Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira, visitou aldeia Vista Alegre do Capixauã da etnia Kumaruara. Recebido com rituais e celebração, ouviu demandas e se comprometeu a lutar pelo desenvolvimento de políticas públicas para fortalecer vida de agricultores e agricultoras ribeirinhas
Em uma festa calorosa com direito a dança e benção do pajé da aldeia, o Ministro Paulo Teixeira disse que leva “a sensação de uma comunidade com muita energia e o desafio de trazer políticas públicas”. A visita aconteceu no último sábado (27/05), no território Kumaruara, localizado na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, em Santarém, onde o representante do governo cumpriu agenda desde sexta-feira.
O momento foi considerado marcante, como lembrou o coordenador geral do Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino: “Eu fico muito feliz, é um momento histórico, até porque nunca havia vindo um Ministro de Estado. Já sabemos que raramente vem ministros para a Amazônia, e quando vêm, ficam por Belém e Manaus. Vir até Santarém é ainda mais difícil. E mais ainda reservar um dia da agenda para uma imersão pelas comunidades. Isso depois de um governo que cortou o diálogo com elas”. O compromisso de sábado foi dedicado à escuta das populações tradicionais, indígenas, extrativistas e da agricultura familiar para levar sugestões, propostas e recomendações à Brasília.
Durante a visita, Teixeira conheceu o viveiro implementado pelo Programa Floresta Ativa do PSA em parceria com a aldeia, para apoiar a agricultura familiar, a implantação de sistemas agroflorestais, o reflorestamento, a segurança alimentar e a geração de renda. “Muito especial a visita que fizemos a Reserva Extrativista Tapajós/Arapiuns, no Pará. O resultado são trocas de saberes, vivências e respeito à cultura e às muitas formas de viver. Lá, indígenas e agricultores familiares já plantaram 70 mil mudas de árvores nativas, com objetivo de reflorestar a área pertencente à floresta amazônica, onde vivem 10 povos indígenas. Entre as espécies estão cumaru, andiroba, piquiá, cupuaçu e açaí. Eu mesmo plantei uma dessas mudas.” – disse o Ministro Paulo Teixeira.
No ritual de celebração, dançou, provou tarubá (bebida típica indígena, fermentada naturalmente) e recebeu demandas. Uma delas, da liderança do povo Kumaruara, Zenilda Bentes: “Nós povos indígenas somos diferenciados, mas temos condições de produzir. A agricultura familiar só precisa ter apoio, suporte técnico. Uma coisa que estamos pedindo é a continuidade da habitação rural porque a gente precisa muito desse apoio”, ressalta.
A reforma agrária com a regularização fundiária e dos assentamentos foi defendida pela presidente da Tapajoara, Maria José. A liderança destacou o anseio das populações da organização da Resex: “Nós apresentamos nossas demandas como comunidades para que sejam implementadas políticas públicas no nosso território, a retomada do ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural), da eletrificação rural… Faz muito tempo que essas políticas não chegam a nossa comunidade, nossas aldeias”, comenta.
Num contexto de exclusão digital, os indígenas também pediram políticas de acesso à internet – necessárias para fortalecer as comercializações da produção da agricultura. “A gente não tem sinal da internet, pra ligar nem pra outra comunidade, nem pra cidade. Aqui a gente é isolado de todas as operadoras”, relata Catarina Melo. Para a agricultora, uma das formas de valorizar o esforço de quem protege a floresta é garantindo meios para que eles possam ficar nas aldeias. “A gente trabalha a meia hora de distância a pé para chegar na roça, porque a gente não desmata a floresta. A gente faz roça nas capoeiras pra plantar milho, maniva, macaxeira que é a nossa sobrevivência. A floresta em pé é muito importante pra gente. A gente não desmata, preserva a nossa floresta. O que nós precisamos é de apoio”.
O Ministro foi acompanhado do Superintendente do Incra do Oeste do Pará, José Maria Melo, do deputado Federal pelo Pará, Airton Faleiro, da deputada estadual do Pará/PT, Maria do Carmo e das professoras da UFOPA licenciadas e que integram secretarias do governo, Raimunda Monteiro e Socorro Pena. “Sendo um ministro do governo Lula que trata de questões bastante polêmicas, situações de conflito como dos projetos de assentamento, foi um momento importante porque ele conseguiu dialogar com diferentes atores dessa região, conversou com lideranças indígenas. A minha expectativa é que com a reorientação da implementação de políticas públicas, a gente conquiste grandes oportunidades para a região”, comentou Socorro.
Além da Assistência Técnica promovida pelo Floresta Ativa na aldeia, uma pousada está em fase de conclusão na aldeia. Construída pelo PSA, é um marco para a geração de renda através do Turismo de Base Comunitária, lembra o fundador do PSA, Eugênio Scannavino: “É uma pousada comunitária, construída com mão de obra da comunidade e vai servir com geração de renda para um lugar com muito potencial turístico, com igarapé. O sonho deles era ter uma estrutura para que os turistas pudessem ficar. Agora tem restaurante, pousada… Essas pessoas estão defendendo a floresta para todo o planeta”, conta.
Ao longo das trocas de saberes e vivências, Paulo Teixeira destacou a importância de ouvir as demandas e aprender com os cuidadores da floresta. “Na Aldeia Vista Alegre recolhemos as demandas e aprendemos com os cuidadores da floresta. Vamos, assim, aprimorar as políticas públicas voltadas para biodiversidade e para florestas produtivas. Conservação e geração de renda por meio de políticas públicas construídas pelas populações dos territórios.”