, MALUNGU, FEPIPA, ISA, WWF, IEMA, ICS, MOTT e outros parceiros, além de todos esses mestres e mestras indígenas, quilombolas e extrativistas que nos ensinam a nunca desistir do que é de direito”, defende Scannavino.

Ao longo dos três dias, foram promovidas rodas de conversas com representantes de comunidades remotas e que precisam de sistemas isolados de energia elétrica, prioritariamente povos indígenas, extrativistas e quilombolas. A partir desses diálogos, os grupos formados e redes presentes incidiram nas políticas públicas para a universalização de energia, com foco em renováveis, e para apresentar soluções para a Região Norte.

Projeto Saúde e Alegria realizou dinâmica de abertura do evento.

Para o Projeto Saúde e Alegria que integra a Rede Energia e Comunidades, o  II Encontro Energia & Comunidades foi um momento importante para a consolidação de propostas concretas em comunidades da Amazônia. Historicamente o PSA se preocupa com o acesso à energia em comunidades isoladas do contexto urbano. Sem energia, as populações sofrem com a falta de acondicionamento de alimentos e de comunicação, por exemplo.

O PSA atua na eletrificação rural com soluções adaptadas ao contexto das comunidades ribeirinhas que não possuem acesso à rede de distribuição. Com isso, os geradores a diesel vêm sendo substituídos por sistemas de energia solar off grid que são dimensionados para atender demandas de uso individual (residências) ou de uso coletivo (escolas, UBS, sistema de abastecimento de água, telecentros e empreendimentos comunitários).

De acordo com a coordenadora do Núcleo de  Água, Saneamento e Energias Renováveis, Jussara Batista, desde 2017, o PSA já instalou sistemas de energia solar off grid em mais de 40 comunidades, beneficiando diretamente mais de 3.000 famílias dos territórios RESEX Tapajós Arapiuns, FLONA do Tapajós, PAE Lago Grande, TI Maró e TI Sawré Muybu, TI Sai Cinza e TI Munduruku.

Experiência com instalações de sistemas de energia solar promovidas pelo PSA em territórios indígenas foi compartilhada durante encontro.

Na Amazônia a falta de acesso à energia elétrica da rede impacta principalmente as populações tradicionais de comunidades remotas. Promover a escuta dos povos e indicar soluções para viabilizar a universalização da energia foram os pontos principais do evento. Tivemos momentos ricos de discussões e apresentação de soluções. O PSA participa da Rede Energia & Comunidades e apoiou a organização do evento, tivemos a oportunidade de contribuir com as nossas ações e experiências em energias renováveis, que possibilitam também o acesso à educação, a saúde, a conexão/comunicação e a geração de renda”, ressalta Batista.

O II Encontro Energia & Comunidades foi realizado pelas organizações representativas dos beneficiários Coiab, Fepipa, Conaq, Malungo, CNS e pela Rede Energia e Comunidades (formada pela Frente por uma Nova Política Energética para o Brasil, Fórum de Energias Renováveis de Roraima, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), International Energy Initiative – IEI Brasil, Instituto Socioambiental (ISA), Litro de Luz, Projeto Saúde e Alegria (PSA) e WWF-Brasil).

Palhaço Curumim não poupou nem o Governo Federal na dinâmica de escuta das demandas de inclusão energética dos povos da floresta. Antonio Crioulo, Diretor da Secretaria de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais do MDA.

A iniciativa buscou promover um amplo debate com transparência e participação ativa dessas populações junto aos representantes governamentais e distribuidoras de eletricidade para garantir com que suas demandas de acesso à energia, de pós-atendimento e de serviços energéticos sejam atendidas rapidamente e dimensionadas para as necessidades básicas e produtivas das comunidades.

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