CineAlter 2024 é marcado por reconhecimento de mulheres ativistas na produção audiovisual e como ferramenta de luta da juventude do Tapajós

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Evento foi realizado em Alter do Chão, em Santarém, e debateu impactos e soluções para crise climática na Amazônia

O  Festival de Cinema Latino Americano de Alter do Chão (CineAlter) foi realizado entre 29 de agosto e 01 de setembro, na Vila de Alter do Chão. O projeto é uma iniciativa de fazedores de cultura da região do Tapajós,  liderado pelo Instituto Território das Artes (ITA) em parceria com diversas instituições e apoiadores, dentre eles, o Projeto Saúde e Alegria, que é um dos conselheiros.

“A gente sempre tá somando nesta iniciativa, porque a gente considera as experiências de audiovisual muito relevantes. Não apenas do ponto de vista de mostrar a realidade, a cultura, e a diversidade de nossos povos, mas também como uma oportunidade de economia criativa, e a geração de trabalho e renda pra muita gente que trabalha com o audiovisual” disse o Coordenador de Educação e Comunicação do Saúde e Alegria, Fabio Pena.

O evento promove muitas atividades ligadas as expressões da cultura da Amazônia por meio da exibição de filmes e curtas, e fomenta o conhecimento sobre produção,  economia e desenvolvimento regional através da produção audiovisual. Essa foi a quarta edição do evento, que também reconheceu talentos que colaboraram para o audiovisual como ferramenta de luta e resistência, este ano com homenagens especiais às mulheres. 

“Essa foi uma edição especial do CineAlter, que homenageou mulheres que contribuíram muito para o audiovisual e o cinema da região. Além de trazer a temática da representatividade da mulher no audiovisual e no ativismo climático “, pontuou o Presidente do ITA, Raphel Ribeiro.

PARTICIPAÇÃO DA JUVENTUDE 

Ao longo do CineAlter foram exibidas dez produções feitas com incentivo do Projeto Vozes do Tapajós Combatendo as Mudanças Climáticas (VAC Tapajós).  As obras audiovisuais são produzidas por jovens indígenas, quilombolas e extrativistas, e destacam os impactos da crise climática dentro dos territórios. As obras foram exibidas na Mostra “Cinema das Margens – Encontro de Coletivos de Audiovisual”, que também debateu sobre o papel do audiovisual para ampliar a luta pela floresta e proteção dos territórios. 

As produções foram feitas por jovens de 16 territórios, são eles: Alter do Chão, Santa Maria do Tapará, Aldeia Vista Alegre, São Pedro, Aldeia Camara, Aldeia, Takuara, Aldeia Santo Amaro, Aldeia Karidade, Vila Amazonas, São Geraldo, Aldeia Muratuba, Aldeia Sawre Aboy, Aldeia Suruaca, Atodi, Laranjal e Murui. 

Jovens da Aldeias Camara exibiram a produção “A luta do Baixo Tapajós na maior mobilização indígena do Brasil” que destacou a reivindicação por direitos junto ao poder público, em Brasília. O curta exibiu as demandas dos Povos Indígenas e as dificuldades enfrentadas, principalmente na luta contra o Marco Temporal.

“O audiovisual é uma ferramenta muito importante para que a gente possa colocar nossas narrativas para as pessoas que não enxergam a realidade da Amazônia, e o que a gente enfrenta. Ele se torna uma ferramenta indispensável, que podemos denunciar, reivindicar, e também para evidenciar nossa realidade “, ressaltou o jovem cineasta, Yan Sousa.

O debate também conta com a participação de organizações e coletivos jovens audiovisuais, como: SAPOPEMA, Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA), Coletivo de juventude do território PAE Lago Grande Guardiões do Bem Viver, Conselho Indígena Tupinambá do Baixo Tapajós, Amazônia (CITUPI), Coletivo do Médio Tapajós Munduruku, Coletivo Jovem Tapajônico, e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (STTR), que trouxe uma produção que destacou os impactos das mudanças climáticas como ameaça ao modo de vida  rural. 

“Diante da realidade da região trouxemos uma narrativa sobre as dificuldades encontradas por cada agricultor, cada ribeirinho, que fazem parte do STTR. O que evidenciamos foi tudo aquilo que o trabalhador e agricultor está sofrendo na comunidade. O audiovisual contribui muito, por ser a melhor forma de chamar atenção, mostrando essa realidade da situação de quem está lá, sofrendo todas as consequências da crise climática” enfatizou o Produtor Rural e cineasta, Francinaldo Nascimento Miranda. 

 

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