Projeto Ciência Cidadã Para Amazônia desenvolvido pela WCS está presente na Região Norte do País nos estados Pará, Amazonas e Rondônia
A Amazônia possui a maior diversidade de pescado do mundo. São conhecidas mais de duas mil e quinhentas espécies de peixes de água doce. Com esse potencial todo, muitos predadores humanos são atraídos à pesca predatória que oferece risco ao equilíbrio do meio ambiente e extinção à algumas espécies.
Para debater essa e outras questões ligadas a pesca, jovens estudantes e pescadores de diferentes comunidades e aldeias indígenas participaram do encontro de avaliação do uso do aplicativo Ictio no Centro de Treinamento Irmão Falco, município de Tefé, região Centro do Estado do Amazonas, por dois dias.
O foco principal de debate se concentrou no uso da ferramenta tecnológica de monitoramento do processo migratório de espécies pesqueiras. Nas diferentes regiões, experiências e desafios encarados pelos jovens pesquisadores voluntários no projeto foram compartilhados.
O Projeto vem sendo desenvolvido simultaneamente em outros países como Peru, Bolívia e Equador e promove a capacitação de atores da pesca que recebem orientações de uso do instrumento tecnológico e conceitos de conservação dos recursos pesqueiros.
Durante o encontro foram aplicadas técnicas de interação para troca de experiência nas regiões onde projeto é desenvolvido: Instituto Mamirauá, em Tefé no Amazonas, em Santarém no Pará pela Sociedade Pra Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente – Sapopema e no Instituto Ecopoporé em Porto Velho, estado de Rondônia.
Santarém foi representada pela estudante integrante do Projeto Ciência Cidadã para Amazônia Wandria da Rocha da comunidade Aracampina e o professor Dailon Alves da Aldeia Solimões que destacou a contribuição da iniciativa para o monitoramento das espécies: “é importante a gente coletar dados porque vamos ter controle da pesca e em quais áreas dá mais determinado tipo de peixe e poder fazer comparações com período” – conta Alves.
A professora da Ufopa Socorro Pena – responsável pela atividade no Oeste do Pará explicou a função social educativa do projeto: “produção do conhecimento não é só quem é pesquisador, quem está na academia. Se empoderar, valorizar o conhecimento local que vocês conseguem produzir” – destacou aos participantes do encontro.
O intercambio foi uma iniciativa do Instituto Mamirauá que possibilitou apresentações, feira de ideias, rodas de conversas, avaliações e desafios. Para o especialista em recursos pesqueiros da WCS Estupiñán Guillermo “a produção pesqueira não é vista, é invisível em número, em quantidade de peixe, em reais e isso faz com que a política não chegue a pesca” falou sobre a ausência de políticas públicas e falta de estatísticas pesqueiras. O ecólogo Ronaldo Barthem do Museu Paraense Emilio Goeldi reforçou a gravidade dessa ausência das estatísticas: “Nós estamos numa situação delicada porque não sabemos o quanto que está sendo pescado” – lembra
A intenção é que esses gargalos da pesca possas ser minimizados a partir da construção de dados coletivos sobre a atividade nas regiões abrangidas pelo monitoramento. Vanessa Eyng – analista de pesquisa do Instituto Mamirauá contou que o evento marca uma importante etapa na construção de jovens cientistas: “a gente viu que tem vários pontos que podem ser trabalhados. Valorização do trabalho da pesca, uso a ferramenta e tudo isso foi muito positivo porque a gente consiga apontar para ações que podem ser feitas pelos próprios comunitários que são os cientistas cidadãos” – finaliza.
Sobre o projeto
O projeto é gerido pelo Wildlife Conservation Society (WCS) com recursos da Fundação MOOR que se propõe a apresentar solução para construir uma rede de organizações e pessoas que gerem informações sobre peixes e águas na escala da bacia, utilizando abordagem participativa e tecnologias inovadoras de baixo custo.
No Pará, as únicas comunidades integrantes da pesquisa são Aracampina e Solimões através da parceria entre Sapopema, Saúde e Alegria e WCS.
Resultados
A partir da experiência piloto, dados estão sendo enviados para a central de armazenamento e desenvolvimento do aplicativo Ictio nos Estados Unidos de gerenciamento da Cornell Lab. As informações enviadas compõem um grande relatório que pode indicar a migração de peixes, quais as espécies mais capturadas, quantidade, preço, peso, comunidades e regiões.
Os dados serão públicos e os envolvidos terão acesso. Uma alternativa é que eles estejam disponíveis no site do icto.
O peixe dourado por exemplo, foi identificado ao preço médio de R$ 13,40. No Brasil o preço foi de R$ 11,75. No Estado do Amazonas foi registrado a R$ 6,50, em Rondônia: R$ 17,00 e na Colômbia R$ 15,00.