Comitiva da União Europeia visitou iniciativas de ecoturismo e produção sustentável de populações ribeirinhas e indígenas, executadas pelo Programa de Economia da Floresta do Projeto Saúde e Alegria com apoio da União Europeia
Um dos maiores gargalos para viabilizar e prosperar os negócios comunitários é a gestão, https://saudeealegria.org.br/wp-content/uploads/2023/02/Criancas-com-Saude-e-Alegria-3-scaled-1-1.jpgistração e governança das organizações. Consolidar as iniciativas lideradas por mulheres cooperativistas é um desafio ainda maior, encarado pelo Projeto Mulheres Empreendedoras da Floresta, de iniciativa do Projeto Saúde e Alegria e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém com apoio da União Europeia.
Através dele, jovens e mulheres de cooperativas e associações são apoiados e fortalecidas para alavancar os negócios comunitários que são liderados por mães, tias, avós e filhas que se unem pelo desejo de crescer gerando renda com a floresta em pé. Do artesanato da palha de tucumã à produção de mel de abelha sem ferrão, óleos e legumes, diferentes cadeias da sociobiodiversidade são apoiadas pela UE que gera oportunidades.
“Nós podemos sim, ser mulheres empreendedoras, dentro do seu território, vendendo, produzindo, sem agredir o meio ambiente, trazendo mulheres pra nossa rede de mulheres” – defende a meliponicultora da cooperativa Acosper, Edilena Oliveira.
O projeto tem fortalecido diferentes iniciativas como o Turismo de Base Comunitária desenvolvido pela Turiarte, em que um dos empreendimentos é o Refeitório de Urucureá, onde 43 pessoas que integram o Grupo Tucumarte, podem receber turistas e exibir os produtos confeccionados com a palha do tucumã. Para Isabel Cardoso, coordenadora do Grupo de Urucureá, o reconhecimento da experiência é fruto do apoio que os moradores têm recebido nos últimos anos. “Hoje nós estamos bem representados no mercado e somos felizes porque somos reconhecidos”.
Em dezembro de 2022 o Projeto entregou o Telecentro para formação de agroextrativistas na gestão de negócios da sociobiodiversidade. Uma das estratégias do programa de capacitação e suporte permanente para utilização de ferramentas digitais, que disponibiliza e dá acesso à internet para cooperativas e associações, visando a gestão das organizações e negócios comunitários, esclareceu o coordenador do Programa de Empreendimentos Sustentáveis do PSA, Davide Pompermaier: “É um espaço multiuso. Serve para capacitações, formação em tecnologia e vai servir para as atividades de uso diário para acessar reuniões, usar internet, cada vez mais online”.
Os diplomatas da União Europeia em intensa agenda em Santarém, puderam conhecer a realidade da região, os projetos executados com seu apoio como o Telecentro do STTR e o Ecocentro – apoiado na gestão e modelagem de negócios – a sede do PSA, além de reunir com lideranças indígenas, agricultores e poder executivo.
“Santarém, no estado do Pará, temos citado o exemplo de boas práticas na área de bioeconomia. A União Europeia apoia o Projeto Saúde e Alegria, e visitamos dois projetos de empreendedorismo entre mulheres e o outro de apoio a comunidades indígenas aqui no Baixo Tapajós” disse a chefe da Delegação Adjunta, Ana Beatriz Martins.
Muitos dos países que compõem a União Europeia mantêm relações diplomáticas e comerciais com o Brasil. A expectativa das lideranças é que se possam apresentar o cenário vivenciado pelos povos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia Paraense e como essas populações têm lutado para garantir seus direitos, modos de vida e frear a devastação da floresta.
O PSA destacou a importância da visita a outros projetos, assim como a escuta junto aos povos das comunidades indígenas e extrativistas e diálogos com a Prefeitura, estreitando laços, quem sabe para desdobrar em novas cooperações com o Município. O coordenador geral da ONG, Caetano Scannavino, avaliou o encontro: “Uma honra termos sido um dos escolhidos para visita da União Europeia, que tem apoiado tanto projetos de governos como de organizações, uma parceria que já ajudou a região trazendo internet para comunidades de difícil acesso, agora temos uma cooperação para área econômica, de geração de renda a partir de empreendimentos femininos.”
Durante a visita, a UE anunciou que lançará lei para pôr fim à importação de commodities como a carne, a madeira, soja e borracha que são resultado do desmatamento. “O consumidor europeu não quer ser responsável e não quer consumir commodities e produtos ligados ao desmatamento e isso vai definir e mudar as condições de acesso desses produtos no mercado europeu” destacou Martins.
“Temos visto reclamações daquela turma pouca afeita em seguir as leis, mas essa medida europeia que proíbe compras de produtos de origem ilegal, de desmatamento, vai valorizar o empreendedor local que faz a coisa certa, da pecuária, dos grãos, a partir das boas práticas e respeito a legislação vigente. Pra esse produtor, será um estímulo para aumentar suas exportações, sem a concorrência desleal dos que não seguem as regras. Ao deixarem de adquirir de quem vive de ilícitos, vemos uma maturidade das sociedades, dos consumidores, sejam daqui ou de lá. Nem o brasileiro nem o europeu quer mais desmatamento, crimes ambientais, essa cultura do ilegalismo” – complementou Scannavino.