Desde 2020, um grupo de mulheres costureiras de alter do Chão se mobilizou para ajudar na campanha #ComSaudeeAlegriaSemCorona. Além de terem um complemento na renda familiar, as profissionais se orgulham de ajudar a proteger os profissionais da linha de frente no combate à covid-19 e moradores de áreas ribeirinhas;
A missão começou em abril do ano passado com a assinatura do convênio entre o Saúde e Alegria e as costureiras do Clube de Mães de Alter do Chão. A confecção de máscaras em TNT para distribuição a profissionais de saúde foi uma das ações do Plano Emergencial de Combate a Covid-19, devido ao esgotamento das máscaras cirúrgicas descartáveis, indispensáveis para atuação em hospitais.
A meta inicial da Secretaria de Saúde de Santarém era de 7.400 máscaras por semana, para abastecer toda a rede. As costureiras abraçaram a causa e iniciaram as produções: cada uma deveria produzir cerca de 200 máscaras por semana. Divididas em grupos para acompanhamento e supervisão, participaram de oficinas e receberam kits com água sanitária, pano de chão, plástico para higienizar a mesa, tecido, sabão de coco, luvas, linhas e agulhas para trabalhar de casa e com segurança. Tudo isso, seguindo protocolos de distanciamento, muitas vezes com a ajuda do Whatsapp para as orientações entre elas.
Até este dia 8 de março, as costureiras finalizaram 57.662 máscaras cirúrgicas e de algodão, para profissionais de saúde e moradores de regiões ribeirinhas. Nesta nova etapa, as costureiras estão com a meta de 9 mil máscaras, das quais 7 mil foram entregues. Em cinco grupos, cerca de trinta mulheres seguem nas produções e com muita alegria, ressaltou Mota: “Quando o PSA nos procurou, elas imediatamente estavam dispostas a continuar, pois se sentem felizes em poder fazer algo útil nessa pandemia e ainda obter uma renda para a família, pois parte delas não tem outra fonte de renda nesse momento”.
Integrantes de famílias da região que sobrevivem de atividades paralisadas puderam trabalhar de suas residências e complementar a renda, explicou Socorro Mota do Clube de Mães: “A principal fonte de renda de Alter do Chão é o turismo. Infelizmente com essa pandemia não foi possível desenvolver nenhuma atividade nesse sentido. Então a maioria das famílias está sem nenhuma fonte de renda e precisando ficar em casa. O projeto vem gerar um pouco de renda para algumas dessas famílias”.
Para Julia Viana, nova na profissão, a fabricação abriu outra oportunidade: a de receber orientação e acompanhamento de costureiras experientes: “A gente que é mais nova na costura, não tem tanto conhecimento. Mas as mais antigas ajudam muito a gente e isso é muito bom” – contou. Viana explicou que a pandemia prejudicou as finanças da família, “ficou apertado”, mas que a produção ajudou a manter as contas em dia.
Maria Assunção – costureira há 35 anos, explicou que foi uma das supervisoras de grupo. Com a responsabilidade de acompanhar seis costureiras, não escondeu a satisfação em compartilhar conhecimento e contribuir para a renda de outras mulheres. “A gente forma pessoas, aqui eu tenho isso de ajudar a pessoa pra ela aprender. É o que eu gosto”.
A pandemia que impactou a vida de toda a vila balneária, foi definida por Maria como uma “bomba” que forçou todos a procurarem uma nova forma de manter a renda. “Eram pessoas que tinham uma máquina em casa mas não sabiam nem pisar. Aí a gente foi formando grupos. Foi muito gratificante pra gente trabalhar com máscaras para o Saúde e Alegria. Foi gratificante pra Alter do Chão” – acrescentou.
A também experiente Marilza Rodrigues, foi líder de outro grupo de produção. Contou que voltou suas atenções para a costura das máscaras e que a atividade tem sido compensadora: “Nós abraçamos esse projeto porque a gente vê que é uma forma de ajudar as pessoas. É prazeroso a gente pegar um pedaço de tecido e fazer um pertencente pessoal. Eu me sinto bem fazendo isso aqui”.
Neste Dia Internacional da Mulher, Marilza, Maria e Júlia desejam para todas as mulheres, dias melhores e deixaram mensagens de incentivo:
“Procurem mulheres a sua independência. Em todos os setores, você indo vai achar uma porta aberta. Não estou ofendendo o homem, mas o homem sem uma grande mulher do lado dele, eu sinto muito” – Maria Assunção, costureira.
“Eu me inspiro em todas as mulheres. Não importa quais áreas sejam. Domésticas, costureiras, empreendedoras. Eu defendo as mulheres e acredito em todas as mulheres” – Julia Viana, costureira.
“Pra todas as mulheres do mundo que Deus ilumine todas e dê muita saúde pra todas nós” – Marilza Rodrigues, costureira.