Capacitação de Agentes Comunitários de Saúde fortalece cuidados na primeira infância em regiões ribeirinhas e indígenas

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Formação faz parte do Projeto ‘Criança com Saúde e Alegria’. Voltada aos profissionais de cinco comunidades da Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, debateu resultados preliminares da escuta promovida ao longo de 2022. Também foram entregues kits para acompanhamento do desenvolvimento de crianças da região

A atenção dada à fase dos primeiros seis anos de vida é responsável pelo desenvolvimento cognitivo, social e pela qualidade de vida do indivíduo na fase adulta. Pensando em promover a saúde da primeira infância nas comunidades da bacia do Rio Tapajós, diminuir doenças, favorecer o crescimento, estimular o aprendizado e o fortalecimento de vínculos familiares, o Projeto Saúde e Alegria tem buscado melhorar a capacidade institucional para ações em defesa da primeira infância.

Um levantamento feito pelo Projeto durante oficinas nas comunidades Carão, Solimões, Vista Alegre, Pedra Branca e Anumã, ouviu 69 pessoas, das quais: crianças e pré-adolescentes, familiares, profissionais da saúde primária, lideranças comunitárias e de aldeias, professores da educação infantil e dos primeiros anos do ensino fundamental, professores da língua nheengatu, educadoras alimentares e gestores escolares.

Foram realizadas quatro oficinas em cada viagem, utilizando o método de escuta ativa, visando a construção pelos próprios ribeirinhos sobre o cenário nestas localidades. Os resultados preliminares foram compartilhados e debatidos durante o ‘Seminário Primeira Infância na Amazônia’, que reuniu Agentes Comunitários de Saúde e Enfermeiros das cinco comunidades. “A primeira infância precisa ser falada nas comunidades e aldeias para que se desenvolva um trabalho de estímulo para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, motoras, sócio afetivas e linguagem. Essa oficina trouxe essa chuva de ideias, para que eles comecem a desenvolver trabalhos com as crianças na primeira infância”, explicou a consultora materna infantil, Rhamilly Amud.

Os ACS são responsáveis pela promoção e educação em saúde nas comunidades ribeirinhas. Através do apoio da Fundação Porticus, eles receberam kits para potencializar as intervenções, visitas e acolhimento das famílias. “Esse curso veio acrescentar os detalhes que vão facilitar, melhorar e qualificar nosso atendimento relacionado ao público alvo. A gente também ganhou kits com balança de precisão, otoscópio, termômetro e brinquedos que vão melhorar o nosso atendimento”, ressaltou o Enfermeiro de Surucuá, região do rio Tapajós, Luiz Pedroso.

Os kits para acompanhamento e desenvolvimento de crianças e cartilha sobre direitos do público de 0 a 6 anos, são fundamentais para garantir um atendimento adequado nessa fase, explica o médico fundador do PSA, Eugênio Scannavino: “A primeira infância é muito importante para todo o restante da vida adulta. O cuidado com aleitamento, carinho, não brigar, acolher, alimentação, vai facilitar, evitar ter doença e favorecer um crescimento com saúde e alegria. É muito importante que o ACS esteja orientado para atender às famílias. Tem que existir orientação familiar, como fazer a higiene. Esse trabalho de educação é muito importante”, defende.

O encontro realizado no período entre 05 a 07 de dezembro, oportunizou que os participantes debatessem sobre como os pais cuidam dos seus filhos, práticas de higiene, saúde, alimentação, serviços que são e não são realizados nas regiões e os motivos, mapeando as condições para a primeira infância nos territórios. “Capacitar os ACS que são os que estão lidando diretamente com as famílias. A gente espera que as contribuições dessa fase piloto possam orientar trabalhos futuros do PSA e outras estratégias de políticas públicas”, destacou o coordenador de Educação e Comunicação, Fábio Pena.

Após a conclusão do diagnóstico, campanhas de educação e prevenção serão ampliadas para trabalhar com o tema nas comunidades ribeirinhas, ressaltou a Assistente Social PSA, Ananda Pacheco. “O Projeto Crianças com Saúde e Alegria foi desenvolvido no decorrer do ano, desde abril quando foi feita a primeira oficina. Visitamos comunidades e aldeias para saber como elas enxergam a primeira infância”.

Segundo a Pedagoga do PSA Adma Guimarães, responsável pela sistematização das informações,  os desafios são grandes e é importante garantir estratégias para fortalecer o atendimento do público: “A gente pôde entender as potencialidades das crianças ribeirinhas, sua cultura e desafios de acesso, educação, assistência, saúde. Trabalhando nesses campos, a gente pode promover um desenvolvimento mais saudável, harmônico”.

Para o conselheiro das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Santarém, Edemilson Ciriaco, a questão é urgente. E a soma de esforços, fundamental para promover a assistência adequada: “Nós precisamos trabalhar para que as nossas crianças tenham uma vida melhor e o que nós vimos hoje aqui foi muito importante e estamos vendo como é necessário cuidarmos das nossas crianças. Lá os ACS conseguem ver as dificuldades, necessidades e problemas e só assim, vamos conseguir melhorar o nosso país”.

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