Nesta semana, período de 25 a 28 de maio, a equipe do PSA desembarca no município de Gurupá, nordeste do estado do Pará, na Ilha de Marajó com ações da Campanha Com Saúde e Alegria Sem Corona com foco na proteção de crianças e adolescentes contra covid-19;
A pandemia da Covid 19 afetou toda a sociedade, mas acentuou principalmente as desigualdades sociais do país. Um dos públicos bastante prejudicados foi o de crianças, adolescentes e jovens com o fechamento das escolas. Nos últimos anos, o Brasil vinha avançando, lentamente, no acesso de crianças e adolescentes à escola. Mas com a pandemia da Covid-19, o País corre o risco de regredir duas décadas. Em novembro de 2020, mais de 5 milhões de meninas e meninos não tiveram acesso à educação no Brasil – número semelhante ao que o País tinha no início dos anos 2000. Desses, mais de 40% eram crianças de 6 a 10 anos de idade, etapa em que a escolarização estava praticamente universalizada antes da Covid-19. É o que releva o estudo “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil – um alerta sobre os impactos da pandemia da Covid-19 na Educação”, lançado pelo UNICEF, em parceria com o Cenpec Educação.
Seja o fechamento das escolas ou a falta de acesso a meios tecnológicos para acompanhamento de aulas remotas, ou ainda o perfil socioeconômico precário das famílias que piorou durante a pandemia, influenciam nesse cenário. O estudo mostra que a exclusão escolar afeta mais quem já vivia em situação vulnerável. Em relação às regiões, o Norte (28,4%) e Nordeste (18,3%) apresentaram os maiores percentuais de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos sem acesso à educação.
Diante desta realidade é fundamental um esforço coletivo de governos, empresas e sociedade civil para encontrar caminhos para que este direito básico não seja ainda mais negado às crianças e adolescentes. Pensando nisso o Fundo das nações Unidas para a Infância – Unicef reuniu parceiros para elaborar e implementar uma estratégia de apoio aos 161 municípios da Amazônia Legal Brasileira (hotspots) levando em conta critérios como o adensamento populacional, casos de covid, presença de povos tradicionais e Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, escolhendo aqueles que estão maior situação de vulnerabilidade para um apoio direto.
O Projeto Saúde e Alegria, parceiro histórico do UNICEF e com experiência nas ações de educação, saúde e combate à Pandemia, é umas das organizações implementadoras para fazer chegar o apoio aos municípios, iniciando por Gurupá, escolhido por ser um dos primeiros municípios no ranking entre os 161 escolhidos, em número de casos de Covid19 e por ter um dos mais baixos IDHs, ocupando o 126º lugar no ranking dos 144 municípios do estado do Pará.
“Mesmo com todos os esforços do governo local, é fundamental o apoio externo para que o município enfrente a crise garantindo os direitos da infância. Estamos felizes em participar deste desafio, trazendo um pouco do que estamos fazendo na região do Baixo Amazonas também para a região da Marajó. Entendemos que é importante garantir meios para que a população em maior vulnerabilidade consiga se proteger do conoravírus. Em parceria com o Unicef, além de oferecer apoio em itens e equipamentos de proteção para o sistema público, vamos também realizar capacitações junto aos gestores municipais, técnicos das secretarias municipais, especialmente da educação, visando apresentar instrumentos, metodologias e estratégias colaborativas para preparar uma abertura segura das escolas”, explicou Fábio Pena, coordenado do Projeto.
Para isso estão sendo entregues nesta primeira etapa para a Secretaria Municipal de Educação de Gurupá, EPIs para os profissionais de educação, máscaras, totens de álcool em gel, sabão para lavagem das mãos e materiais de limpeza para as escolas. Em seguida, para os alunos, serão também beneficiados com kits específicos contendo máscaras e cartilhas educativas sobre seu uso, sendo que as meninas também receberão absorventes e cartilhas de orientação à saúde e a higiene menstrual.
“A escola sempre foi um lugar de segurança para as crianças e adolescentes. Com a pandemia, o círculo de proteção à infância ficou sem essa parte. Sabemos que a solução definitiva passa pela vacinação, mas enquanto isso, é fundamental oferecer condições básicas de proteção, aprimorando as metodologias e estratégias de biossegurança na escola, para o trabalho dos professores junto às famílias e os alunos”, acrescenta Pena.
Embora priorize a educação, o projeto também vai apoiar o sistema público de saúde e de assistência social, garantindo EPIs e materiais de higiene para o funcionamento seguro de Unidades Básicas de Saúde, e Centros de Referências de Assistência Social.
Ao todo, serão beneficiados com a campanha, mais de 26 mil pessoas, dentre eles estudantes de onze escolas (zona urbana e rural), usuários de unidades primárias de Saúde, pessoas registradas no CadÚnico, CRAS, e CREAS. O município de Gurupá possui uma população estimada de 33.755 pessoas.
A programação da Campanha no Município envolve oficinas de capacitação para os gestores e técnicos, representantes da sociedade civil e adolescentes multiplicadores sobre o cenário da Pandemia e medidas de biossegurança e uso dos materiais doados, bem como metodologias de monitoramento e controle da entrega dos materiais, e oficina de educomunicação com adolescentes e jovens multiplicadores para elaboração de peças educativas visando ampla disseminação de informações educativas. O Programa Educação Nas Ondas do Rádio, feito pela Secretaria Municipal de Educação para aulas remotas, será importante canal de disseminação dessas informações para a comunidade escolar.
Para o responsável pelo programa do Unicef, Antônio Carlos, “é preciso discutir, preparar essas escolas para sua reabertura, entendendo essa escola como um grande espaço de proteção às crianças, que precisa ser reaberta, mas que aconteça de forma segura. Quando a gente fala de reabertura segura, primeiro a gente sabe que isso precisa de uma abordagem intersetorial. É isso que nós estamos desenvolvendo em Gurupá com o Saúde e Alegria. Estamos envolvendo a educação, área de saúde, proteção, a discussão de água, higiene com os gestores das escolas, das unidades de saúde para que eles consigam avaliar como seus espaços, o que pode ser feito para melhorar a segurança das famílias. Estamos preparando essas escolas para quando chegarem as crianças e adolescentes, estejam protegidas nesses ambientes”.
A Secretária Municipal de Educação de Gurupá, Francisca Almeida ressaltou que o projeto tem representado um importante apoio para a proteção das crianças e adolescentes do município: “A gente conta com essa união da sociedade de um modo geral. Estamos nos reinventando. As escolas estão no processo de oficinas de biosegurança se preparando para esse possível retorno presencial e o UNICEF com o Projeto Saúde e Alegria tem essa visão desse cuidado com as crianças e adolescentes, inclusive trazendo o absorvente para as meninas que muitas vezes tem dificuldade no acesso”.
Durante o encontro realizado no município, o prefeito Joãozinho Batista agradeceu pelo projeto e reforçou a necessidade da união pelo saúde da população: “Toda ajuda é bem vinda num momento desse de pandemia. A união faz a força. Como todo esse material a gente vai poder destinar às pessoas para que possam ter sua proteção diária”.