No Acre, o Projeto Saúde e Alegria recebeu reconhecimento como exemplo da continuidade do legado do líder seringueiro Chico Mendes. Caetano Scannavino participa de evento promovido pelo Comitê Chico Mendes
Xapuri no Acre, sedia a Semana Chico Mendes que relembra os 35 anos do assassinato do líder seringueiro morto pela sua luta contra o desmatamento, pelas Reservas Extrativistas e por reivindicar melhores condições para os povos da floresta. O “Empate de Retomada” marca o legado de Chico e a união de organizações para seguir com a defesa da Amazônia.
Na abertura do evento (15/12), 35 vozes foram homenageadas pela relevância de suas atuações, dentre elas o Projeto Saúde e Alegria, com mais de 30 anos de atuação na Amazônia paraense. “Quando vem da base é mais legítimo. Esse é um dos reconhecimentos mais especiais, justamente porque vem de um movimento, em nome de uma liderança que nos inspirou a lutar pela Amazônia e pelos povos da floresta. Ele enxergava lá atrás o que muita gente ainda não vê”, disse o coordenador do PSA, Caetano Scannavino.
A 34ª Semana de Chico reúne lideranças, organizações e movimentos em defesa da floresta em pé e dos direitos dos guardiões da Amazônia no período de 15 a 22 de dezembro. Com debates, articulações de jovens e mulheres e atividades culturais, a programação reforça o alerta pela floresta em pé com a Aliança para as lutas coletivas.
“Ao refletirmos sobre seus ideais, percebemos o quanto a luta precisa ser mantida. A floresta segue em risco e as vidas humanas também! Mais que nunca somos convocados/as/os a estar no front, na linha de frente, prontos/as/es para resistir, como for possível”, conta Ângela Mendes, filha de Chico. A organizadora do evento destaca que “Os empates ainda são necessários e, agora, precisam ser ampliados: empates na floresta, empates urbanos, empates em todos os lugares, em prol da vida, da humanidade e da natureza!”.
TV Mocoronga em “EsBorracha com Tudo”, resultado da oficina de vídeo para jovens das organizações presentes no III Encontro Nacional de Seringueiros (março de 1992).
Criado na noite do assassinato do líder seringueiro por amigos e organizações que buscavam justiça pelo crime cometido, o Comitê Chico Mendes dá continuidade ao trabalho de conservação da floresta e proteção dos direitos dos povos da floresta. A organização atua em questões relacionadas ao meio ambiente, direitos humanos e justiça ambiental.
Nesta edição, o Manifesto reflete a emergência climática como uma luta coletiva para garantir a construção de uma nova sociedade, mais fraterna e justa. “Após um período de acirradas disputas políticas e retrocessos, é tempo de retomar os direitos que nos foram negados numa tentativa de apagamento histórico das nossas culturas e ancestralidades. É tempo de nos conectarmos com nossas raízes para que a Amazônia fale por ela mesma. É tempo de um grande pacto intergeracional para unir todas as vozes num só pensamento”.
A Confederação Nacional dos Seringueiros também foi homenageada. Para a secretária das Mulheres, Maria Nice Costa Machado, a premiação também é uma maneira de oportunizar a renovação de lideranças: “Estou aqui para lutar pelas mulheres, para lutar pela Amazônia. Cada vez a gente faz mais, amplia para a juventude”.
O Tapajós de Fato, também homenageado, lembrou a importância da inspiração da liderança de Chico Mendes para o site de notícias: “Estamos muito felizes com essa premiação”, contou o fundador Marcos Wesley.
Até o dia 22, oficinas, rodas de conversa, lançamentos, saraus, espetáculos, plenárias, premiações, caminhadas, expedições, inaugurações, visitas e painéis serão realizados em alusão aos 79 anos que Chico faria em 2023.
Fotos: @josezevitor @josezelucas @annamontysuma.
Colaborou Amazônia Real