Estudantes de três estados da Amazônia Legal (Acre, Amazonas e Pará), participaram da primeira oficina no último sábado (25/06)
O uso do Software livre permite ao usuário modificar e redistribuir programas de computador ou aplicativo de celular, conforme suas necessidades. É um dos princípios básicos dessa cultura, possibilitar que o internauta seja livre para reconfigurá-lo a partir de sua demanda. O tema foi selecionado pela Escola de Redes Comunitárias da Amazônia, após imersão nos sete territórios participantes da formação. No último sábado (25/06), vinte e um estudantes participaram do primeiro encontro que contou com a ministração do professor Tarcísio Ferreira, especialista em projetos de informática e cultura digital.
Na formação, destacou os princípios das tecnologias livres e ferramentas de apoio ao empreendedorismo, diferenciando software e proprietário. “O software proprietário é muito pesado, tem muita fragilidade com vírus e um código fonte fechado. Sem esse código fonte a gente não consegue fazer nenhum tipo de trabalho. O sistema operacional é pago, não pode ser distribuído nem vendido porque ele não pode ser vendido, porque não pertence a pessoa que tem ele em seu computador porque a pessoa paga apenas pela licença de uso. Caso venda ou distribua está cometendo um crime de pirataria ou crime federal. Uma das maiores diferenças é que no software você tem acesso completo ao código fonte e todos os usuários podem acessar, ter mais segurança, usar os sistema, é muito mais leve” – explica.
O uso do software livre por comunidades rurais, indígenas e quilombolas pode permitir maior liberdade e autonomia para empoderamento dessas populações, por possibilitar quatro liberdades fundamentais: liberdade executar o programa para qualquer propósito; estudar como o programa funciona e adaptá-lo para suas necessidades; redistribuir cópias para ajudar seu próximo; e, aperfeiçoar o programa e liberar os seus aperfeiçoamentos para que o beneficiário se beneficie.
Tarcísio ressaltou que a filosofia tem ampliado o protagonismo de jovens lideranças comunitárias e possibilitado o uso coletivo de plataformas colaborativas: “As interfaces gráficas dos programas livres são muito fáceis de trabalhar. Aqui a gente não trabalha com word, excel ou powerpoint. Mas com editor de texto, planilhas e slides, além de outros programas avançados para diagramar editor de jornal, vídeo e áudio” – comenta.
Os estudantes que representam a Aldeia Solimões, os Guardiöes do Bem Viver, Rede Águas do Cuidar, Aldeia Marajaí, Grupo Formigueiro, Rede Wayuri e Aldeia Puyanawa, participaram ainda no turno da tarde, de atividade para discutir a cultura digital. Foram estimulados pelo professor, a falar sobre os tipos de cultura popular na sua comunidade, como potencializar e fortalecer a sua própria cultura nas próprias redes. “Trabalhando essa questão da cultura dentro do digital, a gente percebeu que tem muita possibilidade até porque a maioria já tem programas para divulgar suas culturas” – destacou Ferreira. Para o próximo encontro, os estudantes têm como tarefa, apresentar um vídeo caseiro de três minutos sobre a cultura local como forma de potencializá-la.
Para a aluna Thamires Gomes da Rede Águas do Cuidar, ampliar a discussão sobre a temática é importante para fortalecer as ações nos diferentes espaços protagonizados pelos estudantes: “Essa aula teve muita importância porque nós precisamos ter o conhecimento sobre os programas para que nós possamos manusear eles e atualizarmos para que fotos, vídeos, podcast fiquem da melhor forma possível. Foi muito boa a aula, tivemos um aprendizado muito bom. Primordial”.
Escola de Redes Comunitárias da Amazônia
A Escola é o pilar de formação e treinamento do projeto “Conectando os Desconectados” promovido pelas organizações APC e Rhizomatica e executada no Brasil pelo Projeto Saúde e Alegria. A iniciativa busca conectar comunidades desconectadas por meio do desenvolvimento de modelos, capacidades e formas de sustentabilidade para populações com foco em assistência técnica, capacitação, assessoria para advocacy e mobilização comunitária.
O cronograma de aulas está distribuído entre os meses de junho e dezembro de 2022. Serão contemplados os temas: comunicação comunitária; jornalismo comunitário e ambiental; protocolos e autonomia comunicacional; segurança de dados; inovação tecnológica e empreendedorismo comunicacional; midiativismo da floresta em pé; história dos povos indígenas e afro-descendentes na Amazônia; total da área diversificada (eletivas e optativas); oficina de podcast/audacity; oficina de transmissor de rádio; oficina de mídias digitais; workshop de rádio comunitária/webradio.
A Escola conta com conselho de especialistas formado por Beatriz Tibiriçá (Coordenadora Geral, Coletivo Digital), Georgia Nicolau (Diretora de Projetos e Parcerias Pró Comum), Jader Gama (Pesquisador – UFPA), Doriedson Almeida (Professor – UFOPA), Karina Yamamoto (Pesquisadora – USP e Jeduca), Guilherme Gitahy de Figueiredo (Profº UEA – Tefé – AM) e Carlos Afonso (Diretor Executivo – Instituto NUPEF).