A implementação de polos de telemedicina é uma das atividades do Projeto de mitigação da Covid-19 nas bacias do Tapajós e do Xingu, fruto da parceria entre o Projeto Saúde e Alegria e SAMA Health Harmony
Pacientes das Unidades Básicas de Saúde de áreas distantes da região urbana de Santarém, Aveiro, Belterra e Altamira, no Oeste do Pará, estão comemorando o início do projeto que aproxima médicos das comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas por meio da internet. Nesta semana, foi realizada a assinatura do termo de doação de equipamentos que compreendem os sistemas de atendimento virtual do Projeto Ações Sinérgicas e Cooperativas de Mitigação do Covid-19 no Tapajós e Bacia do Xingu
As Secretarias Municipais de Santarém, Belterra, Aveiro e Altamira foram contempladas com a entrega de computadores com câmera e caixa de última geração, impressoras, contratação de internet via satélite e a implementação de sistema de energia solar (placa solar, inversor, bateria e controlador) para o funcionamento dos pontos de telemedicina. As regiões beneficiadas foram escolhidas por estarem logisticamente em áreas de difícil acesso à saúde e por terem sido as mais castigadas pela Covid-19.
Durante a assinatura do termo, os representantes das secretarias de saúde destacaram a importância da implementação para auxiliar no atendimento de pacientes em áreas isoladas da Amazônia. Em Belterra, um polo base atenderá doze comunidades adjacentes duas vezes na semana, explicou a Secretária Municipal de Saúde de Belterra, Edjane Alves. “É uma felicidade muito grande a gente estar recebendo essa doação porque a gente é um município com pouco recurso. Vai ficar na comunidade de Prainha no Tapajós onde a gente tem um médico da estratégia de saúde da família ribeirinha e ele vai fazer essa cobertura nesse teleatendimento. A gente tem muito o que aprender para fazer essa logística”.
Concy Santiago, representante da Secretaria Municipal de Saúde de Aveiro, ressaltou a importância da parceria. O município equipará dois pólos de telemedicina, um em Cametá e o outro em Fordlândia. “A vinda desse equipamento é um avanço enorme, ele será muito importante por facilitar o trabalho dos médicos e ampliar o número de pessoas atendidas. Nós só temos a agradecer ao Saúde e Alegria e seus parceiros, na luta por nosso município”.
Santarém ampliará o serviço de teleatendimento, desafogando as unidades de saúde e levando assistência para quem mora em áreas desassistidas, comentou Tângara Santos, assessora de rios da Secretaria Municipal de Saúde de Santarém. “A gente tem agora com a implantação da telemedicina um grande avanço, com o acesso da população que tem dificuldade para acessar esse serviço quando necessita. Nós temos Unidade Básica de Saúde em Prainha do Maró e em São Miguel e, com a ampliação e implementação da telemedicina, será possível melhorar a oferta do serviço e consequentemente eliminar a demanda reprimida existente”.
Dentre os 5.568 municípios brasileiros, o município de Altamira se destaca por possuir a maior extensão municipal. São mais de 159.533 quilômetros quadrados. Essa dimensão territorial impõe grandes desafios logísticos quando o assunto é a cobertura em saúde. Com a entrega de equipamentos para operar o sistema de telemedicina, a expectativa é melhorar o atendimento na região, explica o Coordenador Municipal de Saúde Rural e Ribeirinha de Altamira, Sivaldo Tavares: “É um passo muito importante quando se fala na assistência à saúde. A entrega desses kits vai ser um avanço para nossa assistência. O nosso paciente que vai estar distante, a seis dias de Altamira vai poder ter uma consulta especializada com profissional”.
O projeto “Ações Sinérgicas e Cooperativas de Mitigação do Covid-19 no Tapajós e Bacia do Xingu (Terra do Meio)” é uma realização do Projeto Saúde e Alegria, em parceria com a SAMA Health Harmony, em atenção ao cenário de vulnerabilidade ao acesso à saúde na Amazônia, com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Ampliando Parcerias em Saúde (NPI EXPAND) e SITAWI Finanças do Bem, em parceria da Associação dos Moradores da Reserva Extrativista do Iriri (AMORERI) e das secretarias municipais de saúde de Altamira, Aveiro, Belterra e Santarém, no Pará.
A proposta prevê a criação de dez pólos de telemedicina, se unindo a outras estratégias, como apoio à vacinação contra a Covid-19, campanhas de informação e combate à fake news e apoio aos sistemas locais de saúde para detectar, prevenir e controlar a transmissão do vírus, acompanhar casos agudos e ampliar o tratamento de sequelas de síndrome pós-Covid-19. Para o médico e coordenador do Programa de Saúde do PSA, Fábio Tozzi, “as ações contempladas pelo projeto irão estruturar eixos importantes para mitigar a pandemia e os efeitos dela nos territórios, notadamente naqueles espaços que o SUS não tem sido efetivo em suas ações, seja por falta de recursos ou por falta de estrutura mínima necessária”, explica.
Para viabilizar os atendimentos, o Projeto Saúde e Alegria com seus apoiadores têm equipado as UBS com sistemas de internet satelital e de energia solar para operar os recursos. Um investimento necessário para qualificar os serviços nas unidades, comentou o médico fundador da ONG, Eugênio Scannavino: “A telemedicina é uma grande solução para a Amazônia toda. As comunidades são isoladas e as pessoas ficam doentes aqui. É mais difícil ir pra cidade”. A expectativa é que os atendimentos iniciem a operação ainda neste primeiro semestre de 2023. Tângara Santos, esclarece que os maiores beneficiados estão na ponta e agora, com atendimento de ponta: “Quando a gente fala de atenção básica ribeirinha, a gente pensa na dificuldade de acesso dessa população. Agora com a implantação da telemedicina, com certeza a gente vai avançar em número de atendimentos com consultas médicas, melhorar a qualidade do serviço e elevar os indicadores que a gente tanto prevê”.