Iniciativa contemplará quinhentas mulheres negras em vulnerabilidade social, com cartão de crédito para aquisição de alimentos
O Instituto Assaí, Projeto Saúde e Alegria, Movimentos Negros de Santarém como a FOQS e o Movimento Negro Unificado e a Semtras/PMS lançaram nesta quinta-feira (28), o Projeto Mais Escolha. Uma iniciativa que busca apoiar mulheres negras em situação de insegurança alimentar e vulnerabilidade social do município de Santarém. Quinhentas mães de família quilombolas foram selecionadas a partir de uma busca ativa feita pelas organizações.
A intenção é possibilitar que o público tenha acesso ao crédito mensal no valor de R$ 105 reais durante seis meses, para que possa escolher os produtos conforme necessidade das famílias. Além da recarga mensal no cartão, recebido durante a cerimônia de lançamento realizada no auditório da Universidade do Estado do Pará (UEPA), as mulheres participarão de oficinas nutricionais.
“A gente está muito feliz em poder lançar esse projeto piloto que agrega as demais iniciativas no combate à fome no nosso país. Ele é muito especial porque além da solidariedade, do acesso aos alimentos, a opção de escolha dos alimentos é ter autonomia e dignidade para levar o que realmente necessitam. Junto com o apoio financeiro, vamos levar informações nutricionais para que elas possam escolher alimentos mais saudáveis para a saúde de cada um das famílias. A gente não constrói nada sozinho“, destacou a Diretora Executiva do Instituto Assaí, Sandra Vicare.
A Coordenadora adjunta do Programa Saúde na Floresta do Projeto Saúde e Alegria, Luana Arantes, esclareceu que o projeto amplia uma frente de atuação da ONG, que historicamente atua em áreas ribeirinhas e indígenas do Tapajós de Santarém, Itaituba, Jacareacanga e Oriximiná. Com essa ação, serão contempladas mulheres de regiões de quilombos em Projetos de Assentamento. “Estamos muito felizes com essa parceria do Instituto Assaí com o PSA, Movimentos negros de Santarém, FOQS e a Semtras. Fizemos um esforço coletivo de fazer essa busca ativa de mulheres negras em situação de insegurança alimentar na cidade para que possam ter acesso a esse complemento de renda para compra de alimentos para que a gente promova segurança alimentar dessas famílias com mais comida e qualidade na mesa para crianças e mulheres“, conta.
Segundo levantamento das instituições, o número de mulheres em vulnerabilidade é muito maior. Para a seleção foram priorizadas quinhentas mulheres negras, mães-solo e em extrema necessidade, ressaltou o coordenador do Movimento Negro Unificado, Bruno Vasconcelos. “Nessa busca ativa conseguimos trazer as mulheres que fazem parte do perfil contemplado. Mulher negra, uniparental, em situação de vulnerabilidade alimentar. Alcançamos um universo de mais de 500 nomes. Essa ação alcança mulheres que estão em um contexto de vulnerabilidade“.
Para a assistente social do PSA, Efraina Barbosa, essa é uma oportunidade de diminuir as grandes lacunas sociais que impactam a vida de mulheres negras da região. “É um momento de celebrarmos e estarmos unidas com essas mulheres que vão ter acesso a mais escolha na sua alimentação“.
Santarém foi a primeira cidade do Brasil a receber projeto de apoio à alimentação do Instituto Assaí (organização social do Assaí Atacadista). O projeto também será implantado em Serrinha, na Bahia, e na cidade de São Paulo.
“Fizemos vários diálogos anteriormente, a ideia de ter o público negro, de ter esse público a ser atendido nesse momento já veio do Instituto, nós somamos junto com eles, de chamar as entidades para acompanhar as documentações, ver as pessoas, com a questão dos cadastros, então, hoje, estamos contribuindo com esse projeto muito importante de segurança alimentar. A assistência social vai estar fazendo o acompanhamento através de relatórios, visitas, preenchimento de informações”, avaliou a titular da Semtras, Celsa Brito.
A secretária na FOQS Miriane Coelho avaliou o projeto como um caminho para fortalecer escolhas mais saudáveis em um contexto socialmente necessário. “Essa parceria abre um leque para ajudar as mulheres que estão em insegurança alimentar. A gente consegue através do Instituto colocar um pouco mais de alimento na mesa dessas mulheres. Através da mobilização a gente conseguiu alcançar várias mulheres quilombolas que vão contribuir”, reflete.
“Isso é motivo de alegria para nossa comunidade” – Elisete Mota, quilombo Bom Jardim.
“Vem ajudar as mulheres quilombolas que muitas vezes falta alimento em nossa mesa” – Rutiana Santos, Quilombo Saracura.