Aliança de organizações e movimentos sociais da região tem como meta distribuir 5 mil unidades até início de 2025
A iniciativa do Projeto Saúde e Alegria (PSA), em parceria com a Federação das Associações de Moradores e Comunidades do Assentamento Agroextrativista da gleba Lago grande (FEAGLE) e outras organizações e movimentos sociais que atuam em comunidades do Rio Arapiuns, distribuiu filtros de nanotecnologia para famílias da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns e PAE Lago Grande. Os baldes, adaptados a tecnologia, são dispositivos eficazes para o acesso à água potável nesses territórios, que sofrem impactados pela seca na região.
“A seca deste ano é a maior que já vi, em 52 anos vivendo aqui. O filtro ajuda muito a nossa saúde, porque aqui existem muitos casos de diarreia, vômito. A gente tendo uma água de qualidade, vai melhorar muito bastante, principalmente para as crianças”, destacou Cacique da Aldeia de Atrocal, Manoel Raimundo Tapajós.
“Isso vem amenizar um pouco o problema de doenças que ocorrem por conta da água. Por isso, é importante trazer esses filtros para as aldeias, comunidades, famílias, que não tem acesso à água potável. Pra quem não tem um poço artesiano, ou uma água de boa qualidade, precisa dessa alternativa pra viver e consumir essa água”, enfatizou a Vice-presidente da FEAGLE, Sônia Martins.
Nesses territórios, as famílias beneficiadas esperam que as tecnologias vão contribuir para a redução nos registros de infecções, provocadas pelo consumo de água suja. Esses filtros contam com uma micromembrana de nanotecnologia, que retém 99,99% das impurezas da água. Com vazão de 1 litro por minuto, atendem uma família por 2 a 5 anos, são de fácil manutenção (retro-lavagem), e podem ser acoplados em qualquer reservatório.
“Eu tomo aquela água do rio, a gente fazia um tratamento, mas com esse filtro vai melhorar muita coisa. Eu tenho três filhos, e eles se queixam com dor de barriga e dor no estômago, eu acredito que por falta de tratamento na água. Essa ajuda é importante na fase que estamos, com essa seca grande, e isso está ajudando a gente”, disse a Cacica da Aldeia Aracuri, Angélica Santos Tapajós.
A ação é uma mobilização de organizações e movimentos da sociedade civil para atender quem precisa do acesso à água potável. A expectativa é, até o início de 2025, distribuir mais de 5 mil filtros para famílias impactadas pela estiagem. Essa soma de esforços é parte de uma coalizão da sociedade civil do Baixo Amazonas por medidas de emergência e também de incidência política no enfrentamento das mudanças climáticas. Uma carta foi eleborada e entregue aos representantes dos governos em todas as esferas.
“Essa população precisa ser priorizada, até porque foram os que menos contribuíram para essas mudanças climáticas e são os que mais sofrem. E os filtros são importantes justamente agora, quando o rio começa a subir, e toda aquela sujeira que estava em terra vai pra água. É a época de surtos de diarréias, principalmente nas crianças, e o consumo de água imprópria ainda é a principal causa da mortalidade infantil na região”, afirmou o Coordenador do PSA, Caetano Scannavino.
SOLUÇÃO EFICAZ
O PSA possibilita que territórios que enfrentam dificuldades no acesso à água consigam reduzir esses impactos. Em quase três anos, já distribuiu 5.300 sistemas de filtros, beneficiando mais de 7 mil famílias. O Ministério da Saúde reconheceu os dispositivos de microfiltração que tem sido distribuídos em comunidades, sobretudo na região Norte do Brasil, como eficazes no tratamento de água para consumo humano.
“Os filtros tem por objetivo atender as necessidades de nossas comunidades. Principalmente as localidades pequenas, que em geral não contam com poço ou microssistema de abastecimento de água. Por serem menores, a invisibilidade é maior, acabam ficando à margem da atenção das políticas políticas. E os filtros são importantes também para o contexto dessas famílias menos assistidas”, explicou o Técnico de campo do PSA, Silvanei Corrêa.