Projeto Saúde e Alegria, Ação da Cidadania e o Dsei Rio Tapajós estão atuando juntos para distribuir cestas básicas para duas mil famílias indígenas do médio e alto Tapajós, através de parcerias com entidades locais. Operação logística conta com apoio do Exército Brasileiro
Duas mil cestas básicas estão sendo transportadas para os polos Itaituba, Jacareacanga, Waro Apompo e Santa Maria nas regiões do médio e alto Tapajós. Uma logística intensa que envolve carretas, barcos, aviões e rabetas para conduzir alimento às populações indígenas afetadas pela contaminação em áreas de garimpo. Com a ação, quarenta e oito (48) aldeias serão beneficiadas com as entregas que devem começar a chegar na próxima quarta-feira (24). A primeira remessa já desembarcou em Itaituba, no polo do DSEI Rio Tapajós, contou a coordenadora Franciani Vinhote.
“Recebemos no município de Itaituba, sede do Dsei Rio Tapajós, 2 mil cestas de alimentos fruto da articulação do PSA, Ação Cidadania, Dsei Rio Tapajós e Associações Mundurukus. A próxima etapa é levar ao município de Jacareacanga onde vai ser feita uma logística fluvial que vai levar cerca de uma semana”, ressalta.
O descarregamento em Itaituba, primeira parada das cestas, foi feito com o apoio do Exército Brasileiro, que ajudou a desembarcar os alimentos para o local adequado. A soma de esforços vai garantir a segurança alimentar das populações indígenas que sobrevivem em meio aos constantes ataques em áreas de mineração, que afetam principalmente crianças, gestantes e idosos. “Uma ação solidária importante para os povos indígenas”, pontua a coordenadora do Distrito Sanitário Especial Indígena do Rio Tapajós, responsável por quase 13.500 indígenas em cinco municípios diferentes.
As cestas básicas contemplarão as 48 aldeias do Polo Base Itaituba: Praia do Indio, Praia do Mangue, Laranjal, Sawré Apompo Km 43, Sawré Muybu, Karo Muybu, Dace Watpu, Daje Kapap, Camarão, Escrivão, Pinhel, Poxo Muybu, Sawré Aboy; Polo base Waro Apompo: Waro Apompo, Caroçal Rio Cururu, Morro do Careca, Morro do Kurap, Boca da Estrada, Saw Muybu Cururu (Flexal); Polo Santa Maria: Muiuçu, Aiperep, Bananal do Rio Cururu, Terra Santa; e; Polo Jacareacanga: Boca do Rio das Tropas, Castanheira do Muiçuzão, Jacarezinho, Prainha do Jacaré, Fazendinha Rio Tapajós, Terra Preta RTP, Piquiá, Buritituba, Nova Akayrewun, Muiuçuzinho, Barro Branco, Barro Branco II, Mutum, Fazenda Sai Cinza, Nova Esperança do Jacareacanga, Kaba Bioreru, Nova Tapajós do Jacareacanga, Lago do Junco, Kaba Iboy, Fazenda Tapajós, Estrela da manhã, Centrinho e Maparajuba.
O coordenador do Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino, avalia positivamente o impacto da doação para os indígenas beneficiados. Para a ONG que atua na Amazônia há 36 anos, promover segurança alimentar é uma necessidade urgente, sobretudo para quem vive em áreas isoladas da floresta e que nos últimos anos tem sofrido intensamente com as invasões nos territórios indígenas. “A gente fica muito grato à ação da Cidadania, por essa parceria em prol do combate à fome e na região. Dessa vez são duas mil cestas básicas que estão sendo distribuídas no médio e alto Tapajós, junto às aldeias em situação de vulnerabilidade, e que em determinadas épocas do ano tem mais dificuldades ali para aquisição dos seus alimentos”.
A distribuição prioriza mulheres gestantes, mães solteiras, crianças e idosos, público maior impactado pela insegurança alimentar. “A gente sabe que cestas básicas não resolvem o problema da insegurança alimentar, mas certamente atenua um pouco o sofrimento dessas famílias”, explica Scannavino.
O PSA atua em aldeias mundurukus com atividades de agroecologia de agricultura familiar e de economia da floresta como a coleta de produtos que possam ser comercializados, ajudando na segurança alimentar e melhoria da renda. Neste ano, o Coletivo Poy, criado para estruturar alternativas sustentáveis, já apresentou seus primeiros resultados com mais de 36 toneladas de castanhas do Pará comercializadas. Para garantir acesso a água de qualidade, seis aldeias Munduruku impactadas pelos garimpos foram beneficiadas com sistemas de abastecimento de água. Em 2021, as aldeias Mundurukus receberam laboratório de análise clínicas movido à energia solar, cestas básicas da Campanha #ComSaudeeAlegriaSemCorona e nove aldeias munduruku conquistaram sistemas de energia solar para bombeamento de água.
A ONG ‘Ação Cidadania’ tem distribuído alimentos em todo o país para os mais atingidos pela crise econômica. Criada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza (Betinho), firmou uma parceria com o Projeto Saúde e Alegria em 2021, através de um Termo de Compromisso elaborado pelo Comitê Nacional, que tornou o PSA um dos comitês da Ação Cidadania.
“Desde o início da Covid-19 a gente tem feito ações de apoio a diversas regiões do Brasil em comunidades indígenas sabendo das dificuldades, da invasão de seus territórios, do perigo que estão correndo em relação ao garimpo, extração de madeira ilegal e uma série de invasões. A Ação da Cidadania está aqui para apoiar e tentar levar esse apoio na forma de segurança alimentar” – destaca Kiki Afonso, Diretor Executivo da Ação da Cidadania.