Sistemas implementados pelo Programa de Infraestrutura Comunitária do Projeto Saúde e Alegria garantem acesso à água potável e saneamentos nos territórios do Oeste paraense
O Projeto Saúde e Alegria (PSA), em parceria com o Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (CITA) e a Organização da Resex Tapajós Arapiuns (TAPAJOARA), entregou 20 cisternas, nas comunidades Andurú e Jurará, no município de Aveiro. A iniciativa é realizada com a apoio da Sociedade, Meio Ambiente, Educação, Cidadania e Direitos Humanos (SomecDH), que pretende entregar 744 cisternas na RESEX Tapajós-Arapiuns. A tecnologia possibilita acesso à água e melhorias no saneamento básico da população.
“A nossa felicidade é muito grande, por estar recebendo esse projeto. Eu só tenho a agradecer. Estamos muito felizes, e queremos que atenda todo mundo que mora aqui nessa área. É motivo de muita felicidade”, contou alegre a moradora da comunidade Jurará, Silomide Costa.
A entrega é feita por meio do Programa Cisternas, que usa as estruturas para captar água da chuva, e na região amazônica adequa a realidade de diferentes territórios. As famílias beneficiadas recebem calha e dois reservatórios: um de 5 mil litros, e outro de 1 mil. Eles fazem a distribuição aos pontos da casa, como o banheiro, e uma pia para cozinha.
“A gente pode ver o quanto isso muda a rotina das famílias, uma vez que eles não tinham acesso a saneamento básico nenhum. Podemos ver a alegria deles ao ligar o chuveiro e ver a água caindo, poder tomar um banho. A gente sabe o cenário que essas famílias vivem, com o enfrentamento à seca extrema” destacou a técnica de campo do setor de infraestrutura comunitária do PSA, Luiza Ferreira.
Com a implantação dos sistemas de água, o PSA promove metodologia no processo de orientação sobre os cuidados e tratamento da água para consumo humano, levantamento de doenças relacionadas ao saneamento, relação entre saneamento, ambiente, higiene e saúde. Além disso, promove oficinas para manutenção de todos os componentes que compõem a tecnologia. Os índices de saneamento básico nos estados da Amazônia estão entre os piores do Brasil, principalmente entre as populações tradicionais que habitam áreas rurais e remotas da região. Os problemas causados pela falta de infraestrutura de saneamento foram agravados pelos eventos climáticos extremos, que resultam na maior seca já registrada da história, ocasionando insegurança hídrica e alimentar para a população.
O Programa Cisternas para a Amazônia, que já vem sendo implementado desde 2012, apresenta-se como uma importante política social que promove o acesso à água, alimento e autonomia em territórios tradicionais vulneráveis. As ações do Programa estão fortemente baseadas no conceito de Tecnologia Social, que evidencia metodologias e processos participativos, trazendo a comunidade para junto da construção. Nesse momento, em que a Amazônia vem passando por longos períodos de estiagem, o Programa pode ser visto também a partir de um viés de adaptação e resiliência climática.
“Muitos territórios não tem uma rede de distribuição, como o poço comunitário, e quando vier as chuvas eles vão economizar nos combustíveis que usavam nas bombas para puxar água no igarapé. Isso diminui o custo e gera impacto positivo nas famílias, com acesso a saneamento básico que receberam”, finalizou Luiza.
Programa Cisternas
O Programa Cisternas, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), impacta na qualidade de vida e no bem estar das populações que sofrem com a dificuldade de acesso à água potável, situação agravada por conta dos extremos climáticos que afetam a Amazônia. O saneamento básico é uma prioridade para o PSA que, ainda na década de 80, identificou uma série de doenças ligadas à veiculação hídrica e falta de condições básicas de higiene em comunidades da Amazônia.
Entre os anos de 2018 a 2021 foram implementadas 1.239 tecnologias sociais de acesso à água por meio do Programa Cisternas, dessas, 775 previam também a instalação de banheiros. O Programa continua com as atividades e busca ampliar cada vez mais os atendimentos pelas tecnologias de acesso à água.