Cento e nove manejadores de abelhas dos polos Resex/Arapiuns e PAE Lago Grande participaram das Oficinas de Criação e Manejo de Abelhas Sem Ferrão 2022. Implementada pelo Programa Floresta Ativa, iniciativa busca fortalecer e ampliar economia sustentável em comunidades da Amazônia Paraense
Apreciado na culinária e no tratamento alternativo de doenças, o mel de abelhas revela um mercado crescente e que alia geração de renda e conservação das florestas. O Projeto Saúde e Alegria entende que a atividade é uma importante forma de promover o faturamento para quem mora nas comunidades e garantir a Amazônia em pé.
Para isso, o Programa Floresta Ativa investe na formação de meliponicultores que participam anualmente de capacitações e recebem o acompanhamento técnico regular nos meliponários. Neste mês, o núcleo de Assistência Técnica iniciou o período de capacitações sobre a Criação e Manejo de abelhas sem ferrão aos beneficiários da meliponicultura dos quatro polos atendidos pela ONG.
As oficinas capacitaram 53 produtores das comunidades da Resex Tapajós-Arapiuns: Nova Vista, São José, Anã, Aldeia Aminã, Aldeia Atrocal, Mucureru e 56 no PAE Lago Grande: São Francisco, Bom Futuro, Vila Amazonas, Guajará, Laranjal, Dourado e Carariacá.
“Eu já trabalhava na manipulação, mas não com toda essa tecnologia. A gente tinha esperança e um sonho de um dia alcançar esse objetivo. E hoje, vemos que esse trabalho está dando certo com higienização e qualidade do trabalho. É uma porta que se abre pra gente, pra que a gente possa trabalhar com qualidade, pra que a nossa renda melhore e tenha uma renda justa” – João Lucivaldo Brito, comunidade São José 1, região do Rio Arapiuns.
Meliponários modelos protegem abelhas
Além do curso teórico/prático, os participantes receberam 65 kits de manejador, que incluem balde para armazenamento do mel, balde decantador e peneira em aço inox através do apoio da Fundação KAS e Good Energies. Os beneficiários são integrantes da Cooperativa Acosper que se prepara para o desafio de implantar a Agroindústria do Mel em Santarém. “Eles estarão fornecendo mel de qualidade ao Ecocentro que viabilizará o comércio do mel das abelhas sem ferrão dentro e fora da região”, explica o coordenador de ATER do PSA, Marcio Santos.
Dos 189 beneficiários da meliponicultura, foram capacitados até o momento 109 produtores. As oficinas estão sendo realizadas nas comunidades e abordam o processo de capacitação e técnicas de manejo de criação de abelhas sem ferrão com a realização de práticas com a multiplicação e divisão de colmeias, com instalação de novas caixas padronizadas com melgueiras que vai facilitar a coleta do mel.
Além disso, foram instalados suportes modernos com uso de pvc que protege contra o ataque de inimigos. Além dos beneficiários do projeto, participaram das oficinas comunitários, alunos e professores interessados em aprender sobre a atividade de meliponicultura.
“A nossa ideia é desenvolver um sistema que seja compatível com a realidade local, e que possibilite que esse mel esteja de forma regular no mercado” – explica o consultor do PSA, Jerônimo Villas Boas.
Ecocentro da sociobiodiversidade
Em fase de construção na sede da Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativistas do Oeste do Pará, o entreposto do Mel será referência na comercialização de méis de abelha sem ferrão. Enquanto a obra segue, técnicos do Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria preparam produtores das regiões Ituqui, Resex Tapajós/Arapiuns, Tapará e Lago Grande.
Os meliponicultores tem a missão de abastecer o espaço, com produto de qualidade, conforme as regras higiênicas e sanitárias, estabelecidas pelo órgão fiscalizador. Em 2021, a portaria N°7554/2021 publicada no Diário Oficial do Estado, estabeleceu critérios para qualidade e requisitos para o mel de abelhas sem ferrão. O regulamento foi proposto à ADEPARÁ pelo Projeto Saúde e Alegria e virou política pública estadual.
O Saúde e Alegria tem apoiado os meliponicultores na formalização que permite a comercialização no mercado formal. Para isso, está sendo construída a agroindústria onde o produto será processado, envasado e comercializado.
O desafio é organizar um sistema de produção que viabilize a comercialização do mel de abelha nativa no mercado formal, de maneira compatível com as características culturais, ambientais e logísticas da região. A proposta é construir coletivamente tecnologias e técnicas para a extração do mel, promovendo a segurança alimentar, conforme os padrões da vigilância.