Sistemas fotovoltaicos instalados em aldeias mundurukus beneficiarão mais de 2,7 mil indígenas
O Programa de Infraestrutura do Projeto Saúde e Alegria concluiu a última etapa da implementação de sistemas fotovoltaicos nas aldeias Santa Maria, Teles Pires, Bom Futuro, Restinga, Missão São Francisco, Caroçal Cururu, Waró Apompo e Rio das Tropas, localizadas na região do Alto Tapajós, em Jacareacanga, no Pará. Com investimentos de mais de 126 mil, foram utilizados inversores e painéis modernos, cloradores, reservatórios e bombas submersas para operar sistemas de abastecimento de água movido a energia limpa e internet.
A iniciativa beneficia diretamente 2.730 pessoas de 660 famílias indígenas, que antes consumiam água dos rios contaminados por lama dos garimpos e agora passaram a usar os sistemas de água implementados e 2022.
“Muito feliz aqui dentro da aldeia e dentro da floresta”, comentou Eliseu Munduruku, liderança indígena da aldeia Santa Maria.
Fazer chegar os equipamentos de manejo delicado com segurança, transportados em caminhões, balsas e bajaras é um dos grandes desafios da logística. Mas é uma das alegrias do técnico do PSA, Silvanei Rodrigues que a cada nova execução, vibra pela conquista e celebra com as aldeias: “Acabamos de colocar pra funcionar uma bomba trifásica de um cv bombeando e mandando água para a aldeia que está a cerca de mil metros de distância. Nossa equipe com apoio da aldeia depois de muito trabalho, coloca em operação pra valer no território munduruku. Missão cumprida”, comemorou.
Antes da implementação, para operar os sistemas de abastecimento era necessário óleo diesel. Com o sistema fotovoltaico, serão poupados mais de seiscentos litros de combustível por mês. Uma estimativa que anima quem coordena esses trabalhos. Para a Coordenadora de Infraestrutura Comunitária, Jussara Salgado, promover qualidade de vida é uma meta desafiadora e satisfatória.
“Cada aldeia recebe em média 100 litros de diesel por mês para o abastecimento de água, totalizando 800 litros. Com a instalação da energia solar a expectativa é que esse consumo seja reduzido para apenas 20 litros por mês no período do inverno, resultando em uma economia de 640 litros por mês. E no período do verão o consumo do diesel pode chegar a zerar”, destaca Salgado.
Indicadores de Saúde e Alegria
Nos últimos 35 anos, o Projeto Saúde e Alegria tem buscado promover e apoiar processos participativos de desenvolvimento comunitário integrado e sustentável que contribuam de maneira demonstrativa no aprimoramento das políticas públicas na qualidade de vida e no exercício da cidadania e direitos humanos das populações atendidas.
O acesso à água potável, saneamento e energias renováveis tem sido um dos focos do trabalho do PSA desde a sua fundação. Até agora, implementou 113 sistemas de abastecimento de água para mais de 6 mil famílias distribuídas em seis territórios com apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Aliança água acesso e Programa Cisternas, 1.239 Tecnologias sociais instaladas em comunidades tradicionais de 3 municípios com apoio do Programa Cisternas Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e 744 em 2023 aprovação em novo edital que prevê Tecnologias Sociais na RESEX Tapajós Arapiuns.
As intervenções do Programa de Acesso à Água do Projeto Saúde e Alegria no território iniciaram em agosto de 2022, beneficiando diretamente 181 indígenas que sofriam com a contaminação dos garimpos.
A lama do garimpo despejada nas águas do Tapajós tem impactado a vida de centenas de populações que dependem do rio para sobreviver. A liderança indígena do alto Tapajós, região do município de Jacareacanga, Maria Leusa Munduruku, ressalta que a contaminação tem adoecido principalmente mulheres, idosos e crianças: “O rio virou uma lama despejada dentro do nosso rio. A gente está buscando projetos para ajudar a gente. A gente está muito preocupado e muito triste. Os nossos peixes estão contaminados e já sentimos na pele, sofrendo esses impactos. O nosso rio está doente, a mãe terra está doente e nós somos doentes”.
Preocupado com a situação dos indígenas, o Projeto Saúde e Alegria vem desde 2020 empreendendo esforços para apoiá-los com investimentos para melhoria dos serviços de saúde básica, como o acesso à água limpa. “A água sempre foi entendida como uma prioridade do Saúde e Alegria. É uma contradição ter populações ribeirinhas que vivem às margens da maior bacia hidrográfica do mundo, vivendo estresse hídrico”, comentou o coordenador geral do PSA, Caetano Scannavino.
Uma grande mobilização para implementar sistemas de água e saneamento em seis aldeias do alto Tapajós. Nessa jornada de perfuração de poços profundos, construção e implementação de sistemas solares, foram contempladas as seguintes aldeias com os serviços:
- Sawré Apompo: Instalação de filtro para remoção de ferro, limpeza e desenvolvimento do poço tubular;
- Fazenda Tapajós: Perfuração de poço com 154 metros, instalação de bomba submersa, rede de distribuição, sistema de energia solar para bombeamento e elevado de madeira com reservatório de 5mil litros;
- Aldeia Ariramba do Kadiriri: bomba submersa, rede de distribuição, sistema de energia solar para bombeamento e elevado de madeira com reservatório de 5 mil litros;
- Aldeia Waró Baxé Watpu: Perfuração de poço com 55 metros, instalação de bomba submersa, rede de distribuição, sistema de energia solar para bombeamento e elevado de madeira com reservatório de 5mil litros;
- Ariramba do Teles Pires: Ariramba do Teles Pires: Limpeza e desenvolvimento do poço tubular.
- Kabarewun: Perfuração de poço com 54 metros, instalação de bomba submersa, rede de distribuição, sistema de energia solar para bombeamento e elevado de madeira com reservatório de 5 mil litros.
Graças à articulação dos povos indígenas e o envolvimento das organizações: SESAI-DSEI Tapajós, Associação Indígena Pariri do Médio Tapajós, Projeto Saúde e Alegria, MOTT e WWF/Bengo, a ação tem oportunizado melhoria nas condições de vida das populações que vivem em meio ao caos da falta de acesso à água potável.
Esta ação faz parte do projeto Proteção de Povos Indígenas e Tradicionais do Brasil, financiado pelo Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, por intermédio da rede WWF. A realização é feita por um consórcio de parceiros formado por Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-Acre), Comitê Chico Mendes, Fiocruz, Fiotec, Imaflora, Kanindé, Pacto das Águas, Projeto Saúde e Alegria (PSA) e WWF-Brasil.