Cinco territórios já receberam as atividades que discutem necessidades de cada comunidade
Pesquisadoras do Projeto Rede Comunitária Floresta Digital continuam o mapeamento das comunidades participantes do projeto, onde serão instaladas as redes comunitárias. O último território visitado foi a Aldeia Ponta Alegre, TI Andirá-Marau, município de Barreirinha, no Amazonas. Desde setembro, foram visitados cinco territórios, em quatro estados, para discutir processos de instalação, desafios nos territórios e estratégias importantes para o desenvolvimento do trabalho na comunidade. O projeto é uma realização da parceria entre o Projeto Saúde e Alegria (PSA) e a DW Akademie.
“Este encontro presencial com a representatividade da etnia Sateré-Maué, nesse território ribeirinho, foi muito importante. Não somente para conhecer as dificuldades para chegar a esse local, muito isolado e com ausência de políticas públicas, mas que trouxe também muitas informações e trocas generosas de saberes e vivências de sua cultura, por meio dessa organização comunitária desses representantes. E que, a partir, dessa escuta local do Floresta Digital vai ser construído uma rádio e uma rede comunitária para incentivar as mulheres e seus empreendimentos”, destacou a Pesquisadora do PSA, Adriane Gama.
O Projeto leva esperança a mulheres que trabalham nos territórios. “Foi muito importante para nós, mulheres, e para os demais associados. Foi muito produtivo nosso encontro aqui, e nesse pequeno tempo foi um incentivo para nós mulheres. Viemos saber da rede comunitária que vai ser muito importante para nós, que trabalhamos na farinha, na roça. Essa rede vai ser muito importante para anunciar nossos produtos e nosso trabalho” disse a agricultora do Território, Adriana Barbosa.
“A rede comunitária vai nos beneficiar fortalecendo nossos projetos de artesanato, de farinha. Vai ser uma oportunidade para gente falar pra fora, sobre nossos produtos e sobre outras iniciativas que temos na associação. A mandala foi necessária para falar sobre o que necessitamos aqui na nossa aldeia”, destacou Adriele Menezes, da Aldeia Ponta Alegre.
Nessa etapa, as reuniões sobre o projeto apresentam demandas e desafios que podem ser superados com a conectividade e comunicação, o objetivo da iniciativa. Por meio desse diálogo, a equipe deve realizar um planejamento e implantar o projeto nos territórios, com previsão para 2025. Na Aldeia Ponta Alegre, isso ajuda a preservar a história do território e da população. A iniciativa é parceira da associação Kapi, que mobiliza esforços para apoiar o projeto no território.
“Esse projeto é muito bom pra nós, que ficamos aqui e trabalhamos com nosso artesanato e ninguém tem como divulgar. Eu faço arte em madeira, e essa ferramenta que tá vindo é muito bom pra isso. Ao invés de sair pra ir vender lá fora, daqui mesmo podemos anunciar e vender. Isso conta a história, nossos rituais e nossa arte. Com a vinda do projeto, a gente fica aguardando as ferramentas” enfatizou o Artesão histórico da Aldeia, José de Oliveira.
“Esse empreendimento é importante, porque fica muito isolado. Embora já temos internet, ela não chega a todos. Com a rede comunitária, ela vai alavancar toda propaganda para venda dos produtos que temos aqui. Como andiroba, incenso de pau-roca, cumaru. Isso faz com que o mundo conheça e se interesse pelos produtos”, ressaltou o Líder do Povo Sateré, João Sateré, que doou o terreno para construção da rádio comunitária.
EXPECTATIVA DOS TERRITÓRIOS
O projeto é desenvolvido de forma lúdica e sistemática, pela Mandala dos Saberes, os participantes apresentaram as suas demandas e desafios que vão poder ser trabalhados com a comunicação e conectividade de base comunitária. O objetivo é levar conhecimento sobre as novas ferramentas, tecnologias e como a comunicação pode ser usada como ferramenta de defesa dos territórios. Cinco territórios foram visitados, e mais comunidades devem receber as pesquisadoras, ainda este ano.
Na Aldeia Ponta Alegre, a comunidade vive a expectativa pela implantação do projeto. A visita foi um intercâmbio de necessidades e orientações sobre o uso dessas ferramentas, para incentivo a renda, autonomia comunitária e desenvolvimento do território.
“O projeto tem como objetivo o resgate, e não apenas a divulgação, mas manter a cultura e costumes. E resgatar a participação das nossas mulheres e jovens, que por muitas vezes mudam os caminhos e esquecem das tradições da etnia Sataré-Maué. A rádio comunitária é vista como um projeto audacioso, para resgatar esses jovens com atividades e programas, que desenvolvam a realidade de todos”, pontuou Francy Pontes, da Associação Kapi.