Refeitório da Casa das Artesãs na comunidade Urucureá, região do PAE Lago Grande, foi equipado para potencializar atendimento turístico no local que se destaca pela produção de com cestaria em palha de tucumã
Um restaurante na floresta é a nova conquista de extrativistas da Reserva Tapajós Arapiuns, na região do PAE Lago Grande. Artesãs da comunidade Urucureá que despontam com a produção de artesanatos a partir da palha de tucumã, vislumbram agora, um espaço para recepcionar visitantes, com estrutura adequada e voltada ao receptivo de base comunitária.
Em 2021, o Projeto Saúde e Alegria iniciou a construção da Casa das Artesãs de Urucureá com apoio do BNDES, com início das obras pelo Bloco do Refeitório, além das infra-estruturas necessárias para o funcionamento dos espaços, como sistema de distribuição de água, sistema de tratamento de esgoto, acessos e etc. Foram investidos mais de 217.000 reais no empreendimento comunitário.
O Bloco Refeitório foi desenvolvido para abrigar as necessidades fixas do espaço de trabalho coletivo. Nesse espaço estão os banheiros feminino e masculino, que contém vaso, ducha para banho e lavatório, além de uma unidade adaptada para pessoas com deficiência. Também abriga a cozinha equipada e área de refeitório com capacidade para cerca de vinte e quatro pessoas.
“Eles possuíam um espaço pequeno onde se reuniam para tingir, secar, tecer a palha, e expor seus produtos, mas sonhavam com um espaço maior para os encontros, trabalho coletivo do teçume e onde também pudesse armazenar seus produtos, receber melhor os vc visitantes. Nesse sentido, começamos a desenhar o projeto da Casa com os espaços solicitados. É uma área 84,70m², com estrutura de madeira, telhado em telha de barro, paredes de tijolos e madeira e piso de madeira e cimento queimado” – explicou Ana Daiane, do Projeto Saúde e Alegria.
Durante a construção do espaço, mulheres da comunidade participaram de cursos de gastronomia e gestão de empreendimentos turísticos para agregar às iniciativas. Um trabalho do Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria, para apoiar cadeias produtivas sustentáveis visando geração de renda, a partir do receptivo turístico. “Nosso desafio na área de economia da floresta é propor alternativas viáveis para as populações tradicionais que contemplem floresta em pé e bem viver nas comunidades”, destaca o coordenador do Programa Floresta Ativa do PSA, Davide Pompermaier.
Na última terça-feira (12/07), a equipe do projeto realizou a entrega e instalação de móveis, eletrodomésticos, utensílios e acessórios para cozinha na comunidade. Uma intensa logística a bordo do B/M Saúde e Alegria e bajaras. Foram entregues: geladeira, fogão industrial, freezer, mesas para refeição, bancos, mesa de buffet, prateleiras, utensílios como pratos, xícaras, liquidificador, tigelas, copos, assadeiras, facas, pincéis, espátulas, funis, panelas, garrafas térmicas, talheres, potes, tábuas, bandejas, formas, leiteiras, colheres, balança, dentre outros, que juntos, somam um investimento de mais de trinta mil reais, apoiado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBio, Good Energies Foundation e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.
“Estamos muito contentes com esse momento e só temos a agradecer à comunidade, às artesãs e artesãos, nossa equipe em geral, pela soma de esforços para alcançar esse resultado. E continuaremos apoiando e trabalhando para que as alternativas econômicas sustentáveis, continuem promovendo geração de renda,valorização da mulher e a conservação da floresta em pé” – comemorou Daiane.
As próximas etapas para operar os espaços, contemplam capacitações para gestão do restaurante e casa do artesanato. O espaço deve começar a receber turistas na nova infraestrutura ainda neste segundo semestre de 2022. Para Rosângela Tapajós, da Casa das Artesãs, a estruturação do refeitório representa uma importante conquista coletiva para defesa do território. Com renda, eles podem continuar nas suas comunidades de origem, sem precisar desmatar ou gerar danos ao meio ambiente, vivendo harmonicamente à natureza. “Nós tínhamos uma necessidade tão grande de ter uma cozinha equipada para que pudesse dar mais conforto pra nós e nossas artesãs. Vai ajudar muito a trabalhar na lojinha” – conta Tapajós.