Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) do alto Tapajós recebem instalações de energia solar e passam a atender mais de 10 mil indígenas com energia limpa

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Programa de Infraestrutura do Projeto Saúde Alegria (PSA) concluiu, em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena Rio Tapajós (DSEI-RT), a instalação de sistemas fotovoltaicos em três UBSIs e um centro de formação

A energia solar ajuda a conservar alimentos, economiza gás, diesel, combustível. É um kit, uma estrutura que ajuda a gente a conservar a natureza também”, comentou a atual coordenadora da Associação Wakoborun, Ediene Kirixi Munduruku, sobre as instalações nas Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) nas aldeias da etnia Munduruku, região do alto Rio Tapajós, que agora contam com energia solar off-grid.

No último dia 30 de junho, a equipe do Programa Infraestrutura do PSA finalizou as eletrificações de energia solar off grid em três Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) e um centro de formação no município de Jacarecanga/Pa. As instalações nas UBSI’s ocorreram nas aldeias Sai Cinza, Waró Apompõ e Santa Maria, em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena Rio Tapajós (DSEI-RT) e contaram com apoio da MOTT Foundation e Empowered by Light.

O DSEI-RT atende a uma população de 10.629 indígenas da etnia Munduruku, distribuídos em 164 aldeias. Dessas, apenas 05 (cerca de 3,05%), têm acesso à rede convencional, fornecida pela concessionária local. As demais têm energia proveniente de geradores a combustão, movidos pela queima de combustível fóssil (não renovável), derivado do petróleo, geralmente gasolina ou diesel. A energia gerada pelos grupos geradores é utilizada para alimentar sistemas de abastecimento de água, UBSI, escolas e residências, o que implica no alto consumo de combustível e elevado custo de manutenção desses equipamentos. Além disso, a localização das aldeias e as dificuldades de acesso tornam a logística de distribuição do diesel extremamente complexa. Como alternativa, a substituição dos geradores por métodos sustentáveis na geração de energia reduz esse custo, garantindo melhores condições de acesso à energia de forma limpa e renovável.

As instalações objetivam também o uso de uma fonte de energia limpa, renovável, sustentável, que é o caso da energia solar, em substituição a grupos geradores. Os prédios das unidades básicas de saúde foram eletrificados para que essa energia possa alimentar geladeira para conservar vacina, telemedicina por meio da internet, questão de uso de nebulizadores, focos ginecológicos, que facilite o atendimento das unidades durante a noite e dessa forma consiga dar uma melhor qualidade no atendimento à atenção básica primária de saúde”, esclareceu a coordenadora do Programa de Infraestrutura do PSA, Jussara Salgado.

A tecnologia implementada se baseia no modelo criado pelo PSA e já testado em comunidades e aldeias da região de abrangência da ONG. Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão sendo equipadas com kits para melhorar as condições de atendimento nos locais. Geladeiras para conservação de vacinas, energia fotovoltaica para o funcionamento das geladeiras e de sistema de acesso à internet, instalação de internet satelital e computador para telemedicina.

As tecnologias integradas são importantes para estruturar as unidades, tornando-as aptas ao teleatendimento médico dos profissionais que atuam nas UBSF. Entre 2023 e 2024 pelo PSA, 43 pontos de acesso à internet foram instalados por meio de antenas satelitais que promovem acesso à comunidades, aldeias nas UBSF para operar telemedicina e agilizar atendimentos médicos a moradores dessas regiões.

As UBSIs atendem os pacientes indígenas de áreas remotas, voltadas à atenção primária a estas populações, realizada pelas equipes multidisciplinares do DSEI-RT. Além disso, realizam a detecção de doenças tropicais, a exemplo da malária. A proposta de eletrificação de unidades em áreas de difícil acesso da saúde indígena é essencial para possibilitar a realização de diagnósticos dentro do território, evitando o deslocamento dos indígenas aos centros urbanos.

O sistema de 4,68 KWp está projetado para atender a demanda de energia para conservação de vacina, nebulização, foco ginecológico, acesso à internet para telemedicina, iluminação e outros equipamentos de média potência que são utilizados para exames laboratoriais.

A sede do Centro de Formação da Resistência está localizada na aldeia Nova Traíra, a eletrificação do local foi realizada em parceria com a Associação de Mulheres Indígenas Wakoborun, com o apoio da Mott Foundation. O espaço é de uso coletivo, utilizado para os encontros, reuniões e formações das lideranças indígenas do alto Rio Tapajós. Conta com cozinha comunitária, alojamentos e mini auditório.

Vai atender à nossa demanda, à nossa necessidade, que vai ajudar a parte de conservar os alimentos durante os dias de atividade que nós sempre temos. A gente tem um evento e a gente já vai estar usando, tendo apoio dessa instalação da energia. Agradecendo também pelo apoio, isso ajuda muito nós a conservar, ajudar a parte da comunidade, a parte do trabalho da associação. A gente está muito feliz”, comemorou Ediene Kirixi.

As instalações contam com apoio da Fundação Mott, parceira do Projeto Saúde e Alegria. A oficial de Programa para a América da Sul da Fundação Mott, Daniela Gomes Pinto, destacou o fortalecimento dos territórios atendidos com os projetos de impacto socioambiental: “O apoio que a Fundação Mott vem dando para organizações da sociedade civil como o Saúde e Alegria para acesso de comunidades isoladas à energias renováveis, vem de uma intenção de garantir por meio desse acesso, que possam proteger seus modos de vida, ter mais qualidade de vida e possam ter mais instrumentos para proteção territorial com autonomia necessária”, conclui.

Fotos: Rodrigo Souza/PSA.

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