Documento elaborado ao longo de quatro encontros entre as mulheres empreendedoras da floresta, do campo e das águas, endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Ministra Cida Gonçalves foi entregue na Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais do MMA com pedido de investimentos para áreas prioritárias
A delegação do Tapajós participou da Marcha das Margaridas em Brasília, representada por dezesseis mulheres das organizações FEAGLE, STTR, AMTR, Turiarte, Tapajoara, Cita, FOQS e Mopebam. Na terça-feira (15), a comitiva foi recebida pela Secretaria Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais do Ministério do Meio Ambiente (MMA), quando foi entregue o documento com solicitações das mulheres extrativistas, pescadoras, indígenas, agricultoras, quilombolas e artesãs da região do Tapajós e baixo Amazonas.
A carta foi produzida a partir do diálogo entre mais de sessenta mulheres das organizações de base comunitária dos territórios da Resex Tapajós Arapiuns, Várzea, Pae Lago Grande e região do planalto de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos mapeou muitos desafios em comum na luta pelo acesso à políticas públicas para a saúde da mulher, no combate à violência, na busca pela estruturação de seus empreendimentos, pela igualdade de gênero em atividades produtivas e na educação. A partir dos desafios e das fortalezas pensaram em soluções estratégicas para os territórios e propuseram mudanças para quem vive na floresta, no campo e nas águas. O documento foi validado no encontro para então ser entregue durante a 7º Edição da Marcha das Margaridas.
O objetivo da iniciativa foi identificar os desafios e demandas comuns vivenciados nas aldeias e comunidades e pensar soluções e propostas condizentes com a realidade amazônica. A carta que propõe ao Governo Federal a incorporação de propostas regionais para as áreas de negócios, território, educação, segurança da mulher, saúde e pesca, será ainda entregue ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, durante a intensa agenda da delegação em Brasília.
“É um momento muito importante vir pra Marcha das Margaridas antecipadas pra gente tentar conversar com os ministérios. Tivemos a oportunidade de visitar o Ministério do Meio Ambiente e falamos com a Secretária”, Vice-presidente da Tapajoara, Marilene Rocha.
“Esse momento é muito importante para essa parceria, pois possibilita acesso aos assuntos que a gente não tinha conhecimento, como a área da saúde, educação, território e principalmente a violência contra mulher e criança”, explica Nara Lúcia Azevedo, liderança da Ponte Alta, região do Eixo Forte.
A Marcha das Margaridas é definida como uma participação estratégica das mulheres do campo e da floresta que integram a agenda de Movimentos Sindicais, proporcionando reflexões sobre as condições de vida das mulheres. É também momento propositivo e de negociação política com o governo federal.
“Pensamos nessa estratégia de união das mulheres desses territórios, e como elas podem ter um norte para caminhar juntas em prol dessa fortaleza, porque os desafios são praticamente os mesmos. É um marco do projeto” – coordenadora do núcleo de negócios da sociobioeconomia de base comunitária do PSA, Olivia Beatriz.
Com o objetivo de fortalecer a participação das mulheres nas organizações de base comunitária como protagonistas nos empreendimentos, a marcha oportunizou fomentar a incidência sobre organização da produção, visão estratégica, empoderamento e sucessão das mulheres dentro das organizações nos territórios e o fortalecimento do protagonismo da mulher na agricultura familiar, no extrativismo e na economia solidária.
A presença da delegação foi possibilitada através da parceria entre o PSA e TNC. Se alinha à estratégia do Projeto Mulheres Empreendedoras da Floresta em que soma esforços do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém, financiado pela União Europeia e Fundo Amazônia.
“Temos atuado no território dentro do âmbito do projeto Águas do Tapajós para fortalecer as organizações de base. Nós reconhecemos que a participação da mulher é importante na conservação dos recursos naturais, na conservação dos recursos aquáticos”, conta a especialista em conservação da TNC, Lucilene Amaral.
“Esse é um momento importante, fruto de processo iniciado em março de 2020, quando foi lançado o projeto “Mulheres Empreendedoras da Floresta”, coordenado pelo PSA e STTR e que conta com a parceira institucional da Sapopema e de outras organizações. A articulação das mulheres pescadoras, agricultoras, indígenas, quilombolas, extrativistas e do campo foi fortalecida, integrando o plano de gênero da TNC. O esforço coletivo das organizações culminou com a elaboração dessa carta contendo as principais reivindicações da categoria”, Wandicleia Lopes, coordenadora da Sapopema, organização integrante do Conselho Consultivo do projeto.
[Acesse aqui a carta na íntegra]
Fotos: Lucinele Amaral