Ter renda continua e oferecer à comunidade de origem produtos e serviços necessários são alguns dos anseios dos novos integrantes do Beiradão. O festival oportuniza capacitações e oficinas para os moradores de comunidades distantes dos grandes centros urbanos.
A fase é de formação básica para os jovens das comunidades Vila Amorim, Suruacá, Ukena, Aldeia Pajurá, Surucuá, Vila São Pedro, Mentae,Alto Mentae, Prainha I, Prainha II, São Domingos, Urucureá, Nuquini, Jaguarari, Aldeia Braço Grande, Monte Sião, Aldeia São Pedro, Atrocal, Aldeia Aminã, São Francisco, Capixauã, Maripá, Campo Grande, Pedra Branca, Vila Gorete, Aldeia Solimões, Novo Progresso, Carão, Cachoeirinha, Vila de Boim, Atodi, Arapiranga, Aldeia Vista Alegre e Aldeia Zaire.
Durante quatro dias eles são despertados para o mundo dos negócios.Os mais de cem participantes foram desafiados no primeiro dia a ativar a criatividade para customização de roupas a partir dos instrumentos disponíveis na floresta. A dinâmica propõe a ‘ação fazendo’ como método promissor de solução de problemas. Da técnica surgiram adereços de origem indígena, como cocás, cintos de trançado de palha e roupas customizadas com fita de LED para um desfile.
Na segunda etapa do Beiradão, os jovens foram divididos conforme linha de interesse: Terra: Coleta de sementes, Água: alimentação/ gastronomia, Fogo: energia solar / serviços de eletricidade, Produção de mel, Via láctea: outras áreas e serviços e Humanidade: ecoturismo.
A partir dos temas, os jovens participaram de oficinas específicas com técnicos das respectivas áreas. No Turismo de base comunitária – os empreendedores que pretendem atuar na modalidade conheceram sobre atividades econômicas associadas a essa exploração do turismo.
Outra atividade que atraiu a atenção foi a produção de sementes: “A gente está se propondo a elaborar uma rede de coletores para o viés econômico. Queremos montar uma rede de sementes, para distribuir, vender” explicou o coordenador do CEFA – Steve Mcqueen.
De igual interesse, a meliponicultura ganhou destaque entre as possíveis atuações dos futuros empreendedores. Como produzir mel de maneira sustentável, contribuir para o equilíbrio do ecossistema e gerar renda são curiosidades dos jovens. Darliane Silva, moradora da Aldeia Pajuráno Rio Tapajós escolheu a equipe para entender sobre a atividade:“esse projeto é maravilhoso, porque a gente pega experiência para repassar para os outros jovens. ”
Com 19 anos a indígena pretende sair da comunidade em breve para cursar o ensino superior. Entretanto, quer voltar e abrir u m negócio na região de origem: “Eu penso de buscar novos conhecimentos para a minha aldeia. Mas não penso em sair de lá, porque é maravilhoso” – destaca.
Ailson Godinho da comunidade Anã na região do Arapiuns disse estar animado com a possibilidade de melhorar a produção de mel na região: “é muito bom porque a gente vai aprender sobre empreendedorismo e isso vem despertar interesse pra própria juventude. A gente maneja abelha e a cada curso que tem a gente busca levar para nossa comunidade para nossa produção melhorar cada vez mais” – comentou.
O técnico em Agropecuária do PSA – Alexandre Godinho contou que “a atividade já está acontecendo há algum tempo nas comunidades. Agora com o Beiradão mostramos para a juventude que é possível continuar na comunidade, aumentando a geração de renda através da comercialização do pólen, própolis, mel e a própria caixa. É uma atividade promissora na região” – finaliza.
Próximas etapas
A décima primeira turma do curso de formação de empreendedores de 15 a 29 anos apresenta inovação desde a primeira etapa realizada no Centro Experimental Floresta Ativa na comunidade Carão, Resex Tapajós Arapiuns. Nesse Festival que totaliza 30 horas de atividades os jovens se deparam com novos conhecimentos e realidades.
O coordenador de empreendedorismo Juvenil do PSA – Paulo Lima explicou sobre mudanças: “promover uma nova forma de gerir os projetos que surgirão no Beiradão. Cadeias produtivas que vão surgir como oportunidade para o futuro de empregabilidade, de geração de renda para os jovens que estão aqui. Então, a gente de uma forma divertida, lúdica, com muita participação busca fazer com que essa juventude atente para as oportunidades” – ressalta.
O Projeto Rede Juventude Floresta Ativa que conta com o apoio da Cáritas Suíça e Fundo Amazônia. Para o coordenador de Educomunicação do PSA Fábio Pena o evento contribui fortemente para a geração de renda aos nativos: “a gente vem desenvolvendo um projeto maior que chama-se Floresta Ativa em que a gente apoia de uma forma bem estrutural várias cadeias produtivas que tem potencial pra gerar renda para as comunidades, como produtos da biodiversidade… a ideia desse ano é que os jovens se apropriem dessas pautas com base nesses temas” – conclui.