Lançada oficialmente nesta terça-feira (05), campanha reúne diferentes ações de combate e prevenção à Covid-19 na região. O plano tem dois focos prioritários e urgentes, um com medidas de suporte ao sistema de saúde, com repasses de materiais, equipamentos e EPIs para os profissionais da linha de frente e outro voltado para atenção direta às famílias ribeirinhas, aldeias indígenas, comunidades de difícil acesso e em situação de risco;
Preocupado com os reflexos da pandemia na Amazônia, o Saúde e Alegria já vinha se antecipando e realizando ações de prevenção ao Coronavírus antes mesmo dos primeiros casos surgirem na região, como por exemplo, o apoio à UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará) e a SEMSA (Secretaria Municipal de Saúde) com as demandas para revitalização do Barco Hospital Abaré para retomada das rodadas de atendimento. Outra ação acelerada no início deste ano foi a melhoria do acesso à água e saneamento, como a construção em massa de novos banheiros e sistemas de abastecimento movidos a energia solar.
“Saneamento básico é uma atividade fundamental para reduzir a incidência de doenças de veiculação hídrica como viroses e diarreias agudas, maior causa de mortalidade infantil na região. E agora, se tornam ainda mais importantes para que as comunidades beneficiadas tenham melhores condições de higiene e possam enfrentar a pandemia”, disse Carlos Dombrosky, coordenador do Programa de Saneamento.
Com o aumento de notificações diante dos desafios estruturais e assistenciais da região, a entidade mobilizou parceiros para a campanha #ComSaudeAlegriaSemCorona, uma soma de esforços contra a covid-19 a ser intensificada principalmente nessas próximas doze semanas entre os meses de maio e julho.
A intenção vem sendo apoiar o Sistema Único de Saúde (SESPA, SEMSAs, SESAI) com reforço de medicamentos e materiais de limpeza para hospitais, centros e postos de saúde. Equipamentos também serão repassados para os municípios do Baixo Amazonas, entre os quais aparelhos de suporte à respiração usados com sucesso em outras regiões ao reduzirem a necessidade de UTIs. A atenção aos profissionais da linha de frente é outra prioridade, com o fornecimento de máscaras cirúrgicas de pano e face shields.
“Precisamos evitar ao máximo a situação de colapso que temos visto em outros lugares. E ela começa também com a falta de materiais de proteção. Parece pouca coisa, mas sem simples máscaras cirúrgicas de pano, perdemos médicos e enfermeiros pra covid ou pra quarentena. Ai diminuem os cuidadores enquanto os casos explodem, tudo ao mesmo de tempo, sem equipamentos, leitos, UTIs suficientes para todos. É triste porque os casos se agravam e perdem-se vidas não só pelo vírus, mas por falta de atendimento efetivo e adequado.” – explicou o médico fundador do Saúde e Alegria, Eugênio Scannavino.
Quanto às medidas de suporte às comunidades, as ações têm como foco os povos tradicionais indígenas e extrativistas de localidades rurais dos municípios de Santarém, Belterra, Aveiro e Itaituba, com atenção às famílias das zonas de maior vulnerabilidade das bacias do Arapiuns, Maró e Tapajós, incluindo também as aldeias Munduruku.
Serão distribuídas cestas básicas e kits de proteção para estas comunidades de modo a reduzir a necessidade de deslocamento para cidade e riscos de novas contaminações. Uma ampla ação educativa de informação e prevenção já está no ar através das redes sociais e dos programas semanais da Rádio Mocoronga em parceria com a Rádio Rural AM de Santarém. O Saúde e Alegria apoiará também a SEMSA e a UFOPA nas operações de atendimento do Barco Hospital Abaré na região do Baixo Tapajós.
Toda a campanha de combate ao covid-19 apoiada pelo Projeto Saúde e Alegria vem sendo realizada com aplicação de recursos privados para que o poder público possa otimizar seu próprio orçamento para outras emergências, ressaltou o coordenador do Saúde e Alegria, Caetano Scannavino. “Com a paralisação das outras atividades, oficinas, seminários, temos renegociado com os apoiadores o remanejamento dos nossos recursos para reforçar as ações diretas de assistência e saúde. E ainda mobilizamos nossa rede de contatos com novos apoios para região, muitas doações também em materiais, o que é até melhor pois a logística para aquisições ficou bem mais complicada com a pandemia”.
Para Scannavino, o momento é de união entre diferentes esferas, instituições e sociedade em geral para combater a doença: “A gente vem somando esforços no suporte à Semsa, Sesai-DSEI Tapajós, Funai, Prefeituras e Governo do Estado (Sespa) com apoio de organizações comunitárias como o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, Clube de Mães de Alter do Chão, Conselho Comunitário de Alter do Chão, Associação Indígena Pariri do Povo Munduruku (Médio Tapajós), Conselho Indígena Tapajós Arapiuns – CIT. ONGs parceiras como Expedicionários da Saúde, Motirõ Saúde, Arapyau, Solidários da Saúde, Instituto Clima e Sociedade e Jequitibá. Empresas como a Natura, Droga Raia, L’Oréal, Takeda, Projeto Gama e Movimento Tapajós 3D. A hora pede união, seja quem é Flamengo ou Vasco, Boto Tucuxi ou Cor-de-Rosa, se votou nesse ou naquele candidato, se é empresário, de ONG, enfim, a gente tem que estar focado nessa cooperação pois estamos tratando de vidas humanas.”