Expedição no médio Tapajós, município de Itaituba, durou uma semana. Coordenadores do Projeto Saúde e Alegria e do Programa de Acesso à Água, Saneamento e Energias Renováveis visitaram lideranças, organizações de base e instituições representativas para dialogar sobre projetos de impacto socioambiental para segundo semestre deste ano
Novas ações iniciam em aldeias mundurukus do médio Tapajós em breve. Após conversas entre o coordenador geral do PSA, Caetano Scannavino, a coordenadora do Programa de Acesso à Água, Saneamento e Energias Renováveis, Jussara Batista, o gestor de Água Carlos Dombroski e lideranças indígenas, será dado o start para projetos de saúde, energia limpa, água e renda em territórios mundurukus, com início de operações imediatas.
A primeira conversa foi na Aldeia Sawré Apompu com as lideranças Munduruku para construção de banheiros para famílias, em uma soma de esforços entre Projeto Saúde e Alegria, SESAI-DSEI Tapajós, Associação Indígena Pariri do Médio Tapajós e WWF/Bengo. Na sequência, o diálogo foi com o ICMbio para articulação de parcerias futuras para implementação de projetos socioambientais em áreas sobrepostas de atuação do ICMbio. Os coordenadores também se reuniram com os representantes do poder executivo de Itaituba e com o DSEI Rio Tapajós onde promoveram alinhamento de demandas.
Durante a jornada, também acompanharam a continuidade da entrega de vinte e cinco toneladas de cestas básicas em parceria com a Ação Cidadania e o DSEI Rio Tapajós. A soma de esforços vai garantir a segurança alimentar das populações indígenas que sobrevivem em meio aos constantes ataques em áreas de mineração, que afetam principalmente crianças, gestantes e idosos. “Uma ação solidária importante para os povos indígenas”, pontua a coordenadora do Distrito Sanitário Especial Indígena do Rio Tapajós, responsável por quase 13.500 indígenas em cinco municípios diferentes. As cestas básicas contemplarão as 48 aldeias dos Pólos-Base Itaituba, Waro Apompo, Santa Maria e Jacareacanga.
Dentre as estratégias de conservação da floresta em pé, o Programa Floresta Ativa apresentou ainda ações para fortalecer o manejo de castanhas na região do alto Tapajós. Criado em 2022, o Coletivo Poy celebrou em abril deste ano, os primeiros frutos: a união de vinte e três aldeias Munduruku e a coleta de quase três mil latas de castanha do Pará, equivalente a aproximadamente 36 toneladas do fruto. Idealizado pelos próprios indígenas visando estruturar alternativas econômicas sustentáveis, que gerem renda, tragam seguranca alimentar, valorizem as culturas locais e mantenham a floresta em pé, em meio a toda degradação, conflitos e consequências da mineração ilegal nos seus territórios.
Em agosto de 2022, os indígenas haviam solicitado a visita do Projeto Saúde e Alegria para planejar as atividades produtivas potenciais e fornecer assistência técnica aos agroextrativistas. “Eles mesmos organizaram quase 70 lideranças do rio Cururu, Teles Pires e início do Tapajós, e a gente realizou as oficinas para começar a construir a organização, estruturação interna intercomunitária, definição dos coletivos, das articulações, responsabilidades e papéis, de modo a poder avançar na estruturação dessas cadeias produtivas”, explicou o coordenador de Organização Comunitária do PSA, Carlos Dombroski.
Após a conversa, foram pactuadas parcerias para apoiar as ações. Da aldeia, o gestor do PSA, Carlos Dombroski informou os resultados da nova colheita: foram mais de 31 toneladas coletadas que embarcarão em três caminhões para o depósito da Secretaria de Agricultura de Itaituba (SEMAGRA). Uma das metas do Floresta Ativa é oportunizar para populações indígenas a formação para potencializar as atividades agroextrativistas em áreas de floresta. Na primeira capacitação, foram entregues EPIs para atuação em campo. “É uma iniciativa dos povos indígenas no rio Cururu que sempre defenderam um lugar conservado. Se tem castanha é porque eles lutaram muito. A organização dos povos e aldeias do Alto Tapajós está demonstrando que é possível buscar alternativas econômicas para alimentar a família”, ressalta Dombroski.
A semente da castanha é um produto não-madeireiro promissor para comercialização devido ao grande potencial de mercado e disponibilidade em larga escala no território Munduruku. “A cadeia da castanha tende a ser uma grande fonte de renda das famílias Mundurukus, levando em consideração a quantidade disponível e a força de vontade do povo em manter a floresta em pé e buscar sua sobrevivência por meio da conservação do que seu território lhe proporciona”, explicou a engenheira florestal do PSA, Laura Lima.