Ação do Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria está conectada à campanha IT’S NOW! É AGORA, que promove o 5N, uma referência a este dia 5 de novembro, como marco para convocar indivíduos, organizações e comunidades a participarem de uma Cadeia de Ação Climática Global e tornar as ações cidadãs visíveis, exigindo dos governos e autoridades que garantam um futuro seguro para as gerações atuais. A campanha se alinha à #COP26 que está acontecendo em Glasgow, na Escócia;
No meio da floresta Amazônia, estruturas suspensas chamam a atenção. São hortas comunitárias, produzidas sem uso de agrotóxico e que carregam uma grande responsabilidade: contribuir para a geração de renda de famílias de Unidades de Conservação e Territórios Indígenas, promover uma alimentação saudável e ajudar na proteção da floresta Amazônica.
O Programa Floresta Ativa tem apoiado famílias na implantação de hortas familiares nas comunidades de Carão, Pedra Branca, Anumã e Aldeia Solimões. A iniciativa promove assistência técnica e fornece material necessário à instalação das estruturas. “Hoje nós temos quatro polos de produção de hortaliças e a gente já está com implementação de mais dois, totalizando seis polos de produção. Essas famílias hoje conseguem ter renda extra com essa produção de hortaliças e garantir uma alimentação de qualidade” – explicou a engenheira agrônoma do PSA, Rosimeire Freitas.
O trabalho com as hortas faz parte de uma estratégia maior do projeto, que envolve a assistência técnica para a criação de Sistemas Agroflorestais – SAFs que hoje conta com a participação de sete comunidades na Resex Tapajós-Arapiuns. Cerca de trinta e cinco famílias atuam na produção de mudas de espécies frutíferas e florestais. Juntas já produziram e plantaram mais de dezoito mil mudas em suas áreas.
A atividade com SAFs tem produções de ciclos de curto prazo que são cultivos anuais, como milho, feijão e mandioca. Médio prazo com cultivo de espécies frutíferas, como cupuaçu, muruci, açaí. E de mais longo prazo com a produção de espécies florestais como copaíba, andiroba, cumarú. Todos com a perspectiva de manutenção da floresta em pé, recuperação de áreas degradadas e geração de renda, mas tem um resultado mais demorado.
Por isso as hortas representam uma alternativa de geração de renda em curto espaço de tempo, possibilitando a colheita no período de um a dois meses, após a germinação. O projeto faz o acompanhamento com os técnicos que realizam visitas aos grupos familiares que trabalham com hortaliças, apoiam na construção de canteiros e promovem orientação direcionada a cada produção sobre os tratos culturais em cada fase de crescimento das plantas, com ênfase ao cuidado de pragas de forma orgânica.
“Produção orgânica que gera renda, alimentação de qualidade e faz a recuperação das florestas. O desafio é também fortalecer a cultura do consumo do alimento extraído da própria terra pelos agricultores familiares. “Garantir que essas famílias possam ter alimentação de qualidade é um dos principais desafios que essa equipe tem, porque a gente vê que algumas famílias estão comprando muito na cidade e levando muitos produtos industrializados para dentro das UCs, territórios indígenas e perdendo o cultural de comer produtos produzidos por eles mesmos”.
Em Carão na Resex, a família de Joelma Lopes se dedica à produção de hortaliças. Uma atividade que fortalece a renda e contribui para a segurança alimentar, conta: “Hoje nós temos uma alimentação saudável. Nós trabalhamos com produtos orgânicos. O apoio do Projeto Saúde e Alegria está sendo muito importante porque nós temos técnicos que nos orientam”.
O filho da extrativista, Henrique Ferreira, ressalta que a atividade familiar se alinha ao maior interesse dos moradores: manter a floresta em pé: “Quando a gente fala de preservação, continuação de vida na terra, apoiar os amazônidas, as famílias que moram na floresta é o mais importante. Porque são as pessoas daqui que realmente preservam e sabem viver em harmonia com a floresta. O apoio do Programa Floresta Ativa é importante porque a gente pode mostrar pro mundo o quanto a gente tem potencial e o quanto pode contribuir para o enfrentamento das mudanças climáticas”.
A experiência nas quatro comunidades onde o trabalho está mais avançado, tem animado outros grupos. Em Surucuá, na Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, uma cooperativa que reúne dezenove moradores, sendo catorze mulheres, têm se organizado, para produzir além de polpas, hortaliças para a comercialização em larga escala para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A Cooperativa Agroextrativista de Surucuá (Cooprasu), já abastece feiras e mercados com polpas de frutas em Santarém e mira na produção das hortas.
“A gente trabalha com produtos orgânicos, sem agrotóxicos. O adubo vem da própria natureza. Comercializa para Santarém e comunidades vizinhas e estamos nos organizando para comercializar para a merenda escolar: polpa de frutas, derivados da mandioca, verduras e legumes” – conta Adauto Sousa da Cooprasu de Surucuá.
A atividade do Programa Floresta Ativa busca oferecer alternativas de impacto social e econômico para que os moradores de áreas da floresta tenham oportunidade de gerar renda com cuidado ao meio ambiente. Enquanto plataforma de oportunidades socioeconômicas voltadas ao manejo sustentável da floresta, o programa apoia a iniciativa para fortalecer cadeias produtivas para ao mesmo tempo, promover a segurança alimentar, a elevação da renda e a inclusão social das comunidades envolvidas.