Assinado nesta semana, projeto apoiado pela Bristol foi um dos dez selecionados entre iniciativas do Brasil e África
O Programa de Saúde Comunitária do Projeto Saúde e Alegria anunciou nesta semana o lançamento de uma nova iniciativa em sua área de atuação. Em parceria com a Secretaria de Saúde Indígena, Organizações Quilombolas e Secretarias Municipais de Saúde de Santarém e Belterra, criará uma estratégia de alerta, mobilização de esforços e ações efetivas integradas para o enfrentamento ao câncer de pele e colo do útero.
As ações incluirão sensibilização, planejamento e apoio para ações concretas de abordagem desses temas dentro do sistema público de saúde, nos diferentes municípios, além de campanhas educativas e mobilização da população sobre a importância da prevenção, em conjunto com as organizações e representações próprias dessas populações.
A proposta é que profissionais de ponta da rede pública com EPS (Educação Permanente em Saúde) participem de formações para o potencializar as coletas de exames PCCU e vacinação HPV de rotina nas UBS remotas, e fortalecimento das rotinas de identificação e encaminhamento dos casos dentro do fluxo do sistema público.
O projeto também apoiará jornadas médicas com especialistas, disponibilizando materiais, insumos e instrumentos adequados, em cada território, para busca ativa, diagnóstico e tratamento ou encaminhamento dos pacientes de risco, em conjunto com os serviços públicos e outros parceiros públicos, privados e universidades.
A médica do PSA, Mônica Carvalho, explica que esse apoio a pacientes agilizará exames e tratamento de casos mais urgentes. “O projeto também oportunizará o monitoramento das experiências e construção de indicadores, elaboração de uma proposta de modelo de fluxo e rotina para estas morbidades, que possam gerar modelos replicáveis em outros territórios, através de políticas públicas ou parcerias”, ressalta.
A iniciativa será composta de etapa territorial que contemplará oficinas para cinco Unidades Básicas de Saúde com ênfase na Educação e prevenção, produção de conteúdos educativos para mídias sociais digitais e atividade lúdica educativa no Circo Mocorongo. “Essas serão ações de mobilização para as jornadas médicas que ocorrerão em seguida. Será uma Jornada Médica Especializada (Ginecologia e Dermatologia) na UBSF da respectiva região, com apoio com insumos e materiais para as UBS fixas desta região”, explicou a Coordenadora adjunta da Saúde, Luana Arantes.
Ao longo da execução, que inicia com elaboração conjunta do plano de trabalho entre as organizações parceiras, serão definidas as comunidades e UBS, e realizadas duas campanhas e jornadas no 1º ano e 2 jornadas no 2º e uma no 3º ano em territórios.
Saúde Comunitária
Saúde, alegria do corpo. Alegria, saúde da alma. O conceito simboliza a compreensão da saúde de forma ampla, ligada ao bem-estar não apenas físico, mas também social, emocional e ambiental.
O Projeto Saúde e Alegria (PSA) procura somar esforços às políticas públicas para assegurar o direito à saúde e reduzir os níveis de exclusão das comunidades amazônicas, tornando serviços assistenciais e do campo da atenção básica mais acessíveis, com forte viés de prevenção e educação, e utilizando a arte e o lúdico para a promoção da saúde & alegria como método de atuação.
Quando o PSA começou a atuar no oeste do Pará, em meados da década de 1980, encontrou uma situação drástica: altas taxas de mortalidade materno-infantil, crianças morrendo de simples diarreia por beberem água sem tratamento, direto dos rios, e ausência de condições mínimas de saneamento.
Por viverem em locais isolados, os pacientes tinham de ir às cidades mais próximas para enfrentar longas filas de espera, serviços insuficientes e custos de estadia que não dispunham. Doenças primárias e simples, por falta de ações básicas e preventivas nas comunidades, acabavam por se agravar e levar a um quadro emergencial de saúde na região.
Assim, em 1987 o PSA iniciou seu trabalho com o atendimento e a educação para combate e prevenção de doenças primárias. Nessa primeira fase, o foco foi a promoção do direito à saúde, com formação de agentes multiplicadores e capacitação de parteiras; implantação de tecnologias de saneamento básico; ampliação da vacinação; campanhas e mutirões; e ações lúdicas-educativas por meio do Circo Mocorongo. Além disso, foram criadas Comissões Locais Integradas de Saúde (CLIS) para que as próprias comunidades participassem da gestão das atividades.
Com essa forte atuação nos campos preventivo, educativo e de saneamento básico, que ajuda a diminuir principalmente os indicadores de mortalidade infantil, restava o desafio de encontrar um modelo de atendimento médico inclusivo para essas populações rurais, isoladas dos centros urbanos. Foi então que, a partir de 2006, o PSA trabalhou na implementação do modelo de barco-hospital para o atendimento regular à populações ribeirinhas, levando o Programa de Saúde da Família, do Sistema Único de Saúde (SUS) até as comunidades.
Atualmente, o PSA direciona sua atuação em duas frentes: atenção básica em saúde e saneamento básico, ambas envolvendo educação e prevenção.