Manejo comunitário da andiroba é a aposta de extrativistas na Floresta Nacional do Tapajós no Pará. As coletas iniciaram em fevereiro e seguem até meados de março/abril. Atividade gera renda com a floresta em pé à extrativistas que recebem assessoria técnica do Programa Floresta Ativa do Projeto Saúde e Alegria
Moradores de Pedreira, Nazaré e aldeia Takuara da Floresta Nacional do Tapajós concluíram a primeira rodada de coleta da andiroba com mais de sete toneladas de amêndoas molhadas coletadas. A atividade ocorreu de 14 a 17 de fevereiro e contou com a participação de vinte e oito pessoas.
Em campo, o grupo é dividido para ampliar o recolhimento dos frutos caídos no chão, mantendo pelo menos 30% deles na floresta, para que germinem e novas árvores possam crescer. Após o ensaque, são transportados até à base do KM 83 construída com auxílio do Projeto Saúde e Alegria, onde as sementes boas são distribuídas nos secadores.
O manejo reúne um trabalho minucioso que inicia no planejamento. Um trabalho que iniciou em 2020 quando foram feitas avaliações para apontar caminhos para infraestruturas aptas ao beneficiamento, secagem e armazenamento das sementes. Em 2021 foi elaborado um projeto de coleta de sementes, cujo objetivo era realizar um inventário florestal que permitisse conhecer a estrutura da floresta, abundância, distribuição e diversidade das espécies existentes no território da FLONA para subsidiar as coletas. Desde lá, anualmente os coletores realizam inventários e coletas.
Os oito secadores construídos com medidas de 16 m x 4 m e capacidade de 2 toneladas de sementes molhadas, possibilitaram maior qualidade no processo de secagem, que envolve aeração, seleção de sementes inviáveis com presença de larvas, fungos e início de germinação.
Além dessa infraestrutura, os manejadores recebem capacitações e Equipamentos de Proteção Individual (EPIS). Segundo a técnica responsável pela atividade, Laura Lobato, durante a primeira rodada, os coletores conseguiram retirar 7.702 quilos. “A primeira semana de coletas foi um sucesso. Agora é preparar as próximas para que se atinja a meta de vinte toneladas molhadas e ao final, eles possam comercializar à natura, dez toneladas secas”, comenta.
A atividade é uma das linhas de ação do Programa Floresta Ativa que se preocupa com a geração de renda para populações que cuidam do território e conta com o apoio do BNDES e da Natura. Maieski Fernandes da comunidade Pedreira está entre os manejadores. Para ele, participar da iniciativa representa o fortalecimento da autonomia de quem defende a Amazônia: “Todos os anos os moradores das comunidades se agrupam para fazer a coleta das sementes. O que eu achei da coleta esse ano é que ela traz muitos benefícios. Para nós é uma melhoria de vida. Cada um buscando e conquistando o trabalho para que as famílias tenham renda melhor”.
A iniciativa é implementada com a parceria das entidades de base, como a Coomflona e a Federação da Flona. Segundo o coordenador do setor dos Não Madeireiros da Coomflona, Edinaldo Neves, a entidade incentiva o projeto para fomentar a renda para os moradores da Flona: “A importância dessa parceria para a Coomflona é que a gente vai estar investindo na área social porque os coletores fazem parte dos grupos de coleta. É um incentivo a mais, que vem agregar renda a mais para essas famílias”.